Manaus, 7 de maio de 2024
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Manaus, 7 de maio de 2024

Cidades

Em meio à pandemia, organizações indígenas do AM pedem doações para sobreviver

Diversas organizações tem buscado apoio financeiro para continuar sobrevivendo e ajudando tribos indígenas em Manaus e no interior do estado

Em meio à pandemia, organizações indígenas do AM pedem doações para sobreviver

Foto: Márcio Silva/Amazonas1

MANAUS, AM – Em meio à pandemia da covid-19, muitas organizações dos direitos indígenas do Amazonas tem lutado para continuar existindo. Sem renda própria, muitas delas dependem de auxílio do governo estadual.

Em sua maioria, estas entidades trabalham ajudando comunidades e tribos indígenas em todo o Amazonas. Durante a pandemia, o auxílio a essas comunidades aumentou ainda mais, visto que, devido ao isolamento social, muitos indígenas tiveram que deixar grande parte de suas atividades econômicas.

Mesmo durante a pandemia, o auxílio do governo continuou. Prova disso é que, em todo o ano de 2020, a Fundação Estadual do Índio (FEI) distribuiu pouco mais de 550 toneladas de cestas básicas para as comunidades indígenas. Junto com as cestas, também foram doados kits de higiene pessoal e máscaras, para conter o avanço da covid-19 entre as populações nativas.

Leia mais: Resistência em meio à pandemia: conheça o trabalho da Associação de Mulheres Sateré-Mawé

Medicina indígena

No entanto, muitas entidades ainda precisam de apoio. Uma delas é o Centro de Medicina Indígena Bahserikowi’i, localizado na rua Bernardo Ramos, 97, no Centro de Manaus. De acordo com o coordenador do Centro, João Paulo Barreto, da etnia Tukano, desde que a entidade foi fundada, ela tem se mantido com as taxas que são pagas pelos pacientes após cada atendimento.

“Aqui, quem faz os atendimentos são os especialistas indígenas, os pajés. Nesse período de pandemia, não houve movimento, porque as pessoas não iam se consultar no Centro. Tem sido um período muito complicado, e por isso nós estamos angariando doações para ajudar os pajés. Afinal, cremos que essas doações são formas de reconstruir um conhecimento que foi sepultado pelos colonizadores”, comentou Barreto.

Centro de Medicina Indígena funciona na rua Bernardo Ramos, no Centro Histórico de Manaus. Foto: Divulgação

João Paulo, que é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), salienta que é importante que o Centro continue existindo. Segundo ele, os indígenas estão presentes na Amazônia há mais de 13 mil anos, manejando a terra, a floresta e os rios, desenvolvendo tecnologias e a medicina.

“São mais de 13 mil anos manejando a nossa medicina, cuidando tanto da saúde individual como da saúde coletiva. Meu tio e meu pai, de 97 e 92 anos de idade, tiveram covid-19, e se trataram usando os remédios da medicina indígena. Vale a pena valorizar as práticas de saúde do nosso povo”, completa.

Quem quiser doar quaisquer valores para o Centro de Medicina Indígena, pode fazer um PIX para a entidade, por meio da chave CNPJ 12.462.811/0001-93. Mais informações para contato podem ser obtidas pelo telefone (92) 9 8471-2307.

Alto Solimões

Na região do Alto Rio Solimões, outra entidade também tem auxiliado tribos indígenas durante a pandemia do SARS-CoV-2. É a Associação dos Witoto do Alto Solimões (AWAS), localizada no município de Amaturá. Fundada em 2003, a associação atende as aldeias Colônia e São Domingos, na zona rural do município. Além disso, também são atendidos indígenas que residem na área urbana de Amaturá e de Santo Antônio do Içá.

“Nossa principal necessidade, hoje, é de cestas básicas, roupas, recursos, gasolina para a visita nas aldeias e remédios. Hoje, a AWAS atende cerca de 180 famílias nos dois municípios, todas da etnia Witoto”, diz Anderson Ortega, presidente da associação.

A AWAS atende aldeias indígenas nos municípios de Amaturá e Santo Antônio do Içá, no Alto Solimões. Foto: Anderson Ortega/AWAS

Ainda segundo Anderson, em Amaturá vivem cinco etnias, com um total de duas mil famílias. “Hoje, nós só conseguimos atender e ajudar os Witoto. No entanto, penso que seria muito bom se conseguíssemos atender as demais etnias”, salienta.

Os interessados em doar recursos para a AWAS podem fazê-lo por meio da chave PIX 035.928.852-94, em nome de Érick Júnior Barroso Ortega. Informações sobre outras formas de doação podem ser obtidas pelo telefone (97) 9 8106-6200.

Mulheres Sateré

As mulheres indígenas também foram duramente afetadas pela pandemia. A Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (AMISM), que representa mulheres da etnia Sateré-Mawé que vivem em Manaus, tem trabalhado com a fabricação de máscaras e outros artigos, todos com a temática indígena.

Todos os artigos fabricados pelas mulheres Sateré são expostos no perfil @amism_sateremawe. Antes da pandemia, elas fabricavam somente artesanato, mas a partir da tragédia global, elas passaram a fabricar máscaras, bolsas e roupas, todas com a temática indígena.

Cada artigo fabricado pelas artesãs da Associação carrega grafismos indígenas. Foto: Nathalie Brasil

“Nós já mandamos as máscaras para o interior do estado e para outros lugares do Brasil, além de aldeias nos municípios de Lábrea, Jutaí e Santo Antônio do Içá. Além disso, várias empresas e entidades compraram a ideia e resolveram adquirir as máscaras. Pra [sic]  gente, isso é gratificante, porque é daí que está começando a vir o sustento para essas mulheres tão aguerridas. Antes de fazer as máscaras, com a pandemia, achávamos que não íamos ter mais sustento, e agora temos”, afirma Sâmela Marteninghi, secretária da Associação.

A sede da AMISM está localizada na rua Marçal, 288, no bairro Compensa. E para quem quiser adquirir os produtos produzidos pelas artesãs saterés pode entrar em contato pelo Instagram, pelo Facebook ou pelo WhatsApp: (92) 9 8159-2712. “Hoje, quem compra um artigo produzido pela AMISM ajuda um grupo de mulheres que está em busca do seu sustento”, salienta.