Manaus (AM) – Uma comissão de pais e mães de crianças diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) se reuniu nessa segunda-feira (17) com o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para denunciar o descaso com as crianças por parte da rede de saúde Hapvida.
Os familiares relataram uma série de irregularidades cometidas pela empresa, como a falta de profissionais especializados para o atendimento adequado dos autistas, ausência de estrutura e até descumprimento de decisões judiciais por parte da operadora.
Durante a reunião, o grupo enumerou diversos casos de despreparo dos profissionais no atendimento aos pacientes com TEA, como aconteceu com Márcia Castro, mãe de uma criança com nível 3 de autismo, considerada o nível mais severo do transtorno.
“Quando cheguei ao hospital, minha filha teve uma crise, os enfermeiros passavam e só olhavam, pedi socorro para uma mãe chamar o médico, quando ele viu ela se debatendo no chão, expliquei, e ele brigou com meu marido porque ele não estava lá, mas sim estacionando o carro. Foi ríspido, grosseiro com a minha filha, eu falei: ‘doutor, a minha filha é grau 3 de suporte, tenha empatia. Médicos e enfermeiros despreparados para atender, até para colocar o oxímetro não tinham a menor paciência. É uma falta de respeito, a minha filha saiu sem ser medicada, ela entrou em crise e simplesmente mandaram ela voltar para casa. Como que a gente fica numa situação dessa?”, contou Márcia, aos prantos.
Outra dificuldade relatada é o acesso à disponibilidade de consultas para especialidades como neuropediatria, fundamental para o tratamento de doenças que comprometem o sistema nervoso e neurológico. Segundo Ayda Freitas, a espera chega a durar mais de quatro meses.
Descumprimento judicial
Os pais ainda denunciam o descumprimento de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em janeiro deste ano entre a Hapvida e o Ministério Público do Amazonas (MPAM) que tinha o objetivo de garantir o acesso a tratamentos adequados para crianças autistas, após denúncias de dificuldades na marcação de consultas e sessões de terapias para as crianças com TEA.
O pacto visava que a rede de saúde encaminharia os atendimentos para as clínicas credenciadas caso o plano não tivesse, no entanto, o tratamento das crianças começou a sofrer interrupções e negativas por parte da empresa.
Portanto, a comissão cobra uma resposta tanto do poder público quanto dos órgãos fiscalizadores para solucionar um problema que hoje afeta mais de 1.200 crianças autistas.
O fim da reunião, o deputado repudiou a atuação da Hapvida e afirmou que acionará a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), Agência Nacional de Saúde (ANS), o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM) e a Corregedoria do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) para cobrar providências da operadora.
(*) Com informações da assessoria
- LEIA MAIS:
- Após mortes de crianças, pais denunciam Hapvida por negligência em Manaus
- Hapvida tem 5 dias para regularizar atendimento a pacientes autistas no AM
- Hapvida reverte confiança com investidores após elevação de ações na Ibovespa
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.