Manaus, 7 de maio de 2024
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Manaus, 7 de maio de 2024

Economia

Desempregados no país podem chegar a 12,7%; AM mantém otimismo

Segundo a projeção de alguns especialistas, a Taxa de Desemprego deve subir de 11,6% para até 12,7% a nível nacional no período.

Desempregados no país podem chegar a 12,7%; AM mantém otimismo

(Foto: Márcio Silva / Amazonas1)

A estudante Vitória Barbosa, 21 anos, perdeu o emprego no mês passado, por conta da pandemia do novo coronavírus, que já infectou 4,8 mil pessoas no Amazonas. Ela atuava há oito meses como auxiliar administrativa em uma empresa de turismo, na zona Norte de Manaus. 

“Recebíamos muitos hóspedes do exterior ao longo do ano e por conta da pandemia muitas reservas foram canceladas. A empresa teve que fazer desligamento em massa de funcionários e hoje apenas um escritório funciona”, contou Vitória ao Portal AM1. 

Segundo a jovem, cerca de 70 trabalhadores foram demitidos da empresa de turismo na ocasião. Eles fazem parte dos milhões de brasileiros que perderam os empregos durante a crise do novo coronavírus, iniciada no país, em março deste ano. Segundo a projeção de alguns especialistas, a Taxa de Desemprego deve subir de 11,6% para até 12,7% a nível nacional no período.

Esse número foi divulgado nesta quarta-feira, 29, um dia antes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicar os dados oficiais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnad). No último balanço referente ao trimestre até fevereiro, o desemprego havia atingido cerca de 12,3 milhões de pessoas em todo o Brasil.

“É muito provável que os números aumentem consideravelmente como já esperado, devido à crise do novo coronavírus. Considerando já o período encerrado em fevereiro de 2020, em que a taxa já bateu uma alta, há projeções com base nos resultados do auxílio desemprego, o cenário das indústrias paradas, as não renegociações de contrato e outros pontos que já se configuraram o aumento substancial de pelo menos 0,8%, de um índice para o outro”, apontou o professor de contabilidade e finanças da Fipecafi, Marcelo Cambria, que projetou o aumento no índice de desemprego. 

Cenário local 

Diante dessa projeção do aumento de até 1,1% no número de pessoas que perderam o emprego no país de um mês para o outro, por conta da pandemia, o Portal AM1 ouviu os representantes dos dois principais setores econômicos do Estado para saber se o Amazonas deve seguir essa tendência nacional no número de pessoas desempregadas. 

Vale destacar que em fevereiro deste ano, o IBGE divulgou a taxa de desocupação nos 27 estados brasileiros, no 4º trimestre de 2019. Nesta lista, o Amazonas registrou uma taxa de 12,9% e Manaus 16,9%. Já as maiores taxas ficaram no Amapá (17,4%) e na Bahia (17,2%), enquanto a menor foi registrada em Santa Catarina (6,1%).

Comércio

Na avaliação do presidente em exercício da Fecomércio (Federação do Comércio do Amazonas), Aderson Frota, a atividade foi uma das mais afetadas com o avanço da doença, devido às restrições de funcionamento do comércio desde o mês passado, mas diz que mantém o otimismo. Ele lembrou que até fevereiro, o setor amazonense registrou um dos melhores desempenhos do país.

“Infelizmente com a pandemia, houve as recomendações de isolamento social e os decretos que fecharam boa parte das atividades comerciais. Muitas lojas do centro e shoppings fecharam e com isso, as vendas despencaram drasticamente em até 80%”, comentou o presidente.

O representante também destacou que cada empresa tem sua realidade e que muitas optaram por adotar ‘estratégias’ para manter seus funcionários na folha de pagamentos. 

“Umas reduziram a jornada de trabalho e outras optaram por suspender os contratos. Em último caso houveram as demissões, mas a Federação ainda não dispõe desses números, por isso não há como prever como o setor se comportou”, explicou Aderson Frota ao destacar que o comércio, serviço e turismo empregam 370 mil pessoas no Amazonas. 

Indústria

Para o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o setor não deve seguir a tendência nacional de desemprego. Segundo ele, ainda não há demissões no Polo Industrial de Manaus (PIM), que iniciou o ano empregando cerca de 90 mil trabalhadores nas 27 empresas. 

“Isso acontece porque a maioria das empresas optaram em dar férias coletivas, sejam parciais ou totais, aos seus funcionários. Algumas suspenderam os contratos e jornada de trabalho. Já outras reduziram suas operações e liberaram as pessoas que estão no grupo de riscos. Todas essas medidas foram feitas para evitar as demissões”, avaliou Périco. 

Por outro lado, o empresário ponderou que os desligamentos ainda podem ocorrer no PIM. “Vai depender do mercado, uma vez que, aquele trabalhador que perdeu seu emprego também perdeu o poder de compra, com isso ele não vai consumir. Quem ainda tem emprego vai ficar inseguro e reduzir o consumo. E isso vai se refletir diretamente no mercado, o que pode provocar redução da demanda na indústria”, finalizou o presidente do Cieam.