
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
Brasília (DF) – Neste sábado (1), parlamentares do Congresso Nacional devem escolher as mesas diretoras que vão comandar as Casas pelos próximos dois anos.
Na Câmara, até esta terça-feira (28), três deputados estão na disputa pela presidência: Hugo Motta (Republicanos-PR), Pastor Henrique (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Dos candidatos, apenas Motta possui o apoio do atual presidente da Casa Baixa, Arthur Lira (PP-AL). O republicano também conta com outros 17 partidos, incluindo PL, PT e MDB.
Já Henrique Vieira conta com o apoio exclusivo do PSOL.
Nas redes sociais, o parlamentar destacou que essa não é uma eleição comum: “é uma disputa histórica contra o fascismo e a extrema-direita”.
O candidato pelo Novo destacou que sua posição surge por um inconformismo com os nomes que estão na disputa.
“Não estamos confortáveis com o fato de termos apenas duas candidaturas lançadas, uma do centrão e outra do PSOL. A oposição precisa ter uma opção, pois entendo que não podemos ficar nas mãos dos mesmos grupos dominando a Câmara e o Senado há tantos anos”, disse o parlamentar.
Apesar de não receber o apoio de outros partidos além do Novo, Van Hattem deve contar com votos de deputados de direita e conservadores.
Eleições no Senado
Na Casa Alta, a primeira votação começa às 10h, os senadores devem eleger um entre os candidatos: Marcos do Val (Podemos-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos Pontes (PL-SP), Soraya Thornicke (MS) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que disputam a cadeira da presidência.
O favorito entre os partidos e também do atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é Alcolumbre, ele já presidiu o Senado entre 2019 e 2021 com 42 votos.
Atualmente, têm o apoio de sete partidos, entre eles o PP, PDT e o PSD, que possui a maior bancada com 15 senadores.
Apesar de qualquer senador ter a prerrogativa da candidatura, a escolha do ex-ministro de Bolsonaro não agradou ao partido, que declarou apoio a Alcolumbre em 2024.
Na última semana, o ex-presidente pontuou em um vídeo que lamenta o posicionamento, e a escolha pode prejudicar o Partido Liberal por completo.
“Se formos embarcar na sua candidatura, que eu acho melhor que muitas aí, vamos ficar sem comissão. Você está pensando em você. É lamentável isso”, disse Bolsonaro.
Pontes divulgou nas suas redes sociais a oficialização de sua candidatura.
Moeda de troca
Para formar a Mesa Diretora tanto da Câmara quanto do Senado são eleitos 11 parlamentares.
Um presidente, 2 vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes para as secretárias.
Segundo o analista político Guilherme Soares, a escolha do grupo envolve uma forte articulação política entre os partidos. Para o especialista, quanto maior a bancada maior o poder de negociação.
“Embora o regimento interno priorize a proporcionalidade partidária, a prática revela que os partidos utilizam cargos estratégicos como moeda de troca para formar alianças e consolidar poder.”
Seguindo a lógica destacada pelo especialista, neste sábado, devem assumir os cargos da Câmara:
- 1ª vice-presidência: Altineu Cortês (PL-RJ)
- 2ª vice-presidência: Disputada entre União Brasil e PP
- 1ª secretaria: Carlos Veras (PT-PE)
Na Casa Alta, Soares aponta os senadores:
- 1ª vice-presidência: Eduardo Gomes (PL-TO)
- 2ª vice-presidência: Humberto Costa (PT-PE)
- 1ª secretaria: Daniella Ribeiro (PSD-PB)
- 2ª secretaria: Confúcio Moura (MDB-RO)
Para o cientista político, os cargos, “embora administrativos”, têm importância no jogo das casas e entre os partidos.
“A disputa ilustra o papel estratégico da Mesa Diretora como espaço de poder e negociação. Mais do que uma estrutura administrativa, ela reflete os arranjos de coalizão que sustentam o funcionamento do Legislativo, confirmando a relevância das práticas informais na política institucional brasileira”, disse Soares.
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