Manaus (AM) – Dos oito deputados federais eleitos pelo Amazonas em 2022, apenas um assinou o pedido de impeachment do presidente Lula (PT), protocolado na Câmara dos Deputados após as falas do chefe do Executivo comparando o Holocausto com a guerra em Gaza.
O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) foi o único da bancada amazonense a assinar o pedido. Na Câmara, Neto é um dos vice-líderes do seu partido, e está ao lado de Bolsonaro desde as eleições de 2018, quando venceu a eleição para presidente.
Além do capitão, três declararam apoio ao ex-presidente nas eleições de 2022: Fausto Júnior (UB); Silas Câmara (Republicanos) e Átila Lins (PSD), porém, o cenário atual sofreu algumas mudanças, Fausto Júnior se licenciou da Câmara e Pauderney Avelino (UB) assumiu em seu lugar.
Silas Câmara, líder da bancada evangélica, vem sendo criticado pelos eleitores sobre a sua postura em relação ao pedido de impeachment contra Lula. Vale lembrar que o deputado está em luta pelo seu mandato, após o Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) cassar o seu mandato, o pastor evangélico está recorrendo à cassação na Justiça.
Um internauta disse em uma postagem no Instagram que estava surpreso com o fato de Silas Câmara, como evangélico, não ter assinado o pedido e que a postura do parlamentar serve de alerta aos fiéis.
Mudança no jogo
Em 2018, Pauderney trabalhou no governo de transição de Jair Bolsonaro (PL), em 2022 não foi eleito e, desde então, fez algumas críticas a Bolsonaro e sua gestão. Como, por exemplo, um vídeo no qual disse que o ex-ministro da economia Paulo Guedes e Bolsonaro estariam decretando o fim da Zona Franca de Manaus (ZFM).
Quando retornou à Câmara, Pauderney aderiu a uma postura mais paz e amor e disse que o que estava valendo em 2017, 2018 e 2019 (se referindo ao período de pré-campanha, campanha, transição e início da gestão de Bolsonaro) não valem mais atualmente.
“Os tempos mudaram e o que estava valendo nos anos de 2017, 2018 e 2019, não serve mais nos dias atuais. […] devemos trabalhar para pacificar o país, as famílias em torno de políticas públicas para atender as necessidades da nossa população, disse Avelino.
Pauderney também enalteceu os trabalhos dos senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD) sobre os trabalhos referentes à ZFM, o que mostra uma aproximação com a base aliada ao presidente Lula (PT).
O decano Átila Lins (PSD), que apoiou Bolsonaro em 2022, emplacou o seu irmão, Belarmino Lins, como superintendente adjunto de operações da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no governo Lula, o que mostra uma aproximação com o atual governo petista.
Em cima do muro
Já Amom Mandel (Cidadania) e Saullo Viana (UB) preferem assumir a postura de independência. Amom, o deputado federal mais votado do Amazonas, criticou os dois candidatos que foram ao segundo turno em 2022, dando entrevista e dizendo que “as duas opções são péssimas”.
Saullo, por sua vez, é do União Brasil, partido do governador Wilson Lima, que apoiou Bolsonaro no segundo turno de 2022, já se envolveu em embates contra bolsonaristas, a exemplo do confronto contra Flávio Bolsonaro (PL) na Câmara, quando o filho 02 do ex-presidente criticou a manutenção das vantagens fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM), Viana classificou a fala do parlamentar como “lamentável” em seu perfil no X.
O deputado federal também criticou o governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema, e disse que “Ele (Zema) quer se colocar como herdeiro do Bolsonaro e do bolsonarismo para se viabilizar politicamente para 2026”, afirmou Saullo após polêmica envolvendo o chefe do Executivo de Minas. Além de ter apoiado o Senador Omar Azis (PSD) como líder da bancada no Amazonas no Senado Federal.
Átila Lins (PSD) também apoiou o senador Omar como líder da bancada amazonense, pois o senador é seu colega de partido.
Adail Filho (Republicanos), mesmo em um partido de ideologias próximas à direita bolsonarista, o ex-prefeito de Coari não se preocupou durante 2022 em expor seu lado ideológico, afirmando que “a polarização em torno da disputa pela presidência também é prejudicial” e preferiu ficar ‘neutro’.
Porém, mesmo sem referencial para presidente, no segundo turno estadual, ‘Adailzinho’, como é conhecido, ficou ao lado de Wilson Lima (UB), que apoiou o presidente Bolsonaro.
Posicionamento
Do mesmo partido de Átila e Omar, Sidney Leite (PSD) começou a legislatura com críticas amenas ao governo Bolsonaro, mas finalizou o primeiro mandato com críticas à essa gestão, caminhando ao lado da oposição. Leite fez parte do governo de transição de Lula e, na Câmara, está na base governista.
Com isso, Sidney Leite, Alberto Neto e Silas (que não assinou o pedido de impeachment) são os únicos parlamentares que mantêm o seu posicionamento ideológico original na Câmara federal atualmente. Átila e Pauderney estão, supostamente, mais próximos do governo Lula. Saullo, Amom e Adail, permanecem na postura de isenção.
Pedido de impeachment
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) protocolou um pedido de impeachment contra o presidente Lula (PT), que até esta sexta-feira (23), conta com mais de 140 assinaturas, conforme a deputada postou em seu perfil no X (antigo Twitter).
A LISTA SÓ CRESCE, BRASIL! 🇧🇷
Na noite de ontem, 22/02, protocolamos o pedido de impeachment contra lula e de ontem para hoje, mais quatro deputados pediram para assinar e terão seus nomes incluídos no pedido na segunda-feira, data marcada para o aditamento.
ENTÃO 👉🏼 AINDA DÁ… pic.twitter.com/a7wmqt9qP5
— Carla Zambelli (@Zambelli2210) February 23, 2024
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