Manaus (AM) – O número de casos confirmados de infecção por coqueluche aumenta no Brasil. Em 2024, houve um aumento de 56% no índice de casos confirmados de infecção, aponta boletim epidemiológico.
No ano passado, o Ministério da Saúde foi notificado de 217 casos, já em 2024, esse número subiu para 339, os dados foram atualizados até o mês de julho.
Felizmente, o Amazonas se encontra fora dessa ascensão nacional de casos da infecção por coqueluche. Em 2024, entre o período de janeiro até julho, houve somente um caso confirmado da doença em todo o estado.
Mudanças climáticas
Ao Portal AM1, a médica infectologista do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, doutora Marli Sasaki, disse que as mudanças climáticas podem ser uma das razões de influência à propagação de doenças infecciosas.
“As mudanças na temperatura e umidade podem afetar a sobrevivência e a transmissão de bactérias e vírus. Condições climáticas mais favoráveis podem permitir que o agente causador da coqueluche, Bordetella pertussis, sobreviva por mais tempo no ambiente. Além disso, essas mudanças podem alterar os padrões de migração de pessoas e animais, levando à propagação de doenças para novas áreas. Sazonalidade tem relação com doenças respiratórias”, explica Sasaki.
Como a coqueluche é uma doença respiratória infecciosa e transmissível, o contato direto de uma pessoa não vacinada por meio de gotículas, pode ocasionar a infecção pelo vírus. Segundo o Ministério da Saúde, o período de aparição dos sintomas é de, em média, 5 a 10 dias. O período pode variar também de 4 a 21 dias e, raramente, até 42 dias.
Porém, conforme a infectologista Dra.Marli Sasaki, a forma de se prevenir contra a doença é a vacinação na infância com doses de reforço.
Infecção em adultos
Mesmo que a faixa etária média de casos de infecção de coqueluche sejam de crianças entre 0 a 9 anos, a coqueluche também pode ser adquirida por adultos vacinados, isso porque, conforme a especialista, os adultos podem sofrer com a queda da imunidade conferida pela vacina com o tempo.
“Os adultos podem adquirir coqueluche pela queda da imunidade, mesmo tendo sido vacina. Nos adultos os sintomas podem ser mais leves e não característicos do que nas crianças, levando a um diagnóstico mais tardio”, explica Sasaki.
Morbidade
O Ministério da Saúde aponta que os números de morbidade pela infecção já foram elevados.
No início da década de 1980, eram notificados mais de 40 mil casos anuais e o coeficiente de incidência era superior a 30/100 mil habitantes. Com os avanços da saúde e tecnologia, esse cenário é mais positivo no combate à doenças infecciosas.
Especialmente, quando o assunto é relacionado às vacinas, o diretor médico da Saúde Livre Vacinas, Dr. Fábio Argenta, relata que a baixa cobertura vacinal está entre as razões principais para a elevada incidência de casos de coqueluche.
“O aumento de casos tem maior relação com a falta de vacinação. Segundo o último levantamento do Ministério da Saúde, foram identificados entre janeiro a abril deste ano, 41 casos em todo o Brasil, sendo São Paulo um dos estados com número expressivo de contaminados, registrando 25 novos casos suspeitos, 17 deles confirmados, seis descartados e dois estão sob investigação. Esse aumento se deve principalmente a queda na cobertura vacinal da vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche”, disse Argenta.
Fábio Argenta explica que a coqueluche possui uma característica peculiar. Mesmo a vacinação sendo a via ideal de prevenção contra a doença, a eficácia contra a coqueluche pode ser reduzida com o tempo.
“A vacina é a melhor forma de prevenção, mas a eficácia dela contra coqueluche pode diminuir ao longo do tempo, deixando as pessoas suscetíveis à infecção. Por isso, mesmo que o indivíduo tenha cumprido as doses de imunização quando criança, o indicado é que ele faça um reforço a cada dez anos na fase adulta”, pontua doutor.
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