Manaus, 14 de junho de 2024
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Cidades

Defesa de Gustavo Sotero apresenta novos fatos e volta a criticar OAB e MP

Julgamento do delegado da Polícia Civil, acusado de matar o advogado Wilson Justo Filho, em novembro de 2017, inicia nesta quarta-feira, 27

Defesa de Gustavo Sotero apresenta novos fatos e volta a criticar OAB e MP

Advogados de Gustavo Sotero realizaram entrevista coletiva para apresentar novos fatos do caso (Foto: Divulgação)

Os advogados de defesa do delegado Gustavo Sotero, acusado de matar o advogado Wilson Justo Filho, em 25 de novembro de 2017 e, tentativa de homicídio triplamente qualificado, apresentaram nesta terça-feira, 26, novos fatos que serão destacados durante o julgamento previsto para iniciar nesta quarta-feira, 27, e que deve durar até sexta-feira, 29, no Fórum Ministro Henoch Reis, na zona Sul de Manaus.

De acordo com o advogado representante da defesa, Cláudio Dalledone Júnior, a entrevista coletiva era necessária para elucidar todas as informações que estavam sendo omitidas pela acusação. Segundo ele, houveram assuntos sonegados e informações deturpadas repassadas pelos advogados da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB-AM).

“Há, sem sombra de dúvidas, uma orquestração da OAB-AM em condenar o delegado Gustavo Sotero. Houve um conteúdo que foi traiçoeiramente sonegado”, disse Dalledone.

Para o advogado Renan Pacheco Canto, antes mesmo da custódia, o advogado Marcos Aurélio Choy já capitulava o crime, convocava a classe de advogados e ditava as qualificadoras, “sem nem sequer ter acesso às câmeras de segurança interna”, diz ele.

Segundo o advogado, Choy – que preside a OAB-AM – já gravava um vídeo e falava em impunidade, e após o evento, seu cliente procurou um segurança, diz as circunstâncias que ele se envolveu nesse evento, entrega a arma, pede para ir à delegacia, é levado pela guarnição, recebendo voz de prisão porque se entregou espontaneamente, com toda a Ordem sendo exatamente aplicada. “E nesse cenário, temos a figura de Marcos Aurélio Choy, na frente da delegacia, convocando a classe, criando um tumulto, dizendo que chega de impunidade, em uma orquestração que a OAB fez nesse caso”, diz Dalledone.

Legítima defesa

Os advogados sustentam que o delegado agiu, sim, em legítima defesa, e que depoimentos à polícia eram todos contestados pelo advogado Choy. Segundo Renan, há muitas controvérsias nos depoimentos de Alexandre Mascarenhas Pinto, que deu três posicionamentos: a primeira que um tiro teria atingido a barriga do advogado Wilson pelo delegado Sotero, que teria sido imobilizado pelos demais companheiros do advogado e retirado do local, mas que o delegado havia voltado e efetuado mais disparos contra Wilson.

O primeiro depoimento foi sem a presença da advogada Catharina Estrela, que atua na assistência da acusação. O segundo depoimento já foi com a presença da advogada, o que a partir daí, as falas de Alexandre mudaram. “Ele conta que Wilson afirmou, nesse segundo depoimento, que viu Gustavo Sotero paquerar Fabíola (esposa de Wilson) e oferecer bebida à ela”, disse o advogado Renan.

“Alexandre Mascarenhas se contradiz, e diz que Gustavo não foi imobilizado e diz que os tiros foram consecutivos”, acrescentou.

Os advogados também criticaram o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) que instaurou uma denúncia sem laudo pericial, “sem formalidade, sem saber onde e de que forma as lesões ocorreram”. A análise do perito criminal Ricardo Molina também é criticada. Para a defesa, Molina tenta vender uma caçada que não existiu. “Sotero está a todo momento em posição de defesa, ele não caçou Wilson na boate, ele está a todo momento com o dedo fora do gatilho”.

Sobre o Ricochete

“Molina sustenta que o tiro de Sotero tocou na parede, ricocheteou e pegou na Fabíola. Mas o exame de local da perícia local não confirma isso, logo Molina não tem como confirmar isso porque não foi ao local”, contesta Dalledone.

Para a perita criminal, Jussara Joeckel, o projétil não teria como ter atingido a perna de Fabíola e o laudo do perito Ricardo Molina, que atua na acusação, está equivocado. Estiveram presentes na entrevista coletiva os advogados Caio Fortes de Matheus, Renan Pacheco Canto e a perita criminal Jussara Joeckel.

OAB-AM se pronuncia

Em nota, a OAB-AM afirmou que respeita as estratégias da advocacia de defesa e entende que as falas são tão somente estratégia. Que a Justiça seja feita pelo júri.