Brasília (DF) – Investigação realizada pelo UOL revela que as tentativas de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reeleger, por meio de benefícios à população de baixa renda, não surtiu efeito.
Tai atitudes também resultaram em um rombo nas reservas da Caixa Econômica Federal. Em março de 2022, Bolsonaro e o então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, assinaram duas medidas provisórias.
A primeira criou uma linha de microcrédito para pessoas com dívidas pendentes, o chamado SIM Digital. O banco emprestou R$ 3 bilhões ao programa, que repassava valores entre R$ 300 a R$ 1.000 a pessoas com dívidas de até R$ 3 mil. Bastavam alguns cliques no celular para contratar o empréstimo.
Em um único dia, mais de 50 mil contratos foram assinados, o maior número já visto pela Caixa até aquele momento. Os empréstimos foram suspensos de forma sigilosa em junho de 2022, logo após a saída de Guimarães por denúncias de assédio sexual e moral.
A inadimplência chegou a 80% este ano. Parte das dívidas deve ser coberta com verbas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).
Pagamento incerto
Outra medida consistiu na liberação de empréstimos consignados no Auxílio Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, a Caixa liberou R$ 7,6 bilhões, o que motivou críticas pela redução do benefício para pagamento de dívidas.
O índice de procura pelo consignado foi recorde. Em média, o banco emprestou R$ 447 milhões por dia útil. O auge ocorreu em 20 de outubro: R$ 731 milhões. Em 30 de outubro, Bolsonaro perdeu as eleições, por uma diferença de dois milhões de votos. O banco cancelou o crédito sem aviso oficial logo após a vitória de Lula.
Este ano, mais de 100 mil devedores foram excluídos do Bolsa Família e o pagamento das parcelas do crédito é incerto.
A estratégia resultou na queima de reservas do banco. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo da instituição — um indicador de risco — chegou ao menor nível já registrado.
Pedro Guimarães não quis comentar. O UOL também procurou o advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que não respondeu.
(*) Com informações do UOL
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