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Manaus, 19 de maio de 2024

Cidades

Bebê que nasceu com menos de 500g em Manaus, recebe alta nesta segunda-feira

Bebê que nasceu com menos de 500g em Manaus, recebe alta nesta segunda-feira

Valentina Martins Trindade nasceu com 29 centímetros e pesando apenas 445 gramas. (Foto: Divulgação)

A menor criança prematura a nascer e receber alta no Amazonas vai deixar a Maternidade Municipal Moura Tapajóz, na Zona Oeste de Manaus na segunda-feira (26). Ieda Valentina Martins Trindade nasceu com 29 centímetros e pesando apenas 445 gramas, em 29 de dezembro do ano passado.

Bebê nasce com menos de 500g em Manaus

Valentina nasceu com menos de 500g na Maternidade Moura Tapajóz. (Foto: Divulgação)

Prestes a completar 3 meses de vida, a pequena Ieda pesa 1.750 kg e não possui impedimentos físicos ou neurológicos que justifiquem a permanência dela na unidade hospitalar. A bebê é filha da copeira Ide Lima Martins, 42, que teve complicações durante a gravidez.

Ieda nasceu três meses antes da data prevista para seu nascimento, conforme a primeira ultrassonografia realizada pela mãe. Com um quadro de Doença Hipertensiva Específica da Gravidez, Ide, a mãe de Valentina, foi internada na Maternidade Moura Tapajóz dez dias antes do nascimento da filha.

A história de luta e superação da bebê chama atenção pelo ineditismo e comoveu a todos, porque 80% das crianças que nascem com menos de 500 gramas vão a óbito.

Conforme a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neo Natal da Moura Tapajóz, a médica neonatologista Paula Célia Dias Menezes, a partir da alta hospitalar, Valentina passa a ser acompanhada pela equipe multiprofissional da maternidade municipal até completar dois anos de vida.

Segundo a médica, mesmo com a prematuridade e o baixo peso extremos, considerando os parâmetros médicos estabelecidos, o quadro de saúde de Valentina evolui muito bem.

“Já registramos aqui na maternidade Moura Tapajóz bebês prematuros que nasceram com 550 ou 600 gramas e que conseguiram sobreviver, mas nunca abaixo desse peso. Sempre temos uma preocupação extra com os bebês prematuros, mas a evolução positiva da Valentina surpreendeu e acrescentou uma responsabilidade extra para toda a equipe”, ressaltou a médica.

O caso

Valentina Martins Trindade nasceu com 29 centímetros e pesando apenas 445 gramas. (Foto: Divulgação)

O parto de Ieda ocorreu em cesariana. “A mãe precisou ficar internada por causa da hipertensão arterial. Depois de avaliação médica, houve a recomendação por uma cesárea, considerando os riscos para a mãe e para o feto”, explicou a médica Paula Célia.

De acordo com a médica, após o nascimento, a bebê apresentou hemorragia intracraniana em grau 1, que é considerado baixo e, geralmente, não traz sequelas. “Também não registramos problemas de coração e por tudo isso, consideramos que ela tem um bom prognóstico de desenvolvimento e crescimento”, afirmou a médica.

Conforme a mãe de Valentina, a alta da filha representa uma grande vitória depois de tantos problemas enfrentados por ambas. Ide só pode ver a filha três dias após o nascimento.

“Quando vi a nenê chorei muito e lembro que falei com a minha irmã de que não tinha esperanças, que somente Deus poderia ajudar e Ele mostrou que realmente existe, ajudando a Valentina. Tive uma gravidez complicada desde o início, sabia que iria batizar a minha filha como Valentina, de valente, ainda durante a gestação e aí está a prova de que ela realmente é valente. Só tenho a agradecer a Deus e a equipe médica por tudo o que fizeram por nós”, disse.

Acompanhamento

Todos os bebês prematuros que nascem na Maternidade Moura Tapajóz, administrada pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), recebem acompanhamento após alta na própria maternidade. No caso de Valentina, o acompanhamento na maternidade após alta hospitalar será feito a cada 48 horas, principalmente para verificação da amamentação e do ganho de peso, até que ela atinja 2,5kg.

“O extremo baixo peso de Valentina, que deveria ter nascido dia 29 de março de acordo com a primeira ultrassonografia realizada, exige um acompanhamento mais prolongado, devendo seguir por dois anos ou mais. É uma medida necessária para garantir que ela terá um acompanhamento adequado do crescimento e desenvolvimento como um todo”, finalizou a neonatologista, Paula Célia.