Imagens do circuito interno de TV mostram Plenário do Senado ocupado por invasores. (Foto: TV Senado)
Brasília (DF) – Parlamentares de oposição ao Governo Lula estão pressionando o Congresso Nacional para que o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro seja lido na primeira sessão conjunta, marcada para as 12h, da próxima quarta-feira (26).
A criação do colegiado, que enfrentou resistência entre membros do governo Lula, já conta com o apoio de quase 300 parlamentares – da Câmara e do Senado, incluindo líderes do governo Lula – e deve finalmente sair do papel.
Inicialmente, parlamentares bolsonaristas estavam pressionando o Legislativo para que uma sessão do Congresso fosse realizada na última terça-feira (18). Entretanto, por causa da ação de parlamentares governistas que defenderam o adiamento da sessão para esta semana, o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), optou por reagendar a sessão – motivo de revolta para membros da oposição.
O motivo usado pelos parlamentares da base governista foi que a CPMI iria interferir em assuntos importantes para a sociedade brasileira, a exemplo da discussão sobre o piso salarial da enfermagem. Os mesmos parlamentares, todavia, mudaram o discurso após o vazamento das gravações do interior do Palácio do Planalto em 8 de janeiro, que mostram a presença do agora ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Gonçalves Dias, e indicam a possível omissão, conivência e o incentivo de autoridades ao episódio de vandalismo.
‘Obstruir as reuniões’
Diante deste e de outros episódios que estão sendo divulgados pelo circuito interno do Congresso Nacional, a oposição promete “obstruir totalmente” as reuniões de comissões no Legislativo até que a leitura seja feita – ação defendida pelo deputado federal André Fernandes (PL-CE), o qual afirma que não existe outra saída além da obstrução.
“Mandado de segurança e obstrução total. Infelizmente. Vai ser ruim? Projetos travados? Vai ser triste, mas não tem como a gente continuar seguindo a vida enquanto tem inocente preso e culpado solto”, disse o deputado de oposição.
Nas redes sociais, o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL-AM) afirma que a população quer a individualização da pena; doa em quem doer.
“Queremos a CPMI de 8 de janeiro. Não queremos passar pano na cabeça de ninguém. Não vamos desistir. Cada vez que persistimos, estamos mais perto da verdade!”, destacou o parlamentar.
Lula em Portugal
A tensão, em Brasília, ocorre longe dos olhos do presidente Lula – que está em Portugal desde a última sexta-feira (21) e de lá irá para a Espanha, de onde voltará para o Brasil na quarta-feira (26).
Mesmo no continente europeu, o petista vem sendo questionado sobre a situação política no Brasil e afirma que não tentará interferir na criação de uma CPMI. “Eu não decido. CPI é coisa do Congresso Nacional, ele decide a hora que quiser. Que faça a hora que quiser fazer. O presidente da República não vota no Congresso Nacional. Eu não voto no Senado, não voto na Câmara”, disse Lula.
Lula tem conversado com aliados, porque sabe que, no dia em que desembarcar na capital federal, encontrará um país mais agitado do que quando saiu, principalmente após ter dado depoimentos em âmbito internacional que colocou o Brasil em maus lençóis.
Durante a viagem internacional, Lula chegou a ser questionado por uma repórter portuguesa sobre a declaração dada por ele de que os países da União Europeia, que inclui Portugal, contribuem para a continuidade da guerra na Ucrânia. Mas ao invés de responder, o petista fingiu não ter entendido a pergunta e a ignorou.
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