MANAUS, AM – A música-tema para a campanha de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) parece já estar definida pela base de aliados e apoiadores do chefe do Executivo nacional. A melodia se trata de um funk em uma versão “proibidão” que faz diversos ataques a opositores da base política e eleitores.
A música denominada “Proibidão Bolsonaro” é uma versão do funk “Baile de Favela” lançada em 2016 por funkeiros brasileiros. A melodia, que já traz frases de cunho sexual e agressiva, conseguiu ser modificada para uma forma ainda mais pesada e embalar a campanha eleitoral de Bolsonaro. A melodia também foi usada em alguns momentos no primeiro ano de governo do presidente, em 2018.
Desde sua filiação ao Partido Liberal no início de dezembro, o “Proibidão de Bolsonaro” tem sido a música principal para declarar apoio ao presidente. Enquanto esperavam a chegada de Jair Bolsonaro, filiados do PL incluíram a música na playlist da cerimônia.
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A música, que tocou em loop enquanto os convidados chegavam ao auditório, traz uma letra que exalta Bolsonaro, mas também ataca opositores, especialmente mulheres. Em um trecho, a melodia traz estrofes como: “Maria do Rosário não sabe lavar panela/ Jandira Feghali nunca morou na favela/ Luciana Genro apoia os sem-terra/ Mas não dá o endereço para invadirem a casa dela”.
A letra foi criada em 2018 por Tales Volpi Fernandes, também conhecido como MC Reaça, que, na época, era publicamente elogiado pelo presidente. Um ano depois, o MC cometeu suicídio. As investigações policiais apontaram que o cantor tirou a própria vida depois de ter espancado a namorada.
Segundo o boletim de ocorrência registrado pela esposa do MC, dizia que a mulher deu entrada no hospital com edemas na face e no olho, além de fraturas no maxilar. Ela havia prestado queixa contra o cantor por lesão corporal e violência doméstica.
Porém, Bolsonaro não parece se importar com os fatores de desrespeito a mulheres que rondam a escrita e divulgação da melodia, uma vez que, no último fim de semana, o presidente foi flagrado dançando funk com apoiadores em uma lancha, no Guarujá, ao som do funk “Proibidão do Bolsonaro”. Nem mesmo o apoio dos evangélicos abalou o presidente em sua identificação com o funk.
Para a ativista social dos direitos das mulheres e componente da bancada feminina do Psol, Michelle Andrews, a paródia é uma vergonha e representa de forma clara as intenções do governo Bolsonaro.
“Tem tudo a ver com esse presidente atual e a mobilização de ódio que o levou até o poder. Com mais de 600 mil mortos em uma pandemia que contou com o estímulo desse senhor, com o aumento da miséria e milhões de pessoas voltando a passar fome, a população brasileira já não consegue olhar para esse tipo de manifestação sem sentir nojo”, comentou.
Ainda segundo Michelle, a canção nem mesmo deveria ser repercutida no cenário político e social do Brasil, uma vez que reúne diversos fatores de despeito e desrespeito com a sociedade em geral.
“O contexto dessa música e o fim trágico do criador dela já são o suficiente para entendermos que merece esquecimento, não comentários”, finalizou a ativista.
Confira a letra da música:
Ele veio quente e hoje tá fervendo
Ele veio quente e hoje tá fervendo
Quer desafiar? Não tô entendendo
Pra votar Bolsonaro minha mão já tá tremendo
Dou pra CUT pão com mortadela
E pras feministas, ração na tigela
As mina de direita são as top mais bela
Enquanto as de esquerda tem mais pelo que cadela
Bolsonaro salta de paraquedas
Bolsonaro, capitão da reserva
E o Bolsonaro casou com a Cinderela
Enquanto o Jean Wyllys só tava vendo novela
Maria do Rosário não sabe lavar panela
Jandira Feghali nunca morou na favela
Luciana Genro apoia os sem-terra
Mas não dá o endereço pra invadirem a casa dela
Essa juventude só se degenera
Pega o Paulo Freire e manda pra estratosfera
Um Brasil pra frente é o que o povo espera
Vamo distribuir livro do Olavo pra galera
Ciro Gomes, baita Zé ruela
Lula preso dentro de uma cela
Paga de comuna e mente à vera
Mas vai pra Nova York quando pode, a Manuela
Bolsonaro salta de paraquedas
Bolsonaro, capitão da reserva
E o Bolsonaro casou com a Cinderela
Enquanto o Jean Wyllys só tava vendo novela
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