A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse, na tarde desta quinta-feira (18), que o dinheiro negociado com o empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, seria devolvido após a venda de um apartamento da família. Por meio de uma nota, assinada pelo advogado José Eduardo Alckmin, a defesa diz que Aécio foi “surpreendido com a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça” a partir de uma reunião que “tratou única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas”.
As diligências realizadas nesta quinta-feira (18), que teve como foco o senador mineiro, foram desdobramentos das delações premiadas feitas pelos empresários da JBS e irmãos Joesley e Wesley Batista, que entregaram à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal gravações comprometedoras contra Aécio. Em uma das gravações, Aécio pede ao empresário R$ 2 milhões sob a justificativa de que precisava pagar despesas com sua defesa na Lava Jato.
Com pedido aceito, Joesley queria saber quem seria o responsável por pegar as malas. Já na conversa com Aécio, Joesley propôs: “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”.
Aécio respondeu: “tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho — respondeu Aécio”.
Fred seria um primo de Aécio, cujo nome é Frederico Pacheco de Medeiros. Fred foi diretor da Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014.
Confira íntegra da nota de Aécio Neves:
“O senador Aécio Neves foi surpreendido hoje (18/05) com a gravidade das medidas autorizadas pela Justiça, a partir da reunião havida com o sr. Joesley Batista.
Tratou-se única e exclusivamente de uma relação entre pessoas privadas, em que o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal.
Foi proposta, em primeiro lugar, a venda ao executivo de um apartamento de propriedade da família. O delator propôs, entretanto, já atendendo aos interesses de sua delação, emprestar recursos lícitos provenientes de sua empresa, o que ocorreu sem qualquer contrapartida, sem qualquer ato que mesmo remotamente possa ser considerado ilegal ou mesmo que tenha qualquer relação com o setor público.
Registre-se ainda que a intenção do senador sempre foi, quando da venda do apartamento, ressarcir o empresário.
O senador Aécio Neves lamenta profundamente versões que têm sido divulgadas sobre o caso e, com serenidade e firmeza, vai demonstrar a correção de suas ações e de seus familiares, e a farsa de que foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada e criminosa, induzindo as conversas para alcançar seus objetivos de obter os benefícios da delação.
O senador manifesta sua incompreensão e inconformismo pelo pedido de prisão preventiva de sua irmã Andrea Neves, que nada mais fez do que atender seu pedido de levar ao empresário, uma vez que o senador se encontrava em, Brasília, a proposta de venda do apartamento da família.
Apesar de toda essa violência, o senador segue confiando nas instituições na certeza de que a Justiça, feitas as devidas investigações, demonstrará a absoluta correção dos seus atos e de seus familiares.
José Eduardo Alckmin
Advogado do senador Aécio Neves”
Fonte: Congresso em Foco
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