Manaus, 26 de abril de 2024
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Eleições 2020

Em Manaus, evangélicos representam 55,7% dos eleitores aptos a votar em 2020

Na capital do Amazonas, onze candidatos disputam a cadeira de prefeito e a simpatia de 1.331.613 eleitores que votarão no dia 15 de novembro; desses nomes, quatro deles buscam se alinhar aos evangélicos; veja o perfil

Em Manaus, evangélicos representam 55,7% dos eleitores aptos a votar em 2020

Foto: Marcha Pra Jesus - Reprodução

A eleição para a Prefeitura de Manaus será definida, em sua maioria, pelos autodenominados evangélicos que representam 55,7% dos mais de 1,3 milhão de eleitores aptos a votar em um dos onze candidatos que tiveram os registros apresentados à Justiça Eleitoral em 2020.

De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, a capital amazonense tinha 640.785 mil pessoas consideradas evangélicas.

No entanto, um estudo de 2017, realizado pelo demógrafo José Eustáquio Alves, apontou que Manaus contabiliza 741,8 mil evangélicos.

No documento com título “Distribuição espacial da transição religiosa no Brasil”, José Alves busca identificar “uma tendência de mudança de hegemonia entre católicos e evangélicos”. Apesar de identificar o aumento da pluralidade religiosa no Brasil nos últimos anos, o texto diz que a prevalência dos denominados evangélicos está aumentando. Leia aqui o estudo.

Leia mais: Onze candidatos a prefeito de Manaus dão largada à campanha eleitoral neste domingo; veja a agenda

Todo esse universo de eleitores é alvo dos onze candidatos que buscam a Prefeitura de Manaus. No entanto, desses nomes, destacam-se as chapas de David Almeida (Avantes), Coronel Alfredo Menezes (Patriota), Capitão Alberto Neto (Republicanos) e Chico Preto (DC).

Dos referidos nomes, apenas David Almeida é declarado evangélico da Igreja Adventista do Sétimo Dia, os demais se declaram “cristãos” e alinhados ao pensamento religioso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Veja abaixo uma análise do perfil desses candidatos e como eles buscarão se alinhar ao público evangélico.

Religiosos

Todos os citados demonstram ter um posicionamento mais conservador e com linha ideológica inclinada para o bolsonarismo, como é o caso do ex-superintendente da Suframa, Alfredo Menezes, que se diz amigo do presidente Jair Bolsonaro e o único que tem o “DNA” dele.

Durante sua convenção partidária, foi possível perceber a predominância do discurso religioso em seu pronunciamento. Além disso, o evento foi todo embalado por músicas do gênero gospel. Nas redes sociais, o pré-candidato também expõe manifestações religiosas.

Outro pré-candidato que deverá apostar na fé divina para obter votos é David Almeida. Assim como o coronel Menezes, o discurso do ex-deputado estadual durante as convenções partidárias foi bastante voltado para a religião.

Nas redes sociais, inclusive, David Almeida posta diversas fotos indo à igreja ou até mesmo vídeos cantando músicas do gênero gospel, junto de sua família.

Além da ala militar, o deputado federal Capitão Alberto Neto deverá mirar, também, na bancada evangélica, visto que o presidente do seu partido, o Republicanos, é o deputado federal e pastor da Assembleia de Deus, Silas Câmara.

O líder religioso, inclusive, realizou diversas viagens pelo interior do Amazonas, na última semana, participando de convenções partidárias municipais. Ele também esteve no evento que confirmou Alberto Neto como pré-candidato à Prefeitura de Manaus.

Por fim, vem o prefeiturável Chico Preto, que é vereador na Câmara Municipal de Manaus (CMM), pela legenda Democracia Cristã (DC), que já diz muita coisa, também buscará o voto da população evangélica. Pelas redes sociais, o vereador se mostra uma pessoa muito religiosa, o que, às vezes, é criticado até pelos seus amigos virtuais na página do Facebook.

Especialista

Para o advogado e cientista político Carlos Santiago, “pastores, padres e líderes espirituais são cobiçados para agirem como cabos eleitorais”.

“O Brasil é um dos países mais religiosos do mundo. Por isso, existe toda uma movimentação de candidatos nas eleições para obtenção dos votos de pessoas com identificação religiosa. A fé e a religiosidade são tão fortes que nenhum candidato ousa em dizer que é ateu”, explicou Santiago.

Com uma sociedade demasiadamente religiosa, ele acredita que as eleições deste ano estarão carregadas de fé e patriotismo. Porém, segundo o cientista político, é necessário que o eleitor entenda que deverão ser eleitos vereadores e prefeitos que vão cuidar de toda a população manauara.

“Até pode existir estratégia eleitoral para conquistar votos dos grupos religiosos, mas, sem deixar de agir e administrar com todos e para todos”, concluiu Carlos Santiago.