Manaus, 5 de maio de 2024
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Cenário

Cargo vitalício de conselheiro do TCE para Josué Neto é ‘dívida paga’ de Roberto Cidade

Manobra permitirá a Josué Neto assumir vaga que será deixada justamente por seu pai, o conselheiro Josué Filho, que vai se aposentar em abril de 2021

Cargo vitalício de conselheiro do TCE para Josué Neto é ‘dívida paga’ de Roberto Cidade

Foto: Divulgação / Aleam

A manobra que permitiu a eleição antecipada do deputado Roberto Cidade (PV) a presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) tinha uma condição por parte do atual presidente o deputado Josué Neto (Patriota): sua indicação e aprovação para ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM).

Na quarta-feira (16), essa dívida foi paga com os deputados aprovando, por unanimidade, a escolha de Josué para a vaga que será deixada justamente por seu pai, o conselheiro Josué Filho. O Josué, o pai, vai se aposentar em abril de 2021.

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‘Grande acordo’

Esse grande acordo foi exposto pela deputada Alessandra Campêlo (MDB) no último dia 3 deste mês, quando ocorreu a manobra que permitiu antecipar a eleição da Mesa Diretora da Aleam. Na época, a parlamentar disse que uma reunião selou diversos acordos: a aprovação da “PEC Miojo”; a eleição de Roberto Cidade; e a indicação de Josué Neto para o TCE.

A dívida está paga e, pela primeira vez na história, um conselheiro do TCE será substituído por um filho. Essa é uma demonstração forte de poder e também de fragilidade dos órgãos públicos do Estado perante as famílias influentes que se espalham em cargos públicos, formando verdadeiras dinastias nos Poderes.

‘Ambição por ambição’

Josué aproveitou a insatisfação dos deputados governistas com a indicação de Alessandra Campêlo para ser a candidata da base a presidente da Aleam – algo que foi visto como uma imposição do governador Wilson Lima (PSC).

O deputado Roberto Cidade, irritado por não ter sido escolhido por Wilson, não deixou a sua ambição de lado. Josué viu uma oportunidade e se prontificou a ajudar o colega a vencer: organizou um “golpe” nos governistas, mas com a condição de que saísse vencedor desse esquema.

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Não à toa, Josué foi eleito 1º vice-presidente da Aleam para o futuro biênio, uma forma de garantir uma posição de poder, caso não desse certo a sua indicação para o TCE.

Acabou que os ambiciosos alcançaram seus objetivos.

Roberto Cidade vai assumir a presidência da Aleam e Josué o cargo vitalício na Corte de Contas, com salário de R$ 35,4 mil.