Manaus, 17 de maio de 2024
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Cidades

Caso Dom e Bruno: suspeito pelos assassinatos tem soltura autorizada pela Justiça

Colômbia deverá seguir preso até que saia o resultado da audiência

Caso Dom e Bruno: suspeito pelos assassinatos tem soltura autorizada pela Justiça

O órgão lamentou as 'inverdades' contidas na nota divulgada no ano passado. (Foto: Reprodução redes sociais/Agência Brasil)

MANAUS – A Justiça Federal do Amazonas autorizou a soltura de Rubens Dario da Silva Villar, conhecido como Colômbia, suspeito de ter ordenado os assassinatos do indigenista Bruno Araújo e do jornalista Dom Philips, em junho. A decisão revogando a prisão preventiva foi expedida na última quinta-feira (6).

O peruano Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, é investigado pela Polícia Federal por supostamente comandar a rede de pesca ilegal existente na região do Vale do Javari, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. E foi preso por uso de documento falso em julho e, desde então, encontrava-se sob custódia. Em depoimento à PF, o estrangeiro negou qualquer participação no crime.

Colômbia foi preso em 7 de julho ao se apresentar à Polícia Federal, em Tabatinga (AM). Segundo a defesa de Colômbia, o suspeito vai passar por uma audiência de custódia no próximo dia 24 (segunda-feira) para tratar da liberdade em um outro processo que apura sua participação em organização criminosa armada e crimes ambientais. Por isso, Colômbia deverá seguir preso até que saia o resultado da audiência.

Leia mais: Presos suspeitos de envolvimento nas mortes de Bruno e Dom chegam a Manaus

O advogado Eduardo de Souza Rodrigues informou que a Justiça anulou a prisão preventiva por reconhecer o direito de Colômbia de responder o processo em liberdade.

De acordo com Rodrigues, foi concedida a liberdade provisória, submetida a medidas cautelares, como o pagamento de uma fiança de R$ 15 mil, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de moradia em Manaus. Rodrigues afirmou que Colômbia é investigado pelos homicídios. O advogado disse ainda que a defesa trabalha para mostrar que ele não participou do crime.

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da soltura ainda na quinta-feira (6). A procuradora da República Aline dos Santos afirmou que a liberdade “possibilitará que a associação criminosa que atua na região de Atalaia do Norte volte a agir com normalidade. O líder da associação estará livre para reorganizar o grupo. Há, dessa forma, alto risco de reiteração”, escreveu.

Colômbia foi detido em flagrante por uso de documentos falsos ao ser ouvido na delegacia de Tabatinga sobre suposta participação nos homicídios. À época, ele negou envolvimento com os assassinatos. A Polícia Federal, no entanto, aproveitou a prisão de Colômbia para aprofundar as investigações sobre as mortes do jornalista e do indigenista.

As mortes de Bruno e Dom ocorreram em junho deste ano na região da Terra Indígena Vale do Javari. Apesar de negar participação nos crimes, Colômbia é apontado por indígenas como o mandante das mortes de Bruno e Dom.

Outros envolvidos

Outros três homens são investigados pelos assassinatos: Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Dantos” e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”. Os três estão presos em decorrência das investigações.

Na denúncia apresentada à Justiça, o Ministério Público Federal entendeu que os três homens devem ser julgados por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver.

Leia mais: Três suspeitos de ocultar corpos de Dom e Bruno são presos

O MPF argumentou que Amarildo e Jefferson confessaram o crime. Disse ainda que a participação de Oseney foi mencionada em depoimentos de testemunhas.

O crime

Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição investigativa na Amazônia. Eles foram vistos pela última vez em 5 de junho, quando passaram em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiram para Atalaia do Norte. A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.

Os restos mortais deles foram achados em 15 de junho. As vítimas teriam sido mortas a tiros e os corpos, esquartejados, queimados e enterrados. Segundo laudo de peritos da PF, Bruno foi atingido por três disparos, dois no tórax e um na cabeça. Já Dom foi baleado uma vez, no tórax.

A polícia achou os restos mortais dos dois após Amarildo da Costa Oliveira confessar envolvimento nos assassinatos e indicar onde estavam os corpos.