Em meio a crises envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ex-secretário nacional da Cultura Roberto Alvim e a demissão de um auxiliar por uso de um jato da Força Aérea Brasileira (FAB), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) viu o desempenho nas redes sociais piorar em janeiro.
Monitoramento da imagem do presidente realizado pela empresa AP Exata, ao qual o Estado teve acesso, aponta tendência de queda na popularidade de Bolsonaro no mundo virtual nos primeiros dias do ano.
No mês passado, os comentários negativos sobre o governo se aproximaram dos favoráveis no Twitter. Foram 14 dias de menções majoritariamente críticas ante 16 dias em que os apoios dominaram as redes. Em um dia, as publicações favoráveis e contrárias ficaram no mesmo nível.
No início deste mês, o monitoramento indica que o mau humor em relação ao governo deve seguir avançando nas redes sociais. Até domingo, foram seis dias negativos, dois neutros e um positivo.
Na avaliação dos analistas da empresa, esses números apontam uma propensão a uma mudança de comportamento na internet em relação a 2019.
“Bolsonaro está perdendo o controle narrativo nas redes. Em janeiro de 2019, ele não tinha esse domínio por causa da polarização eleitoral e da revelação do caso [Fabrício] Queiroz [ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro suspeito de prática de rachadinha]. Depois, ele conseguiu impor suas narrativas e estabilizou, mas agora começa a perder essa capacidade novamente”, afirmou o diretor da AP Exata, Sergio Denicoli.
Para Denicoli, o eleitorado de Bolsonaro não demonstra neste ano a mesma disposição para fazer a defesa do presidente. “O silêncio prejudica Bolsonaro. Para ele, é importante que as pessoas se manifestem a favor dele, mas são posicionamentos tão fortes [feitos pelo presidente] que as pessoas começam a ficar mais receosas. É difícil manter este grau de militância durante quatro anos.”
Trump
Segundo da AP Exata, 3 de janeiro deste ano foi o dia que mais rendeu comentários negativos contra Bolsonaro desde a posse. Um dia após o ataque dos EUA no Iraque que matou o general iraniano Qassim Suleimani, internautas que temiam o alinhamento do Brasil com os americanos criaram a hashtag #BolsonaroFicaCalado.
Nos dias seguintes, a crise seguiu aumentando o mau humor da internet com Bolsonaro. Outro pico de críticas se deu no dia 8 de janeiro, quando o presidente fez uma transmissão ao vivo para acompanhar a fala do presidente americano Donald Trump.
A demissão do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim, após vídeo com referência ao nazismo, em 17 de janeiro, também fez subir as menções negativas. No dia seguinte, os comentários críticos seguiram quando o Ministério da Educação admitiu erro na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Bolsonaro só conseguiu reverter a queda na segunda-feira seguinte, 20, quando se encontrou com a atriz Regina Duarte e formalizou o convite para ela assumir a Cultura.
Mas depois enfrentou nova crise ao entrar em choque com Sergio Moro. Segundo a AP Exata, nessa situação, a maioria dos apoiadores adotou o silêncio, deixando o presidente apanhar sozinho dos críticos por ameaça de retirar de Moro a gestão da segurança pública.
Procurado, o Palácio do Planalto informou que não vai comentar.
(*) Com informações do Metrópoles
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