Manaus, 27 de abril de 2024
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Cenário

Em 2021, parceria David Almeida e David Reis é marcada por desperdício de dinheiro público

Aliados políticos e eleitos pelo mesmo partido em 2020, o Avante, David Almeida e David Reis têm mais que o primeiro nome em comum

Em 2021, parceria David Almeida e David Reis é marcada por desperdício de dinheiro público

David Reis e David Almeida em solenidade. Foto: Robervaldo Rocha / CMM

MANAUS, AM – Aliados políticos e eleitos pelo mesmo partido em 2020, o Avante, David Almeida e David Reis têm mais que o primeiro nome em comum: ambos tiveram o 1º ano de mandato marcado, do início ao fim, por diversas polêmicas, envolvendo principalmente gastos milionários e desperdício de dinheiro público.

Uma série de reportagens mostrada pelo Portal Amazonas1 escancarou que, ao longo de 2021, o prefeito de Manaus, David Almeida, priorizou gastos desnecessários enquanto população é obrigada a conviver com falta de infraestrutura, saneamento básico e transporte coletivo de péssima qualidade.

Entre os gastos excessivos estão as calçadas coloridas que custaram cerca de R$ 27 mil aos cofres públicos. Com um desejo de transformar Manaus em uma aquarela, o prefeito pintou cada calçada da cidade, e aquelas que precisavam de revitalização foram maquiadas para entrar no “padrão Almeida”.

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Com o orçamento “apertado”, o prefeito de Manaus não se importou de promover grandes eventos na cidade. O aniversário de Manaus foi comemorado em grande estilo, com três dias de festa para um público de três mil pessoas. Por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), a Prefeitura de Manaus gastou R$ 2 milhões somente em estrutura de evento.

Os valores absurdos para festas não param por aí. Mesmo em pandemia, David Almeida quis fechar 2021 em grande estilo e preparou um show com o cantor Luan Santana, e, para tal, seriam desembolsados 600 mil reais somente para o artista.

Ao todo, as festividades de fim de ano somavam cerca de R$ 10 milhões. No entanto, por pressão popular, a festa de Réveillon na cidade foi cancelada devido à nova variante do coronavírus, Ômicron. Mesmo assim, David Almeida não se abateu e fez um planejamento de R$ 13 milhões em fogos de artifício.

A queima de fogos seria realizada em 12 pontos de Manaus, mas o prefeito voltou atrás e decidiu cancelar o evento por conta do surto de gripe na cidade. A nota divulgada pela prefeitura não explicita como será o procedimento para cancelar as contratações feitas para a realização da queima de fogos.

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Mais dinheiro no cofre

Querendo gastar ainda mais, o prefeito David Almeida buscou todos os recursos para tentar ter mais dinheiro nos cofres da Prefeitura de Manaus. O prefeito, inclusive, foi até Brasília para pedir ajuda de R$ 1,2 bilhão ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Vale lembrar que o prefeito também esteve na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) para pedir recursos. Cada deputado destinará em torno de R$ 2 milhões para a Prefeitura de Manaus – o que turbinará o orçamento com mais de R$ 48 milhões, caso todos os parlamentarem repassem o valor.

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Além disso, Almeida também realizou um empréstimo de R$ 400 milhões do Banco do Brasil, mas o pagamento será feito a partir de novembro do ano que vem. A prefeitura vai pagar o valor com juros; a dívida deve ficar para o próximo prefeito, uma vez que o prazo estimado para o pagamento são 10 anos.

David Reis

À frente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), David Reis assinou diversos contratos com serviços e valores questionáveis, inclusive, alguns que causaram polêmica na capital. Um deles foi a homologação de R$ 3,1 milhões para garantir a transmissão ao vivo das sessões plenárias virtuais da Casa Legislativa.

O presidente também assinou dois contratos para atender a área da segurança na CMM. Para contratar agentes de portaria, o vereador vai pagar R$ 829 mil, já para segurança privada, a Casa Legislativa vai desembolsar meio milhão de reais.

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Outro gasto inusitado foi o valor R$ 83 mil para compra de café e açúcar para ser servido na Casa Legislativa. Segundo o contrato, foram 140 fardos de açúcar da marca Itamarati, com 30 quilos cada (4.200 pacotes), no valor unitário por quilo a R$ 5,83. Já o café da marca Kimimo custará R$ 7,75 a unidade e a CMM vai comprar 380 fardos com 20 unidades de 250 gramas cada (7.600 pacotes), somando um total de R$ 58.900.

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Logo após a divulgação do gasto, o Ministério Público do Amazonas (MP-AM) recebeu denúncia de suspeita de superfaturamento na compra dos produtos. A denúncia foi formalizada pelo Comitê Amazonas de Combate à Corrupção.

‘Puxadinho’ da CMM

Em setembro, a CMM foi protagonista de uma das maiores polêmicas deste ano na política: o ”puxadinho” de quase R$ 32 milhões. David Reis publicou um edital para a construção de um anexo II da Câmara Municipal, sob a justificativa de que muitos parlamentares possuem um gabinete pequeno demais, o que faz necessário a construção de um espaço maior aos vereadores.

O que causou polêmica foi o valor exagerado de R$ 31,9 milhões a ser destinado para as obras. Na capital, a aquisição foi altamente criticada pela população e pelos vereadores de oposição Amom Mandel (sem partido) e Rodrigo Guedes (PSC), que acionaram a Justiça do Estado para derrubar a licitação.

A ação foi acatada e a Justiça determinou a suspensão do certame. David Reis, entretanto, insistindo, recorreu, e não teve sucesso; suspensão foi mantida.

Em paralelo a isso, outra licitação dava conta da locação de picapes para cada um dos 41 vereadores. A medida também foi duramente criticada, o que fez com que David também revogasse a licitação dias depois.

David Reis dispensou licitação para obras emergenciais de reforma estrutural na cobertura da sede da Câmara Municipal, que vão custar R$ 1,6 milhão. As obras se dão em razão de alguns tetos de gabinete que teriam caído com as fortes chuvas que se abateram sobre a capital nos últimos dias. Um dos gabinetes afetados na Câmara foi o de Rodrigo Guedes e do gabinete de Sassá da Construção Civil (PT).

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Na lista de contratos duvidosos também consta a aquisição de placas e materiais de identidade visual ao custo de R$ 1,7 milhão. Os itens variam e vão desde a confecção de cartão de visitas até a confecção de medalhas, passando por placas de latão dourado, placas de inauguração, troféus, carimbos, diplomas e até cordões para crachás e camisetas. Ao todo, o registro de preços contempla 28 itens, com mais de 11 mil unidades.

Licitação

Já na reta final do ano legislativo, a gestão de David Reis quer realizar uma licitação na próxima quarta-feira (29) para aquisição de 894 novos móveis entre gaveteiros, armários, mesas, balcão para copa e painéis. A vencedora do pregão terá 30 dias para confeccionar, montar e instalar os móveis planejados, confeccionados em MDF.

Para realizar o processo licitatório, a direção justificou apenas que a Câmara Municipal de Manaus é uma casa legislativa com grande visitação pública, e que considerou a importância dos serviços prestados à sociedade manauara, sendo “importante oferecer ao corpo de vereadores, aos funcionários e sobretudo aos visitantes ocasionais, uma estrutura física interna à altura dos interesses comuns representados, disponibilizando instalações e ambientes devidamente projetados para o pleno cumprimento das atividades”.

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