Manaus, 14 de junho de 2024
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Cidades

Coletivo Arte e Escola na Floresta promove atividades lúdicas e agroecológicas para crianças

Atividades artísticas, passeio por áreas de plantio e a produção das próprias refeições compõem a programação.

Coletivo Arte e Escola na Floresta promove atividades lúdicas e agroecológicas para crianças

(Foto: Divulgação/Assessoria)

Manaus (AM) – Com a proposta de incentivar o contato de crianças com a natureza e a arte, o coletivo Arte & Escola na Floresta do Instituto Tera Kuno realiza, nos próximos dias 9 a 11 de junho, a terceira turma de vivências lúdicas, artísticas e nutritivas. A atividade gratuita acontece no Centro de Treinamento Agroflorestal – CTA do MUSA, no bairro Puraquequara. As vagas são limitadas.

A atividade é voltada para crianças de 8 a 14 anos acompanhadas por pais ou responsáveis. Os participantes precisam levar rede própria, cobertores grossos e calçados apropriados para caminhar na floresta (botas ou tênis). Instruções sobre logística, horários e ponto de encontro estão no formulário de inscrição. Este projeto foi contemplado pelo edital MANAUS FAZ CULTURA 2022, da Prefeitura de Manaus, e atende ao Programa de Cultura Itinerante do município.

Durante a vivência, um grupo de artistas e educadores realiza oficinas artísticas e agroecológicas para promover os processos de aprendizagem por meio da arte e da natureza. Dentre as diversas atividades, as crianças e responsáveis passeiam por áreas de plantio e cultivo, onde conhecem a matéria-prima das refeições que serão preparadas por eles próprios.

Os artistas do coletivo criaram novas metodologias, de diferentes linguagens e mídias, que trazem vários benefícios para as crianças. Na oficina Corpo-Terra, os participantes experimentam o movimento criativo do corpo através da relação com os elementos da natureza. Em outra atividade, a turma descobre formas e folhas na aprendizagem de técnicas básicas da pintura botânica. “Uma oficina para brincar com possibilidades do corpo e do espaço, criada para trabalhar a consciência corporal, o equilíbrio, a coordenação motora, a confiança e flexibilidade das crianças, bem como o cuidado consigo e com os outros construindo possíveis relações com a agroecologia e a nutrição”, explica Lia Mandelsberg, bailarina e arte-educadora.

Compõem o grupo de arte-educadores os atores Dimas Mendonça, Keven Sobreira e Isabela Lill, a acrobata e bióloga Ingrid Cândido, a bailarina e arte-educadora Lia Mandelsberg, a ilustradora botânica e pintora Rejane Marques da Silva e a pintora, tatuadora e cenógrafa Pricylla Almeida Pereira. O projeto é coordenado por Emerson Vagalume e Nora Hauswirth.

Segundo Nora Hauswirth, esta será a terceira turma formada para participar das atividades. Ela descreve atividades realizadas em vivências anteriores. “O bicho folharal, interpretado por Dimas Mendonça, fez a abertura da vivência artística, contextualizando o local, o Corredor Ecológico da APA Reserva Adolpho Ducke, e os cuidados que temos com o espaço, com os animais e um com outro. Alunos da Escola São Luiz Gonzaga da Semed realizaram a apresentação dançando e “peneirando a farinha”, com Keven Sobreira. Construíram uma barraca para um piquenique na floresta com o famoso bolo de Tudo Que Faz Bem – inclusive cupuaçu”, detalhou a coordenadora do projeto.

Atualmente, percebe-se que as habilidades, os valores e os comportamentos promovidos pela educação artística são mais essenciais do que nunca. Ao trabalhar competências como criatividade, colaboração e resolução criativa de problemas, as crianças desenvolvem resiliência, alimentam a apreciação da diversidade cultural e da liberdade de expressão, além de cultivarem a inovação e as habilidades de pensamento crítico.

“As crianças aprendem melhor quando lhes damos acesso a um mundo vivo que não tem tanto a ver com competências e conhecimentos muito específicos, mas antes com oportunidades para descobrir e criar. Isto é difícil em salas de aula fechadas, mas lá fora, na natureza, na floresta, nos prados, essas experiências são inevitáveis. Crianças e os jovens experimentam a sua própria integração na natureza, aí voltam a entrar em contacto com as suas raízes naturais e vivas”, diz Nora Hauswirth.

Agroecologia e alimentação

A horta também faz parte da vida ao ar livre, lugar onde as crianças têm várias oportunidades de aprender sobre o ciclo de vida das plantas durante a vivência. Nora Hauswirth nos explica que como os alimentamos fazem parte da nossa cultura, sendo moldada pela nossa história, tradições familiares, situação socioeconômica e por informações que são recebidas por diversas mídias.

“Somos bombardeados por propagandas apelativas de comidas ultraprocessadas, que viajam grandes distâncias para chegar à nossa mesa. Mesmo frutas, legumes e hortaliças que consumimos no dia a dia são trazidos de outras regiões do país, muitas vezes sendo cultivados de maneira duvidosa, além de tornar o seu consumo mais caro e inacessível a pessoas que realmente precisam”, explica Hauswirth.

Neste contexto, o coletivo Arte & Escola na Floresta vem desenvolvendo, desde 2020, por meio de trocas com artistas, pesquisadores e agricultores locais um trabalho artístico transdisciplinar em processo, que proporciona a democratização da prática agroecológica, ensinando o manejo da terra com recursos locais, a valorização de sementes, fermentados, plantas alimentícias não convencionais, chamadas de PANC, bem como compartilhando conhecimentos e práticas ancestrais de plantas e alimentos regionais, que estão se perdendo com o passar do tempo.

Desta forma, o projeto busca difundir, por meio da arte, a sustentabilidade social, ambiental e econômica, promovendo o trabalho dos agricultores familiares locais e a soberania alimentar, valorizando alimentos locais, frescos, saudáveis e sem uso de agrotóxicos. Com enfoque na relação entre corpo e natureza, as vivências estimulam os sentidos do corpo e a atenção às percepções e ao mundo.

Assim, o acesso à diversidade, o experimentar novos gostos, gestos, movimentos e lugares, terrenos e estados emocionais, nada mais é que garantir às crianças o direito à vida e a oportunidade de (se) experimentar (n)o mundo. “Com o objetivo de apagar as barreiras entre corpo e natureza, procuramos apagar também outras fronteiras, como as existentes entre arte e educação ou escola e vida cotidiana. Aprender fazendo, conhecendo a si, o outro e o mundo, para criar possíveis realidades”, finaliza Nora.

Festa do Milho Agroflorestal dia 17 e 18 de junho

Além de imersões para crianças, o coletivo Arte e Escola na Floresta realiza vários oficinas e eventos. No mês de junho, nos dias 17 e 18, celebramos a Festa de Milho Agroflorestal, no Centro de Treinamento Agroflorestal CTA – Musa (Assentamento Água Branca – zona rural de Manaus), evento no qual os participantes se reúnem para a colheita de milho e muitos outros produtos agroecológicos e PANC. Uma parceria entre os agricultores do grupo Ajuri Agroecológico do PA Água Branca e o Coletivo Arte & Escola na Floresta, com apoio do local pelo MUSA – Museu da Amazônia.

Para participar é necessário efetuar a contribuição de R$70 para usufruir de translado a partir de um local central na cidade de Manaus, hospedagem, comida agroecológica (opções veganas, vegetarianas e galinha caipira), bebidas fermentadas, atrações musicais e muito mais. As inscrições são feitas link.

(*) Com informações da assessoria

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