Manaus, 24 de maio de 2024
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Manchete

Ex-secretário de Fazenda, Afonso Lobo se entrega à Polícia Federal

Ex-secretário de Fazenda, Afonso Lobo se entrega à Polícia Federal

Ex-secretário da Fazenda do Amazonas está sendo investigado na Operação Maus Caminhos. (Foto: Reprodução)

Manaus – Um dia depois da prisão dos demais alvos da Operação Custo Político, o ex-secretário de Estado de Fazenda (Sefaz), Afonso Lobo, se apresentou à Polícia Federal no fim da tarde desta quinta-feira (14). Ele foi único alvo da PF não encontrado na última quarta-feira (13). Segundo notícia publicada pelo Blog da Floresta, Paulo Ney Simões, o pai da juíza Ana Paual Serizawa, que ordenou as prisões, é advogado de uma empresa da qual o ex-secretário é sócio, a Tapajós Comércio de Perfumaria.

Lobo não havia sido encontrado pela PF na última quarta-feira (Foto: Divulgação/Aleam)

Ainda na quarta-feira, o chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros, delegado Alexandre Teixeira, informou que a PF foi até a casa de Lobo, que tinha um mandado de prisão preventiva expedido em seu nome, mas não o encontrou.

Nesta fase, foram cumpridos 3 mandados de prisão preventiva, 9 mandados de prisão temporária, 27 conduções coercitivas, 27 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de sequestro de bens móveis
e imóveis, incluindo uma aeronave Cessna560 XLS.

Entre os presos estão ex-secretários de Estado: Wilson Alecrim e Pedro Elias, da Saúde, Evandro Melo, que é irmão do governador cassado José Melo, da Administração, e Raul Zaidan, da Casa Civil. O coronel Aroldo Ribeiro, da Polícia Militar, também foi preso.

Em outubro, o  Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-secretário de Fazenda por falso testemunho. Segundo o MP, Lobo fez afirmações falsas em duas ocasiões, durante o depoimento compromissado prestado à 4ª Vara Federal do Amazonas, no dia 26 de junho deste ano. Ele foi convocado como testemunha de defesa de Priscila Marcolino Coutinho, uma das acusadas de comandar um esquema milionário de desvios de verbas da saúde no Estado.

Desvios milionários

A Operação Custo Político investiga a participação de agentes públicos em esquema de propina que desviou cerca de R$ 20 milhões em recursos destinados à saúde no Amazonas. Ontem, a PF cumpriu mandados de prisão, de busca e apreensão e sequestro de bens determinados pela Justiça em Manaus, Recife, São Paulo e Brasília.

Maus Caminhos

Em 2016, a Operação Maus Caminhos desarticulou um grupo que possuía contratos firmados com o governo do Estado para a gestão da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Campos Sales, em Manaus; da Maternidade Enfermeira Celina Villacrez Ruiz, em Tabatinga; e do Centro de Reabilitação em Dependência Química (CRDQ) do Estado do Amazonas, em Rio Preto da Eva.

A gestão dessas unidades de saúde era feita pelo Instituto Novos Caminhos (INC), instituição qualificada como organização social.

As investigações que deram origem à operação demonstraram que, dos quase R$ 900 milhões repassados, entre 2014 e 2015, pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) ao Fundo Estadual de Saúde (FES), mais de R$ 250 milhões teriam sido destinados ao INC.

A apuração indica o desvio de R$ 50 milhões em recursos públicos, além de pagamentos a fornecedores sem contraprestação ou por serviços e produtos superfaturados, movimentação de grande volume de recursos via saques em espécie e lavagem de dinheiro pelos líderes da organização criminosa.

Alegações finais

Nesta semana, o MPF no Amazonas apresentou as alegações finais à Justiça contra quatro denunciados criminalmente no principal processo resultante da Operação Maus Caminhos.

No documento, o MPF pede a condenação dos acusados por organização criminosa e embaraçamento de investigação, entre eles os réus Mouhamad Moustafa e Priscila Marcolino, que formavam a cúpula do grupo.

O processo está em tramitação na 4ª Vara Federal do Amazonas e aguarda decisão judicial.