Manaus, 28 de março de 2024
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Manaus, 28 de março de 2024

Cenário

Covid: capitais repensam festas, mas prefeitura desembolsa milhões para Réveillon e planeja Carnaval

Prefeito David Almeida anunciou que os eventos programados para a virada do ano custarão R$ 10 milhões; já o Carnaval terá R$ 2,2 milhões

Covid: capitais repensam festas, mas prefeitura desembolsa milhões para Réveillon e planeja Carnaval

Foto: montagem

MANAUS, AM – Enquanto cidades do país estão repensando sobre a realização das tradicionais festas de Réveillon, com queima de fogos e atrações musicais devido ao temor por uma nova onda da pandemia da covid-19, em Manaus, a prefeitura comandada por David Almeida (Avante) não pretende poupar dinheiro público para promover a “maior festa da história” da capital, na virada do dia 31 de dezembro.

A prova disso é que, no início deste mês, David revelou que todos os eventos programados para a Virada de 2021 para 2022 custarão cerca de R$ 10 milhões aos manauaras. Parte dessa verba será para a contratação do cantor sertanejo Luan Santana, que cobrou R$ 600 mil para se apresentar na Ponta Negra, na festa da virada do ano.

Logo após o anúncio, o Portal Amazonas1 especulou que a atração deveria custar em torno de R$ 320 mil, segundo as informações divulgadas pelo site Movimento Country; todavia, para vir a Manaus, o cachê praticamente dobrou.

“Eu só conheço uma música: aquela do meteoro; mas, ele é um fenômeno! Manaus não poderia ser nivelada por baixo, nós queremos o melhor para Manaus e, naquele momento, o que tinha disponível era o Luan e a assinatura do contrato já deve ser concluída nos próximos dias!”, disse David em entrevista recente.

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David passou parte das responsabilidades desse orçamento para a iniciativa privada – mesma desculpa usada em gastos anteriores. Até o momento, o prefeito não detalhou os gastos, tampouco deu o nome de nenhuma empresa parceira que assuma, publicamente, estar ajudando nas despesas da festa.

O prefeito, contudo, abriu margem para que os custos das festividades aumentem ao longo dos dias: “Nós temos a participação da iniciativa privada, empresas parceiras da Prefeitura de Manaus. No Natal e no Ano Novo, vamos gastar em torno de R$ 10 milhões e, desse valor, a prefeitura vai arcar com R$ 3 milhões ou R$ 3,8 milhões. Mas ainda vamos detalhar tudo, porque estamos recebendo muitas doações de brinquedos e outros investimentos”, alegou David.

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No mês passado, o prefeito também anunciou um pregão eletrônico para contratação de mais de 100 shows pirotécnicos. Os serviços contratados pela prefeitura, por meio do pregão eletrônico 215/2021, serão destinados para atender aos eventos promovidos e apoiados pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult).

Serão contratados 41 shows pirotécnicos de 5 minutos, 31 shows pirotécnicos de 8 minutos, 31 shows pirotécnicos de 10 minutos, e 7 shows pirotécnicos de 15 minutos. O show de 15 minutos é o que tem o maior número de especificações.

Carnaval

Além de não poupar dinheiro no fim de ano, David Almeida anunciou ainda que vai distribuir mais de R$ 2,2 milhões para financiar o Carnaval do próximo ano. O valor é 35% maior em comparação às edições anteriores, na gestão do ex-prefeito e aspirante a presidente da República, Arthur Neto (PSDB).

Para isso, ele já lançou edital de apoio financeiro às escolas de Samba da capital amazonense. Para concorrer ao chamamento publico nº 004/2021, as agremiações interessadas têm até o dia 11 de dezembro. O valor deverá ser repassado às agremiações na segunda semana de janeiro de 2022.

Festas canceladas

Ao promover as festas de fim de ano e Carnaval, a gestão de David Almeida vai contra o posicionamento de outros prefeitos de capitais brasileiras que deixaram em aberto a realização dos eventos, com uma tendência a permitir apenas festas particulares menores.

Eles consideraram o aumento recente no número de casos de covid na Europa, após a reabertura do comércio e das fronteiras, mesmo com a imunização de boa parte da população. É o caso da Alemanha, que tem índices de vacinação parecidos com os do Brasil.

Por aqui, o estado do Ceará, por exemplo, o governador Camilo Santana (PT) foi o primeiro a se pronunciar contrário às festividades da virada de ano. Mais populosa capital do Nordeste, Salvador chegou a levantar a hipótese de ter festividades neste ano, mas adiou uma definição. Outras cidades da região também não deram garantia de que vão realizar eventos públicos.

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No Sudeste, municípios de Minas de Gerais que são rota de turistas de diversos estados cancelaram as festas de Réveillon. Já o Rio de Janeiro deve ter três palcos na praia de Copacabana para atrair ao menos 2 milhões de pessoas com queima de fogos e “obrigatoriamente uma atração de renome internacional”.

Por outro lado, o governo de São Paulo disse ser cedo para pensar em aglomerações e mais de 70 cidades já cancelaram até o Carnaval de 2022, devido ao risco de uma retomada na pandemia de covid-19. Em Salvador, Recife e Fortaleza, as prefeituras ainda avaliam se será possível liberar os festejos.

Para a maioria dos gestores, a preocupação é que a folia reacenda o número de internações e cause novas dificuldades para o serviço de saúde, mesmo com a determinação da obrigatoriedade de medidas sanitárias.

Situação dramática

No início deste ano, Manaus sofreu uma colapso na saúde pública com a explosão de infectados registrando uma das mais dramáticas concentrações de mortes no auge da pandemia. Logo após as festas de fim de ano, a cidade ficou sem oxigênio para pacientes internados nos hospitais.

Na época, familiares buscavam desesperadamente cilindros de oxigênios para evitar que seus pacientes morressem asfixiados. Artistas e empresas de diversas partes do país se mobilizaram para enviar o insumo à cidade. Com a situação alarmante, o Amazonas passou a enviar pacientes para receber atendimento em outros estados.

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Diante do aumento de mortes, o governo instalou câmaras frigoríficas nos principais hospitais de Manaus. Os cemitérios registraram movimentação intensa e começaram a abrir novas covas para receber os corpos.

Mesmo com o avanço da vacinação que já atingiu cerca de 70% da população manauara, segundo informação do próprio prefeito David, Manaus voltou a registrar aumento de casos nas últimas semanas.

No boletim da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) desta quarta-feira (24), o Amazonas registrou 91 novos casos de covid-19, sendo 33 só em Manaus. Também foram confirmadas duas mortes pela doença. Até agora, o estado marcou 429.3 mil infectados e 13 mil óbitos em decorrência da doença desde o início da pandemia.

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