Manaus, 18 de maio de 2024
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Saúde & Beleza

Anticorpos monoclonais são importantes aliados no combate ao câncer

Médica Gilmara Resende, oncologista clínica, explica que essas proteínas também servem para transportar substâncias derivadas da quimioterapia

Anticorpos monoclonais são importantes aliados no combate ao câncer

Foto: Divulgação

MANAUS, AM – Conhecidos por imitar o sistema imunológico do corpo humano, os anticorpos monoclonais são considerados uma importante arma contra o câncer na atualidade. A oncologista clínica Gilmara Resende, explica que eles são proteínas produzidas para atuar na defesa do organismo e, na oncologia, também servem para transportar substâncias derivadas da quimioterapia, diretamente para as células cancerígenas.

A convite da Liga Amazonense Contra o Câncer (Lacc), a médica falou sobre o assunto e destacou quando esse tipo de droga pode ser aplicada.

Médica das redes pública e privada, Resende destaca que os anticorpos monoclonais não são indicados para tratar todos os tipos de câncer. “Infelizmente, eles não são aplicados em todos os tipos de tumores malignos. Há indicação para alguns tipos de tumores específicos, como os de mama com alteração genética denominada HER-2 (amplificado), melanoma de pele, tumores de reto/cólon sem mutações selvagens de KRAS/NRAS, alguns cânceres de pulmão, rins, entre outros”, destacou.

A alteração HER-2 é descrita como uma proteína localizada na parte externa das células mamárias, que promove o seu crescimento desordenado. Já a KRAS e a NRAS são mutações de gene da mesma família, com sensibilidade mais específica aos anticorpos monoclonais. Segundo a oncologista clínica, nesses casos, os anticorpos agem como uma ponte ao alvo molecular que causa o câncer. 

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“É como se estivessem acoplando uma peça em outra com encaixes perfeitos, impedindo a proliferação das células tumorais ou ativando o sistema imune, aumentando a potência dos quimioterápicos. Assim, o crescimento do tumor é estagnado. Na maioria dos casos, ele continua ali, mas para de crescer e fica impedido de se espalhar”, exemplificou. Além disso, esses medicamentos apresentam menos efeitos colaterais, comodidade posológica e são considerados terapia dirigida a um alvo biológico/molecular com melhor eficácia.

São drogas que podem ser usadas por longos períodos, dependendo do quadro clínico de cada paciente. “Há casos de pacientes com doença em estágio inicial ou em fase intermediária, que podem utilizar por tempo indeterminado. Já outros, que têm doença avançada, acabam tendo uma sobrevida aumentada com a utilização dos anticorpos monoclonais”, explicou Gilmara Rezende.

No caso do SUS (Sistema Único de Saúde), o grande impasse tem sido o valor investido na aquisição desses medicamentos, uma vez que são considerados de alto custo, já que demandaram longos períodos de pesquisa e desenvolvimento com técnicas de engenharia genética, além de serem produzidos no exterior. São milhões aplicados todos os anos, tanto pela FCecon, quanto pelo Ministério da Saúde, para garantir tratamento com doença localizada e também metastática (doença disseminada para outros órgãos).

No Amazonas, destaca a médica, esse tipo de tratamento é utilizado desde 2005. Na FCecon, o primeiro anticorpo monoclonal adquirido foi o Trastuzumabe (Herceptin), aplicado em pacientes com câncer de mama. Hoje, outros anticorpos foram incorporados aos protocolos médicos da unidade de saúde, podendo ser utilizados em monoterapia ou em combinação com drogas de classes diferentes. Outra opção é a combinação com quimioterapia citotóxica (drogas que tem por função a destruição das células através do bloqueio da divisão celular).

(*) Com informações da assessoria