Manaus, 19 de abril de 2024
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Cenário

Depois do ‘piscinão’, vereador Sandro Maia quer pagar R$ 1 mil para presidentes de bairros

O vereador defende que líderes comunitários sejam remunerados, mas cientista político afirma que isso vai contra o espírito da função

Depois do ‘piscinão’, vereador Sandro Maia quer pagar R$ 1 mil para presidentes de bairros

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Após propor uma versão manauara do Piscinão de Ramos, o vereador Sandro Maia (DEM) agora quer um auxílio no valor de R$ 1 mil para os presidentes de bairros de Manaus. Essa é uma das propostas do vereador para essa classe, ao todo, ele apresentou dois projetos na Câmara Municipal de Manaus (CMM) que beneficiam essa classe.

O agrado para os presidentes de associações comunitárias custariam R$ 1 mil para o Município. O vereador ainda destacou que o auxílio seria pago para cada líder do bairro, porém, somente aqueles que estivessem regularizados junto à associação comunitária.

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Durante a apresentação do projeto, Maia afirmou que os líderes dos bairros trabalham dia e noite em busca de melhorias na comunidade e, por essa razão, merecem ser reconhecidos. “Precisa dispor dos recursos necessários  para desenvolver o valoroso trabalho que chega a ser um sacerdócio, e muitos financiam seus gastos com dinheiro próprio, em favor de outrem”, disse.

Além do auxílio, ele pede que os presidentes tenham passe livre no transporte coletivo de Manaus, incluindo o transporte intermunicipal. Segundo o vereador, ele afirmou que esse benefício é uma garantia do direito social dessa classe.

De acordo com os dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus possui 63 bairros registrados pela Prefeitura de Manaus. Caso o projeto de lei do vereador seja aceito na CMM, o Município gastaria cerca de R$ 63 mil para o pagamento dos presidentes de bairro. Vale ressaltar que, em 11 anos, novos bairros surgiram na capital, além das ‘invasões’.

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Apesar do empenho do vereador para que o projeto seja aprovado, a PL pode não ser acatado. Isso porque não cabe aos vereadores apresentarem projetos que demandam gastos não previstos pelo Orçamento Municipal.

Atividade sem fim lucrativo

De acordo com o cientista político Marcelo Seráfico, a proposta do vereador vai contra a função do presidente de bairro, uma vez que a associação comunitária não tem fins econômicos.

“Presidentes de Comunidades são escolhidos para representar os interesses delas junto a instâncias públicas com o fim de, em geral, reivindicar direitos que não são atendidos. Portanto, toda e qualquer forma de vínculo deles com essas instâncias põe em causa, de imediato, seu papel. Em outras palavras, a proposta do vereador implica uma tentativa de desvinculação das lideranças comunitárias de suas bases e de cooptação para as hostes governistas”, explicou.

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Com isso, o cientista conta que a proposta significa um anseio de intervenção nas formas de organização comunitária. “A intenção de financiar uma atividade cuja origem e objetivo implicam, necessariamente, a preservação de relativa autonomia com a referência aos poderes instituídos”, disse.