Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cidades

Aterro em Iranduba vai destruir 74 nascentes de rios, diz topógrafo

O levantamento feito pelo topógrafo mostra que a quantidade de lixo despejada no local vai poluir as 74 nascentes e prejudicar 42 comunidades

Aterro em Iranduba vai destruir 74 nascentes de rios, diz topógrafo

Levantamento mostra locais das nascentes de rios próximo ao local do aterro (Foto: Arquivo Pessoal-Eduardo Izel)

Os moradores do município de Iranduba, a 27 quilômetros de Manaus, são contra a instalação de um aterro sanitário na região, cercada por nascentes de rios. Neste domingo (22), os moradores participam da audiência pública organizada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

De autoria do Ipaam, o projeto para construção do aterro sanitário foi explicado para representantes de órgãos públicos e moradores do município. O Instituto também apresentou o relatório de impactos ambientais da estrutura. O Ipaam e a empresa Norte Ambiental, dizem que o projeto atenderá todas as normas e regulamentos determinados pela legislação para o descarte e destinação correta de resíduos.

Porém, os moradores dizem que o empreendimento vai destruir as nascentes dos rios. “O aterro é um descaso. “A instalação vai comprometer 64 nascentes conhecidas e 13,8 mil quilômetros de igarapés com deságue no Rio Negro. Outros 16.6 mil quilômetros de Igarapés com deságue ao Rio Amazonas também serão destruídos”, disse o topógrafo Eduardo Izel.

Para Eduardo, se fossem seguidos os ritos para a instalação do aterro, a comunidade aceitaria. “Da forma como eles querem fazer, não dá. Querem pega todo o lixo da Região Metropolitana e colocar no aterro”, disse.

O levantamento feito pelo topógrafo mostra que a quantidade de lixo despejada no local vai poluir as 74 nascentes e prejudicar 42 comunidades, que vivem da agricultura e turismo.

“Não é viável instalar neste local porque fica no entorno produtores, agricultores, setor de hotelaria, balneários, restaurantes serão prejudicados pela contaminação das águas”, disse Eduardo.

O topógrafo explicou que a área fica sobre a bacia hídrica, que abastece com água as comunidades e a cadeia produtiva.

Alternativa sugerida pelos moradores

O professor Barroso Neto afirma que o motivo da instalação do aterro é apenas financeiro e vai beneficiar apenas a empresa privada. Segundo Neto, se fosse para beneficiar os moradores, o ideal seria criar um projeto de coleta seletiva de lixo a começar pela educação nas escolas.

“Compreendemos que a instalação do aterro é um concentrador de renda. Toda renda do estado e do município irão para a empresa privada. Não vamos aceitar o aterro sanitário privado”, afirmou o professor.

Barroso defende a construção de um aterro sanitário em parceria com as organizações sociais, catadores e escolas. “Queremos incluir uma disciplina de educação ambiental do município para a gente poder trabalhar com os nossos alunos dentro dessa mentalidade que o lixo tem que ser usado para melhorar a renda”, disse.

O professor disse que acredita que a comunidade vai ser atendida e que o aterro privado não será instalado. “Vai encerar a primeira etapa de ouvir a população, e se achamos que não seremos ouvidos, a gente vai entrar na Justiça para serem realizadas mais audiências púbicas”, disse Barros ao acrescentar que a necessidade de atenção especial para o aterro de Jauari, “para estancar imediatamente o despejo de chorume no solo.”

O chourume é o resultado da decomposição e putrefação de matéria orgânica.

Na quarta-feira (18), um grupo de moradores contrários à construção do aterro fizeram uma manifestação na Praça do Congresso, no Centro da capital amazonense. Os manifestantes percorram a Av. Eduardo Ribeiro até a Catedral Metropolitana de Manaus.

Procurado, o Ipaam respondeu aos questionamentos da reportagem até a publicação da matéria.

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