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Brasil

Especialistas comentam pesquisas sobre uso medicinal de canabidiol

Especialistas comentam pesquisas sobre uso medicinal de canabidiol

No fim de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou a importação de remédios à base de canabidiol. No entanto, o uso da maconha in natura é proibido no Brasil. (Fonte: Divulgação/CRF/MG)

O uso de canabinoides, substâncias presentes na maconha, em diferentes tipos de tratamento foi tema da nona edição do USP Talks, nesta quarta-feira, 29, na Livraria Cultural do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Durante o evento, também foram debatidos os efeitos danosos da maconha no organismo de quem fuma e a legalização no Brasil.

Um dos participantes do debate, o professor titular de psiquiatria no Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), José Alexandre Crippa, afirma que há estudos sobre os benefícios do uso terapêutico do canabidiol. O especialista acrescenta que é importante esclarecer o assunto à sociedade.

Diante do auditório lotado, principalmente por jovens, Crippa defendeu que as pesquisas são importantes para comprovar a eficácia, efeitos colaterais e dosagem correta da substância. “O debate permite que as pessoas possam ter a própria opinião. Estamos fazendo vários estudos clínicos em Ribeirão Preto. Vamos iniciar um com 126 crianças com epilepsia. Tem pesquisa do uso de canabidiol na prevenção de estresse pós-traumático em mulheres vítimas de abuso sexual. Também estamos planejando ensaios clínicos para tratar pacientes com autismo e epilepsia. Colaborar para que o canabidiol chegue em breve às farmácias”, destacou Crippa. Ele salienta que os esclarecimentos deixam mais ricos os debates sobre a legalização.

Ao enfatizar o posicionamento contra a legalização e a descriminalização da maconha, o professor do Departamento de Psiquiatria e coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ronaldo Laranjeira, explicou que é preciso diferenciar o uso terapêutico do canabidiol do consumo in natura da maconha. “As pessoas que fumam a maconha, fumam mais de 400 substâncias, além do canabidiol e THC. O consumo crônico da maconha principalmente na adolescência traz sérios riscos à saúde mental, como perda de memória e dificuldade de aprendizagem. A maconha não afeta somente o indivíduo, mas a família toda”, alertou Laranjeiras.

O debate entre especialistas despertou também uma discussão entre a plateia. A bióloga Camila Conceição, de 23 anos, defende debates que ajudam a esclarecer assuntos importantes à sociedade. “É interessante para a minha formação profissional. Eu sou a favor do uso terapêutico e do uso recreativo da maconha. Outros países fazem uso recreativo e não há prejuízos à sociedade”, defendeu. Mesma opinião é compartilhada pelo estudante Nicolas Chave da Cunha, de 19 anos. “O assunto é polêmico e os debates são importantes. Eu sou a favor do uso terapêutico e do uso recreativo”.

No fim de 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentou a importação de remédios à base de canabidiol. No entanto, o uso da maconha in natura é proibido no Brasil.

O USP Talks é um evento da USP realizado em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo e a Livraria Cultura na última quarta-feira de cada mês. Especialistas falam sobre temas que estão em discussão no noticiário durante encontro que também tem a participação da sociedade.

Fonte: Estadão