Manaus, 26 de abril de 2024
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Saúde & Beleza

Covid-19 persistente: descubra por que pacientes continuam a sentir dor

Médica infectologista do Amazonas explica a presença de dores no corpo em pacientes com o novo coronavírus e a síndrome pós-Covid

Covid-19 persistente: descubra por que pacientes continuam a sentir dor

Foto: Reprodução

MANAUS, AM –  Sintomas como perda olfato e do paladar, a dor de cabeça, além da febre, são os mais comuns da Covid-19. As dores no corpo também são uma das reclamações de pacientes portadores do vírus. O cansaço e a fadiga estão presentes na maioria das doenças, mas quando o paciente é contaminado pelo novo coronavírus, esses sintomas são agravados. A equipe de reportagem do Portal AM1 conversou com uma especialista para compreender o porquê a Covid-19 causa tantas dores no corpo.

Segundo a médica infectologista, Ana Galdina Mendes, as dores são ativadas pela cascata inflamatória, sendo entendida como uma via de metabolismo do organismo humano. De acordo com a médica, quando o paciente contrai a Covid-19, o vírus estimula essa cascata causando as dores no corpo.

Com o corpo tendo contato com o coronavírus, ocorre a liberação de fatores pró-inflamatórios, sendo eles o ácido araquidônico. Segundo a médica, eles são os causadores das dores musculares, além da febre.

“Se isso ocorre em pessoas que já possuem doenças inflamatórias ou reumatológicas, essas pessoas vão ser mais afetadas com as dores. Então, essas dores causadas pelo vírus irão persistir mesmo após a doença indo embora”, explica.

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A estudante Bianca Camurça, 20, contraiu Covid-19 duas vezes no pico dos casos em Manaus, que aconteceu nos períodos de março de 2020 e janeiro de 2021. Ela comenta que os sintomas que mais sentiu durante os dias de infecção foram o cansaço, dores no corpo, fadiga, dor de cabeça e perda do olfato e paladar.

Segundo ela, os sintomas não demoraram para aparecer, e já foram identificados logo no início da doença.

“Nos primeiros dias eu já comecei a sentir dores no corpo junto com o cansaço”, comentou. A estudante ainda destaca que os sintomas mais frequentes que sentia eram dores de cabeça e muscular.

“As dores eram fortes, mas suportáveis, sendo apontada como nível 6 em uma escala de 10 de intensidade. Era dolorido fazer esforço, e muito cansativo se mover. Na maior parte do tempo, eu só ficava deitada, em repouso”, contou.

Bianca ainda comenta que teve sequelas após contrair Covid-19. De acordo com ela, demorou um tempo para recuperar o olfato.

“Dependendo de alguns cheiros fracos, é difícil de sentir e identificar. Eu só consigo sentir cheiros muito fortes e próximo ao nariz”, relatou.

A estudante ainda relata que sentiu dores no quadril e no peito. O corpo estava muito fragilizado e com bastante dor.

Síndrome pós-Covid

Os pacientes que ainda sentem dores musculares, mesmo estando curados da Covid-19, são diagnosticados com síndrome pós-covid. De acordo com a médica infectologista, Ana Galdina Mendes, esses pacientes continuam liberando os fatores pró-inflamatórios. Ainda segundo ela, essas dores são individualizadas e varia de acordo com cada caso.

A médica ainda afirma que ainda é necessário entender porque, mesmo após o indivíduo apresentar melhora da doença, continua liberando o ácido araquidônico, que ocasiona as dores musculares. Conforme a médica, o problema pode ser algo genético, que foi acionado após o paciente contrair o novo coronavírus.

Além das dores musculares, outro sintoma da síndrome pós-Covid é a perda de peso, queda de cabelo, pressão alta, falta de ar e abalo psicológico. A estudante Mariana Olivieri, 19, apresentou queda de cabelo após contrair o vírus da Covid-19.

“Meu cabelo caía um pouco, depois de uns meses passou a cair dez vezes mais”, comentou a estudante. A jovem afirma que outras mulheres da família também passaram a enfrentar o problema após serem diagnosticadas com o novo coronavírus.

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A médica explica que a queda de cabelo é ocasionada por dois fatores: estresse e desnutrição. O estresse pode ser relacionado com a própria doença e reação do corpo. Nos casos de desnutrição, a infectologista comenta que ocorre em pacientes com o quadro mais graves, como pessoas que precisam ser internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

No caso da estudante, foi necessário fazer um exame de sangue para identificar o motivo da queda de cabelo. Durante o período que esteve com Covid-19, que foi em outubro de 2020, Mariana comenta que foi assintomática e não teve muitos problemas com os outros sintomas.

“As dores eram suportáveis. Apenas um único dia que meu nariz ardeu bastante e isso acabou aumentando a dor de cabeça no corpo também”, disse.

Ela acredita que a queda de cabelo pode ter sido ocasionada pelo estresse durante os dias em que esteve isolada e com Covid-19. Como tratamento, Mariana faz o uso de medicamentos de manipulação vitamínica e outros remédios manipulados.

“A queda de cabelo é resultado de um mecanismo de defesa. Pacientes que estão internados, por exemplo, eles precisam de mais nutrientes para fortalecer os fios”, explicou a infectologista.

A médica ainda afirma que as sequelas da Covid-19 podem permanecer por um longo período. Em relação à queda de cabelo, é necessário que os folículos capilares recebam uma nutrição adequada para se fortalecerem.

“Depois de três ou seis meses, as pessoas que contraíram o vírus ainda podem se queixar desses problemas, mas é esperado devido a gravidade da doença”, destacou