Manaus, 3 de maio de 2024
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Cenário

Após Lula dizer que tem medo de ser morto por bolsonaristas, direita e esquerda do AM reagem

Nessa semana, pré-candidato Lula disse estar com medo de ser assassinado por apoiadores de Bolsonaro na campanha eleitoral

Após Lula dizer que tem medo de ser morto por bolsonaristas, direita e esquerda do AM reagem

Foto: reprodução

Manaus/AM – Nessa semana, o pré-candidato à presidência, Lula (PT), afirmou que teme ser assassinado por apoiadores de Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano. A fala mexeu com a direita e a esquerda do Amazonas, que divergem sobre o assunto.

Para o deputado federal Zé Ricardo (PT) essa é uma preocupação comum e constante nos partidos políticos durante as campanhas. Porém, ele acredita que esta não é prática comum no Brasil, mas mesmo assim, o risco existe.

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Deputado Zé Ricardo se reúne com ex-presidente Lula nesta segunda
Foto: Reprodução

“Todo mundo tem preocupações de que aconteça algo mais extremo né. Eu imagino que todos os pré-candidatos a presidente tenham a mesma preocupação, por questão de segurança. Por isso que geralmente quando se organiza atividades públicas, todo mundo se preocupa com segurança, uma agressão. Não é uma coisa comum no Brasil, aconteceu com o Bolsonaro, mas não é uma prática normal no nosso país. Eu sei que a assessoria do Lula há muito tempo fala que tem que cuidar da segurança nas atividades que ele participa. Ele como presidente sempre foi muito próximo do povo, e ele vai continuar fazendo, não vai mudar. Mas que tem que olhar a segurança, claro que tem que olhar. Imagino que todos os outros pré-candidatos, da mesma forma”, disse o parlamentar.

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Diferente de Zé Ricardo que afirmou que o Brasil não possui práticas violentas, a ex-candidata a vereadora e ativista feminista Michelle Andrews alegou que o Brasil é o país que mais mata políticos e citou como exemplo a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, assassinada há 4 anos.  

Michelle Andrews | Campanha de Mulher

“Eu entendo que fazer política no Brasil é perigoso, não é um campo favorável, historicamente. A gente é o país que mais mata políticos, a exemplo de Marielle (Franco) […] A política é violenta e ela tem que ter uma outra cultura de leveza, de debate, de democracia. A gente tem que eliminar esses índices de violência para quem é político, tanto para quem é da esquerda da extrema direita, enfim. Na ótica de uma mulher negra, de esquerda, a gente está estudando, fazendo campanha de combate à violência política, principalmente a de gênero, todos os campos. É um país extremamente violento, que acredita muito em fake news.

Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio

LULA É CRITICADO

Políticos de direita, por outro lado, criticaram o posicionamento do ex-presidente Lula. Romero Reis, ex-candidato à Prefeitura de Manaus em 2020, por exemplo, fez criticas a esquerda e disse que um ato de violência pode acontecer com qualquer um, citando casos que ocorreu nos Estados Unidos.

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“O ambiente eleitoral brasileiro está conturbado há muitos anos. O Brasil sempre teve uma tradição de direita, tradição de família, de vencer na vida trabalhando. E nos últimos anos o Brasil flertou e casou com o socialismo disfarçado, porque na verdade são comunistas e, como diz Margareth Thatcher, o comunismo é bom até que o dinheiro dos outros acabe. Então, essa linha ideológica de esquerda é tudo que o Brasil não precisa”, disse Romero Reis.  

“Com relação a declaração de Lula, se ele disse isso, tem um ditado popular que diz que a boca fala o que o coração sente. Olha o que aconteceu na eleição de 2018: Bolsonaro era um desconhecido, cresceu absurdamente ao longo do período eleitoral e por alguma razão teve um atentado contra a vida dele, correu sério perigo. Isso aconteceu com ele, aconteceu com vários presidentes americanos. Pode acontecer com qualquer um, nós não desejamos isso, esperamos que as urnas reflitam a vontade do povo, por isso que sempre defendemos o voto auditável”, concluiu.

bolsonaro saúde
(Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo)

Já o ex-vereador Chico Preto (Avante) afirmou que não compactua com nenhum tipo de violência e atribuiu a fala de Lula a uma estratégia de marketing, descartando um perigo real de que ele venha a ser assassinado.  

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Foto: Reprodução

“A política é para pessoas que têm argumento. Agora o Lula falar isso, acho que está mais para uma abordagem de marketing do que propriamente um perigo real. Órgãos públicos, agentes públicos precisam estar protegendo a população né. Então, se o comitê de campanha contrata segurança para proteger quem se sente ameaçado, o reparo que eu faço é esse, a segurança pública deve focar na segurança dos cidadãos. E durante a campanha, os partidos e as coligações, com os recursos próprios do fundo, das contribuições, contrata a segurança do político, se ele achar que precisa”, disse.

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Na mesma esteira, o deputado estadual Delegado Péricles (PSL) disse que o ex-presidente Lula ‘quer palco’. Segundo ele, o político acredita que Lula quer ‘destruir’ a reputação de Bolsonaro.

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“Lula quer palco. Quer criar cenário de que é odiado pelos eleitores do presidente Bolsonaro simplesmente porque se diz amado por uma maioria – que ninguém vê. Quer que acreditem que os eleitores de Bolsonaro são capazes de fazer o que a esquerda já fez contra o nosso presidente – que escapou e está vivo por um milagre. Enquanto ele tenta se sustentar em cenários e viver unicamente de tentativas de destruir a reputação de Bolsonaro, o presidente trabalha pra consertar o estrago que ele e sua trupe deixou no Brasil”, disse Péricles ao AM1.

Especialista alerta

Para o sociólogo Luiz Antônio Nascimento, é possível sim que casos de violência aconteçam no Brasil, visto que a política brasileira, segundo ele, tem um histórico violento.

“A história política brasileira é uma história de violência, em especial e sobretudo, uma história de violência contra as candidaturas e forças políticas populares, do campo de esquerda. Aí você tem duas formas de violência, uma forma institucionalizada, estatal”, disse.

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De acordo com Nascimento, as violências políticas, de fato, tendem a acontecer mais para o campo da esquerda, contra líderes e políticos da ideologia.

“E isso não é isolado, você tem uma centena de casos de assassinatos, de tentativa de assassinatos, espancamento, sequestro de lideranças sociais e populares. O Chico Mendes foi candidato no Acre e foi vítima disso. As candidaturas de mulheres e a quantidade mulheres negras e LGBT eleitas vereadoras, parlamentares pelo campo de esquerda têm sido vítimas de violência cotidianamente; Jean Willys se afastou, não disputou a reeleição porque estava sendo ameaçado de morte; Marielle Franco foi assassinada”, disse o especialista.