Manaus, 9 de maio de 2024
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Política

Caso Dom e Bruno: relatório de transição cita mortes e culpa governo Bolsonaro

De acordo com o relatório, a inexistência de proteção do poder público deixa os indígenas à mercê da violência praticada por garimpeiros e narcotraficantes

Caso Dom e Bruno: relatório de transição cita mortes e culpa governo Bolsonaro

Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. (Foto: Reprodução)

MANAUS – O relatório final de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentado nesta quinta-feira (21) cita os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na região do Vale do Javari, localizado no Amazonas.

O documento responsabilizou o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela falta de políticas de fiscalização em terras indígenas, gerando um aumento no número de invasões e explorações ilícitas de recursos naturais.

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“Ameaças e mortes de lideranças e defensores indígenas (e não indígenas) têm sido crescentes em razão da impunidade, como mostrou o caso do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na região do Vale do Javari, que chocou o país e provocou grande comoção internacional”, diz o relatório.

Os dois foram brutalmente mortos em uma região marcada pelo tráfico de drogas internacional, além de pesca e garimpo ilegal. De acordo com o relatório, a inexistência de proteção do poder público deixa os indígenas à mercê da violência praticada por garimpeiros e narcotraficantes.

“A invasão das terras e territórios indígenas se acentuou exponencialmente nesse período, em razão de políticas de incentivo à grilagem e à exploração ilícita e indevida de recursos naturais por garimpeiros, madeireiros, pecuaristas, pescadores, caçadores ilegais e narcotraficantes. Isso produziu um aumento expressivo de conflitos e violências contra os povos indígenas”, aponta outro trecho.

Ainda no relatório, outra área ganha destaque quanto à situação de emergência humanitária: a Terra Indígena Yanomami, onde o garimpo ilegal cresceu de forma acelerada:

“Outra consequência dessa política devastadora é a grave situação de calamidade que vem se perpetuando na Terra Indígena Yanomami, onde vivem, em 371 comunidades, mais de 28,1 mil indígenas, incluindo povos indígenas isolados. Configura-se, ali, uma situação de emergência humanitária, com violências sistemáticas, mortes de crianças e mulheres, destruição ambiental e adoecimento. O garimpo ilegal avançou 46% nessa região, em 2021.”

Entre os novos ministérios anunciados confirmados nesta quinta-feira está o Ministério de Pesca e de Povos Indígenas, para formular e implantar políticas voltadas para esses setores com recursos públicos.