Manaus (AM) – A necessidade de reduzir a capacidade de carregamento de navios para o transporte de insumos básicos devido à estiagem deve encarecer produtos da cesta básica e materiais utilizados na construção civil – é o que afirmou Luís Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (Abac) ao Portal AM1 neste sábado (16).
Conforme Resano, algumas empresas de cabotagem estão reduzindo a capacidade de transporte para o Amazonas devido à vazante.
Em um comunicado, a empresa Log-in informou que, com base em sondagens realizadas por várias embarcações que viajaram de Manaus e outros destinos, foi observado que os navios serão afetados pela vazante do rio Amazonas.
Diante desse cenário e priorizando a segurança da operação, a empresa reduziu a capacidade de embarque e suspendeu a aceitação de novos pedidos de envio com destino a Manaus.
A redução de transporte para Manaus deve afetar outras regiões próximas, segundo Resano, já que a capital do Amazonas é um grande centro logístico que distribui produtos para toda a região. A perspectiva não é nada boa para este ano, segundo o diretor-executivo.
“O ritmo com o que está baixando o rio Amazonas e os problemas na enseada do Madeira, que é o ponto crítico, hoje, para a passagem dos navios de cabotagem faz com que nós levemos a previsão de que no mês seguinte (outubro), talvez, já tenhamos uma redução de 50% a 60% da capacidade dos navios”, disse Resano.
Conforme o especialista, a redução terá impacto direto na indústria, seja com a falta de fornecimento de insumos ou a retirada dos produtos.
“Especialmente da Zona Franca de Manaus, mas também devemos lembrar que Manaus, a região amazônica, é muito dependente de outros insumos, tipo arroz, feijão, areia, ferro, cimento para construção civil. Isso vai haver um encarecimento dos produtos na prateleira dos supermercados”, avaliou.
Para o diretor-executivo, é necessário que a sociedade pressione o governo federal. “A Marinha alega que a situação está normal, mas, a perspectiva é de piorar muito. A estimativa é que (a estiagem) se prolongue até o ano que vem. Precisamos do governo, seja o Dnit, Marinha, Ministério dos Portos e Aeroportos, ANA, para mitigar esse problema, não vai fazer chover, mas precisa fazer com que haja dragagem, sejam feitas batimetrias mais frequentes para que os navios com maior capacidade possam continuar passando e abastecendo a região”, afirmou Resano.
Alerta nos municípios
Segundo levantamento realizado pela Defesa Civil do Amazonas, quatro municípios já se encontram em situação de emergência. São eles: Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, na calha do Alto Solimões; Envira e Itamarati, na calha do Juruá. Outras 15 cidades estão em situação de alerta e 13 em estado de atenção.
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