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Política

Defesa de Aécio diz que empresário da JBS seria ressarcido com venda de apartamento da família

Defesa de Aécio diz que empresário da JBS seria ressarcido com venda de apartamento da família

BRASILIA BSB DF 04/03/2015 POLITICA Plenário do Senado durante sessão deliberativa ordinária. Em pronunciamento, senador Aécio Neves (PSDB-MG) Foto: Moreira Mariz/Agência Senado

Aécio foi gravado negociando com Joesley Batista, dono da JBS, R$ 2 milhões sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato. (Foto: Moreira Mariz/Agência Senado)

A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, na tarde desta quinta-feira (18), que o dinheiro negociado com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, seria devolvido após a venda de um apartamento da família. Por meio de uma nota, assinada pelo advogado José Eduardo Alckmin, a defesa diz que Aécio foi “surpreendido com a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça” a partir de uma reunião que “tratou única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas”.

“Foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida”, alega o advogado, que também ressalta que “a intenção do senador sempre foi, quando da venda do apartamento, ressarcir o empresário”. Além disso, Alckmin afirma que a versão contada por Joesley é uma “farsa” e que o parlamentar foi uma “vítima”.

As diligências realizadas nesta quinta-feira (18), que teve como foco o senador mineiro, foram desdobramentos das delações premiadas feitas pelos empresários da JBS e irmãos Joesley e Wesley Batista, que entregaram à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal gravações comprometedoras contra Aécio. Em uma das gravações, Aécio pede ao empresário R$ 2 milhões sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato.

Com pedido aceito, Joesley queria saber quem seria o responsável por pegar as malas. Já na conversa com Aécio, Joesley propôs: “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”.

Aécio respondeu: “tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio”.

Fred seria um primo de Aécio, cujo nome é Frederico Pacheco de Medeiros. Fred foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014.

Confira íntegra da nota de Aécio Neves:

“O senador Aécio Neves foi surpreendido hoje (18/05) com a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça, a partir da reunião havida com o sr. Joesley Batista.

Tratou-se única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas, em que o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal.

Foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que mesmo remotamente possa ser considerado ilegal ou mesmo que tenha qualquer relação com o setor público.

Registre-se ainda que a intenção do senador sempre foi, quando da venda do apartamento, ressarcir o empresário.

O senador Aécio Neves lamenta profundamente versões que têm sido divulgadas sobre o caso e, com serenidade e firmeza, vai demonstrar a correção de suas ações e de seus familiares, e a farsa de que foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada e criminosa, induzindo as conversas para alcançar seus objetivos de obter os benefícios da delação.

O senador manifesta sua incompreensão e inconformismo pelo pedido de prisão preventiva de sua irmã Andrea Neves, que nada mais fez do que atender seu pedido de levar ao empresário, uma vez que o senador se encontrava em, Brasília, a proposta de venda do apartamento da família.

Apesar de toda essa violência, o senador segue confiando nas instituições na certeza de que a Justiça, feitas as devidas investigações, demonstrará a absoluta correção dos seus atos e de seus familiares.

José Eduardo Alckmin
Advogado do senador Aécio Neves”

Fonte: Congresso em Foco