Manaus, 27 de abril de 2024
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Cenário

Derrotado nas últimas eleições, Praciano tem contas de campanha desaprovadas

O TRE-AM detectou atraso em relatórios financeiros e omissão de doações, além de outras irregularidades nas contas de Praciano

Derrotado nas últimas eleições, Praciano tem contas de campanha desaprovadas

Ex-deputado Francisco Praciano (Foto: Portal AM1)

Manaus (AM) – O ex-deputado federal Francisco Praciano (PT), que tentou uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nas eleições do ano passado, teve suas contas de campanha desaprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM).

O processo já foi arquivado definitivamente pelo órgão, no dia 3 de março, segundo informações que podem ser consultadas no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A prestação de contas do ex-candidato foi julgada em dezembro do ano passado, pela vice-presidente e corregedora do TRE, desembargadora Carla Reis, que votou pela desaprovação das contas em harmonia com o Ministério Público Eleitoral (MPE), ou seja, seguindo o mesmo entendimento do órgão ministerial.

De acordo com o voto da relatora, publicado no Sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas do TSE, o ‘DivulgaCand’, no dia 21 de dezembro de 2022, o político não cumpriu diligência solicitada pela Comissão de Análise do Tribunal Regional e após a análise dos documentos referentes a receitas e despesas, algumas inconsistências persistiram, como ausência dos extratos bancários das Contas de Outros Recursos e do Fundo Partidário, documentos referentes aos períodos de 01 a 05 de outubro e 16 a 31 de agosto.

Além disso, foi detectada irregularidade de não comprovação da propriedade de bem cedido; atraso nos relatórios financeiros; omissão de doações na parcial e omissão na parcial de despesas, representando 44,21 % das despesas registradas na parcial.

O voto mostra, também, que documentações foram apresentadas pela defesa do então candidato fora do prazo, o que para a magistrada não poderia ser considerado, em razão da preclusão (perda do direito de se manifestar), prevista no artigo 69, § 1º, da Res. TSE 23.607/2019.

A resolução diz que “havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça Eleitoral pode requisitar diretamente ou por delegação informações adicionais, bem como determinar diligências específicas para a complementação dos dados ou para o saneamento das falhas, com a perfeita identificação dos documentos ou elementos que devem ser apresentados”

Carla frisou, ainda, que as diligências requisitadas pelo TRE deveriam ter sido cumpridas no prazo de três dias contados da intimação, sob pena da preclusão.

O pleno desaprovou as contas de Praciano, no dia 19 de dezembro, após três dias do parecer do MPE, que também opinou pela desaprovação no dia 16 de dezembro.

Reprovação das contas

Uma das irregularidades apontadas pela desembargadora foi a falta dos extratos bancários que abrangiam todo o período da campanha eleitoral do petista, que se caracteriza afronta ao art. 53, II, “a”, da Resolução TSE nº 23.607/2019 e inconsistência grave, uma vez que a ausência faz com que a comprovação da movimentação financeira seja prejudicada, não tornando possível “o efetivo controle sobre as contas” e, por isso, é uma ilegalidade potencialmente geradora de desaprovação.

Após essa análise, a relatora deixou de apreciar as demais inconsistências.

Segundo informações disponíveis no sistema do TSE, no dia 15 de dezembro, a defesa de Praciano anexou um pedido de reconsideração da preclusão  e exclusão de diligência feita pelo TRE.

No pedido, o jurídico afirmou que o “sistema não estava abrindo para a patrona do requerente”.

O texto diz: “A tentativa de entrar no sistema começou na manhã do dia 03.12.2022, quando a patrona estava com a administradora financeira no escritório para responder às diligências, mas aparecia continuamente o erro ‘unhandled wrapper exception’, o que motivou a patrona a tentar novamente pela noite.”

Por fim, a advogada do parlamentar enfatizou que continuou tentando – até a manhã do dia seguinte – anexar no sistema as solicitações feitas pelo Tribunal e não conseguiu; após isso, pediu que fosse reconsiderada a preclusão e a manutenção das peças acostadas aos autos no dia 4 de dezembro.

Em seguida, no mesmo dia, a Corte Eleitoral remeteu o processo ao MPE para análise, sendo que, no dia seguinte, dia 16, o órgão manteve o entendimento pela desaprovação das contas.

Em decadência

Francisco Praciano nasceu em Itapipoca, Ceará, 18 de fevereiro de 1952. Ele foi eleito deputado federal, em 2006, pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e reeleito em 2010. O político disputou uma vaga ao Senado nas eleições de 2014, ficando em 2º lugar.

Praciano também já foi vereador de Manaus durante quatro mandatos consecutivos. Disputou as eleições municipais de 2008, ficando na quarta colocação.

Após seis anos morando na sua cidade natal, ele voltou ao Amazonas e se candidatou ao cargo de deputado estadual, sem obter êxito.

Em entrevista exclusiva ao Portal AM1, em maio do ano passado, o petista relembrou as vezes em que foi tirado da disputa eleitoral pelo próprio PT.

Apesar de ter afirmado que não guardava mágoa decorrente dos episódios, Praciano chegou a contar para a reportagem que não gostou das atitudes, e, devido aos acontecimentos, chegou a pensar em deixar a legenda e se filiar a outro partido para disputar as eleições de 2022.

Nas eleições de 2014, quando concorreu ao Senado Federal, o político obteve mais de 560 mil votos, ou seja, mais de meio milhão de votos. Já no último pleito, Praciano teve apenas 12.073 votos, mostrando que, atualmente, ele faz parte de um grupo de políticos que perderam prestígio na política amazonense e estão em decadência no cenário político local.

Um dos nomes que anteriormente já foi um dos preferidos do eleitor do Amazonas, hoje, está em esquecimento.

Veja os documentos:

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