Parlamentares do PSDB na Câmara dos Deputados pressionam a cúpula da legenda para decidir na terça-feira, 6, primeiro dia do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a saída do partido da base aliada. A proposta vem dos “cabeças pretas”, ala mais jovem da bancada, mas também tem o apoio de deputados mais experientes, que avaliam não haver mais condição de a legenda continuar apoiando o governo, independentemente do resultado final do julgamento do TSE. A ideia é que o PSDB não espere a decisão da Corte para se posicionar.
De acordo com cálculos de tucanos, dos 46 deputados do partido, 27 são a favor de a legenda abandonar a base aliada de Temer e 12 estariam indecisos. Outros sete são contrários.
Os deputados que rejeitam a permanência no governo articulam uma votação na bancada para tratar do tema logo após a leitura do parecer do ministro Herman Benjamin, relator da ação na corte eleitoral. O grupo quer também buscar o apoio de senadores – cinco dos 11 teriam sinalizado ser a favor da saída. Além da votação, eles pressionam para que os ministros tucanos entreguem seus cargos.
Voto
A avaliação nessa ala é de que Temer está em uma situação de “equilíbrio instável” e que o voto do relator seria suficiente para deixar a base, em uma tentativa de evitar mais desgaste nas eleições de 2018.
“No momento em que o partido decidir deliberar, sou a favor de entregar os cargos, mas manter a agenda de reformas”, defendeu o deputado Daniel Coelho (PSDB-PE), um dos “cabeças pretas” que apoiam a deliberação na terça-feira. “Não podemos estar junto de um grupo que não busca o esclarecimentos dos fatos”, disse ele.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), evitou falar em números, mas confirmou que a bancada tucana está dividida em três grupos.
O primeiro é formado por aqueles que defendem desembarque imediato do governo Temer. O segundo quer que os quatro ministros do PSDB entreguem os cargos e que a legenda continue apoiando as principais medidas econômicas propostas pelo governo. O terceiro é composto por tucanos que desejam ficar no governo.
Tripoli afirmou que a bancada vai “monitorar” o cenário político. “Vamos fazer reuniões de bancadas nestes dias. Se vamos tomar alguma decisão pelo desembarque, não posso dizer agora. Mas não faremos nada sem informar antes o presidente Tasso Jereissati, que tem sido muito correto conosco”, afirmou o líder do PSDB.
São Paulo
Área de influência do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o diretório estadual do PSDB paulista também discute o desembarque do governo Temer. O órgão marcou para a próxima segunda-feira, véspera do início do julgamento sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, uma reunião ampliada que deve terminar com um pedido para que o partido deixe cargos e entregue ministérios.
Essa pelo menos é a expectativa do deputado estadual Pedro Tobias, presidente da legenda. “Não podemos empurrar essa situação indefinidamente. O baixo clero precisa ser consultado”, disse ele à reportagem.
O encontro começou a ser articulado após os caciques do PSDB nacional sinalizarem que podem procrastinar uma decisão sobre a permanência no governo federal ou mesmo permanecer ao lado de Temer até que ele esgote as possibilidades de recursos no TSE e também no Supremo Tribunal Federal.
Além da Executiva do partido em São Paulo, Tobias também convocou todos os deputados federais, estaduais, senadores e prefeitos do PSDB do Estado para debater a situação do governo Temer. A ideia é criar uma “panela de pressão”.
Na semana passada, os tucanos paulistas se reuniram no diretório e a tendência era pedir a renúncia de Temer, mas Alckmin, em sintonia com a cúpula tucana, barrou a iniciativa. Outro ponto da pauta será a situação do senador afastado Aécio Neves (MG) no partido.
A reportagem apurou que Tobias e outros dirigentes defendem a expulsão dele do PSDB. Hoje, Aécio é presidente licenciado do partido, comandado por Tasso Jereissati. O senador afastado nega que tenha cometido crimes. (Colaborou Igor Gadelha)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Estadão
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