Manaus, 11 de fevereiro de 2025
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Política

Disputa pelo comando do Congresso revela alianças e estratégias de poder

As siglas utilizam cargos estratégicos como moeda de troca para formar alianças e consolidar poder, diz especialista.

Disputa pelo comando do Congresso revela alianças e estratégias de poder

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Brasília (DF) – Neste sábado (1), parlamentares do Congresso Nacional devem escolher as mesas diretoras que vão comandar as Casas pelos próximos dois anos.

Na Câmara, até esta terça-feira (28), três deputados estão na disputa pela presidência: Hugo Motta (Republicanos-PR), Pastor Henrique (PSOL-RJ) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).

Dos candidatos, apenas Motta possui o apoio do atual presidente da Casa Baixa, Arthur Lira (PP-AL). O republicano também conta com outros 17 partidos, incluindo PL, PT e MDB.

Já Henrique Vieira conta com o apoio exclusivo do PSOL.

Nas redes sociais, o parlamentar destacou que essa não é uma eleição comum: “é uma disputa histórica contra o fascismo e a extrema-direita”.

O candidato pelo Novo destacou que sua posição surge por um inconformismo com os nomes que estão na disputa.

“Não estamos confortáveis com o fato de termos apenas duas candidaturas lançadas, uma do centrão e outra do PSOL. A oposição precisa ter uma opção, pois entendo que não podemos ficar nas mãos dos mesmos grupos dominando a Câmara e o Senado há tantos anos”, disse o parlamentar.

Apesar de não receber o apoio de outros partidos além do Novo, Van Hattem deve contar com votos de deputados de direita e conservadores.

Eleições no Senado

Na Casa Alta, a primeira votação começa às 10h, os senadores devem eleger um entre os candidatos: Marcos do Val (Podemos-ES), Eduardo Girão (Novo-CE), Marcos Pontes (PL-SP), Soraya Thornicke (MS) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que disputam a cadeira da presidência.

O favorito entre os partidos e também do atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), é Alcolumbre, ele já presidiu o Senado entre 2019 e 2021 com 42 votos.

Atualmente, têm o apoio de sete partidos, entre eles o PP, PDT e o PSD, que possui a maior bancada com 15 senadores.

Apesar de qualquer senador ter a prerrogativa da candidatura, a escolha do ex-ministro de Bolsonaro não agradou ao partido, que declarou apoio a Alcolumbre em 2024.

Na última semana, o ex-presidente pontuou em um vídeo que lamenta o posicionamento, e a escolha pode prejudicar o Partido Liberal por completo.

“Se formos embarcar na sua candidatura, que eu acho melhor que muitas aí, vamos ficar sem comissão. Você está pensando em você. É lamentável isso”, disse Bolsonaro.

Pontes divulgou nas suas redes sociais a oficialização de sua candidatura.

 

Moeda de troca

Para formar a Mesa Diretora tanto da Câmara quanto do Senado são eleitos 11 parlamentares.

Um presidente, 2 vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes para as secretárias.

Segundo o analista político Guilherme Soares, a escolha do grupo envolve uma forte articulação política entre os partidos. Para o especialista, quanto maior a bancada maior o poder de negociação.

“Embora o regimento interno priorize a proporcionalidade partidária, a prática revela que os partidos utilizam cargos estratégicos como moeda de troca para formar alianças e consolidar poder.”

Seguindo a lógica destacada pelo especialista, neste sábado, devem assumir os cargos da Câmara:

  • vice-presidência: Altineu Cortês (PL-RJ)
  • 2ª vice-presidência: Disputada entre União Brasil e PP
  • 1ª secretaria: Carlos Veras (PT-PE)

Na Casa Alta, Soares aponta os senadores: 

  • 1ª vice-presidência: Eduardo Gomes (PL-TO)
  • 2ª vice-presidência: Humberto Costa (PT-PE)
  • 1ª secretaria: Daniella Ribeiro (PSD-PB)
  • 2ª secretaria: Confúcio Moura (MDB-RO)

Para o cientista político, os cargos, “embora administrativos”, têm importância no jogo das casas e entre os partidos.

“A disputa ilustra o papel estratégico da Mesa Diretora como espaço de poder e negociação. Mais do que uma estrutura administrativa, ela reflete os arranjos de coalizão que sustentam o funcionamento do Legislativo, confirmando a relevância das práticas informais na política institucional brasileira”, disse Soares.

 

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