Manaus, 5 de maio de 2024
×
Manaus, 5 de maio de 2024

Cidades

Dois anos depois da reabertura de cemitérios, familiares relembram vítimas da covid

Espaços foram reabertos para visitação no Dia das Mães há pouco mais de dois anos, após pico da pandemia de covid-19

Dois anos depois da reabertura de cemitérios, familiares relembram vítimas da covid

A doméstica aposentada Semone Silva visitou o túmulo da mãe neste domingo (14). Foto: Antônio Mendes

Manaus (AM) – Há pouco mais de dois anos, em 7 de maio de 2021, a Prefeitura de Manaus autorizava a reabertura dos cemitérios da capital para visitação no Dia das Mães. Na ocasião, familiares voltaram a homenagear as genitoras já falecidas pela primeira vez após mais de doze meses de portões fechados, em função das medidas de isolamento para conter o avanço da covid-19.

No dia 10 de janeiro daquele ano, a aposentada Francisca Silva dos Santos, 82 anos, faleceu devido à falta de oxigênio na Unidade Básica de Saúde (UBS) do São Raimundo, zona Oeste. Quatro dias depois, o problema agravou-se, instaurando uma crise sem precedentes nos hospitais de Manaus.

“A minha irmã, que acompanhava ela, viu que faltou oxigênio e chamou os médicos. Meu irmão acabou discutindo com os funcionários e, em questão de segundos, ela faleceu”, lembra a filha de Francisca, a doméstica aposentada Semone Silva dos Santos, durante visita ao cemitério São João Batista, zona Centro-Sul, neste domingo (14).

Na época, ela trabalhava na casa de um senhora de 103 anos e não poderia correr o risco de transmitir o vírus à patroa. Idosos e portadores de doenças crônicas eram o público mais vulnerável à covid-19. Por cautela, Semone resolveu manter distância dos hospitais.

A mãe dela estava internada há apenas dois dias. Foi conduzida à UBS por falta de leitos nas unidades de atendimento, outro problema causado pela rápida disseminação do vírus e ausência de estrutura adequada.

“Faltou atenção para a área da saúde. Se você costuma atender dez pessoas, você atende 15 e sabe que 20 vêm atrás”, exemplifica Semone. “Mas não pensamos que (a crise de oxigênio) começaria tão rápido. Foi a dúvida: será que isso vai acontecer ? – que prejudicou muitas famílias”.

Maria Alexandrina de Araújo, 96 anos, não deixou filhos ao falecer de covid-19 no Hospital Delphina Aziz, zona Norte. Era a segunda onda da pandemia, marcada pela falta de oxigênio nos hospitais. O sobrinho de Maria, o consultor José Gomes, lembra que o período foi de perdas para milhares de famílias: “Ela ficou muito fraca. Deram toda a assistência mas, devido à idade, não resistiu”, conta.

LEIA MAIS: