Manaus, 27 de abril de 2024
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Manaus, 27 de abril de 2024

Cidades

Histórias de mulheres amazonenses que se superaram e deram a volta por cima

Neste Dia Interacional da Mulher, o Portal AM1 conta a história de três mulheres que enfrentaram desafios e se superaram.

Histórias de mulheres amazonenses que se superaram e deram a volta por cima

As histórias dessas três mulheres são marcadas por superação - (Foto: Arquivo Pessoal)

Manaus (AM) – Elas enfrentaram adversidades, superaram as expectativas e reescreveram o próprio destino. Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, o Portal AM1 conta a história de três mulheres amazonenses que, com coragem e perseverança, deram a volta por cima, provando que a determinação pode vencer qualquer obstáculo.

A história da empresária Ana Cristina Ferreira, 46 anos, no empreendedorismo começou após ela ser demitida de um escritório de táxi. Devido à demissão, que considerou injusta, Ana se viu em uma situação desfavorável, sem recursos e com incertezas sobre o futuro. Mas foi nesse momento de angústia que sua jornada tomou um rumo inesperado.

Ana Cristina relembra um momento de profunda conexão espiritual em que, em meio às lágrimas e aflições, ouviu uma voz interior que lhe dizia para montar uma loja plus size. Inicialmente, ela viu essa ideia como absurda, dada a falta de recursos e o panorama desafiador que enfrentava. No entanto, essa voz persistiu, guiando-a com uma clareza inabalável.

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Cristina começou a empreender em um momento delicado de sua vida – (Foto: Arquivo Pessoal)

Assim nasceu a “Mulherão”, uma loja que não apenas oferece roupas plus size, mas que carrega consigo uma mensagem de empoderamento e reinvenção feminina. Para Ana Cristina, “Mulherão” não é apenas um nome, é uma afirmação de que todas as mulheres, independentemente de seus tamanhos ou histórias, têm o poder de se reerguer e se enxergar com amor e respeito.

O início foi modesto. Com um empréstimo de uma amiga, Ana Cristina deu os primeiros passos, comprando roupas para revender. Nos primeiros anos, a oferta de roupas plus size era limitada, mas Ana Cristina persistiu, buscando constantemente novidades e opções para suas clientes.

“Eu não tinha R$ 1. Então, falei com uma amiga e ela me emprestou o cartão dela. A primeira compra foi de R$ 700. No começo, as roupas não tiveram uma boa saída, mas eu comecei a pesquisar modelos novos e encontrei uma fornecedora em Fortaleza e os modelos venderam muito. A partir daí, o negócio começou a engrenar”, lembra.

A loja, que começou em sua própria casa, logo expandiu. O crescente reconhecimento e demanda levaram Ana Cristina a buscar um espaço comercial mais adequado. Após alguns desafios, encontrou um espaço ideal, que não apenas atendia suas necessidades logísticas, mas que parecia ter sido preparado especialmente para ela.

Hoje, a “Mulherão”, localizada no terceiro andar do minishopping Sucatão, na rua Henrique Martins, no Centro de Manaus, é mais do que uma loja de roupas, é um símbolo de superação e perseverança para Ana Cristina.

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Hoje Cristina ganhou grande reconhecimento no ramo de lojista em Manaus – (Foto: Arquivo Pessoal)

“Hoje, eu vivo dessa loja, ela já me proporcionou muitas coisas, inclusive, uma casa, um carro. Mas estamos o tempo todo nos reinventando. A loja vai fazer sete anos, mas ficou conhecida mesmo há seis e, através desta loja, muitas mulheres começaram a empreender também”, conta Ana.

A empresa enfatiza que a jornada empreendedora é repleta de desafios, mas com fé, determinação e persistência, é possível transformar adversidades em oportunidades e alcançar o sucesso.

“A empreendedora precisa persistir. No primeiro momento, você não vai ter lucro, você não vai ter retorno. Mas se você persistir, você consegue vencer. As lutas vêm para todo mundo. Cabe a nós decidir se elas vão nos derrubar ou se elas vão só nos balançar”, pontua a empresa.

Kamila Andrade se libertou de um relacionamento abusivo

Outra história de superação é de Kamila Andrade, autônoma, de 31 anos. A manauara, infelizmente, faz parte de uma estatística que cresceu muito nos últimos anos: o de mulheres em relacionamentos abusivos. Entretanto, Kamila se libertou do círculo vicioso e hoje conseguiu se erguer.

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Kamila conseguiu se libertar de um relacionamento abusivo e se reencontrou – (Foto: Arquivo Pessoa)

Kamila conta que viveu um relacionamento de oito anos, sendo os primeiros cinco anos estáveis, porém, os últimos três foram bem conturbados, marcados por traições e manipulações por parte do parceiro.

“Eu descobri várias traições. Entre elas, eu peguei ele na situação, uma situação bem delicada, no qual Deus me preparou para aquele momento. Para que eu soubesse lidar com a situação, eu diria. Eu vivi um processo muito sofrido. Eu fui no fundo do poço, como qualquer outra mulher que já vivenciou isso”, conta Kamila, que relembra que o ex-companheiro falava para as outras mulheres que ela era a ex mal superada, que vivia atrás dele. Entretanto, eles viviam um relacionamento.

Nesse tempo, eles tiveram várias idas e vindas. Durante um ano separados, Kamila procurou ajuda de uma psicóloga e afirma que conseguiu evoluir bastante, mas acabou reencontrando o ex e tentando mais uma vez.

“Além de me reencontrar, eu evoluí não só como pessoa, mas como profissional também. E como mulher. Então, depois dessa ajuda, eu achei que eu já estava preparada, mas a gente acabou se encontrando de novo, pois tínhamos amigos em comum e ele sempre usava isso para se aproximar”.  Nessa nova tentativa, ela conta que eles chegaram a noivar, mas a promessa de mudança não demorou muito e Kamila descobriu uma nova traição, que foi a gota d’água e a fez encerrar o círculo de vez.

“A nossa relação nunca mais foi a mesma. Devido à desconfiança. Ele sempre mentia e fazia a mentira dele virar a verdade absoluta. Ele me culpava muito das situações que aconteciam dentro da nossa relação. Me manipulava. Tentava me manipular de vários modos. Nessa última traição, descobri que ele estava com a pessoa há quase um ano e me taxava novamente como a ex mal superada”, conta.

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Kamila viveu anos de manipulação e, muitas das vezes, achava que a culpa era dela, mas conseguiu sair do círculo de abuso – Foto: (Arquivo Pessoal)

Mas em meio à escuridão, Kamila encontrou forças para se reerguer. “Levou muito tempo pra eu entender que a culpa nunca foi minha. E sim dele. A falta de caráter, de princípios, de valores sempre foi dele. Mas eu já estava mais forte devido ao tanto que já tinha sofrido, o meu coração já tinha sido tão calejado, que eu não conseguia mais sofrer e terminei de vez”, pontua.

A decisão de encerrar o relacionamento foi difícil, mas necessária. Kamila compreendeu que merecia mais do que um relacionamento baseado em mentiras e traições. Seu processo de reconstrução envolveu deixar para trás um ambiente tóxico e buscar um novo começo em outro lugar.

“Os maiores desafios que enfrentei durante esse processo de reconstrução foi sair desse ciclo que não é nada fácil.  Nós, mulheres, sabemos que é muito difícil sair de um relacionamento extremamente abusivo, manipulador, de engano, de mentiras. Um dos maiores desafios foi ter que enfrentar a situação real que estava acontecendo. Eu tive que deixar, sair do meu conforto, sair da minha casa e passar um período longe. Fui embora de Manaus para tentar reconstruir uma vida em outro lugar e deu super certo”, continua Kamila.

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Hoje Kamila é uma voz de encorajamento para mulheres que já passaram ou estão passando por relacionamento abusivo – (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao sair de sua zona de conforto, Kamila encontrou não apenas um novo lar, mas também um novo amor. Seu desejo de encontrar alguém que compartilhasse de sua fé e a respeitasse foi atendido, trazendo-lhe uma nova esperança para o futuro.

Durante sua jornada, Kamila marcou sua pele com tatuagens que representam seu renascimento e crescimento espiritual. Cada marca é um lembrete do poder da transformação e da importância de florescer onde quer que a vida a conduza.

Hoje, Kamila é uma voz de apoio e encorajamento para todas as mulheres que enfrentam relacionamentos abusivos e desafiadores. Sua mensagem é clara: não tenham medo de fechar os ciclos e abrir as portas para o novo. A verdadeira mudança começa quando decidimos nos valorizar e buscar o amor e o respeito que merecemos.

“Para sair desse ciclo, de fato, eu tive que entender que ele não ia mudar. Que por mais que eu quisesse a mudança dele, ele tinha que ser a pessoa que entendesse que ele precisaria mudar e ele nunca entendeu isso. Eu sou grata a Deus por ter me dado essa oportunidade de me reconstruir como mulher, principalmente. Hoje, eu sou uma mulher mais madura, mais forte, mais guerreira, pelas circunstâncias que eu passei”, enfatiza.

A Força e a determinação da “Tia da Trufa da Ufam”

Outra mulher forte que compartilhou sua história é Francisca Queiroz de Lima, aos 63 anos, a “Tia da Trufa”. Natural do município de Coari, ela é símbolo de resiliência, força e superação. Quem a vê com um sorriso sempre estampado em seu rosto não imagina o quanto Francisca enfrentou desafios ao longo de sua vida, mas sua determinação e coragem sempre a conduziram em frente.

A história dela é marcada por momentos difíceis e desafios que poderiam ter desencorajado até mesmo os mais fortes de espírito. Francisca não teve uma vida fácil. Ela foi vítima de abuso físico e emocional por parte de seu ex-marido. Em uma época em que ela se considerava ingênua e inocente, Francisca suportou abusos que teriam quebrado muitas pessoas. No entanto, sua determinação em buscar uma vida melhor a impulsionou para além das sombras do passado.

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A história da “Tia da Trufa” também é marcada por grandes desafios e círculos de violências – (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu era tão boba. Uma pessoa inocente na época em que eu estava casada, eu não sabia nem o que era relacionamento abusivo de tão inocente que eu era. Sofri muitos abusos do meu ex-marido que, hoje em dia, não está mais aqui nesse mundo”, compartilha Francisca.

Apesar das adversidades, Francisca encontrou forças para seguir em frente. Ela criou seus filhos sozinha, após ser abandonada pelo marido, enfrentou desafios financeiros e emocionais. Mesmo quando confrontada com uma doença debilitante em seu braço, Francisca não desistiu. Foi seu filho quem a chamou para começar a vender trufas na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), uma oportunidade que mudou sua vida. Desde então, ela tornou-se uma presença familiar na unidade de ensino, vendendo trufas e espalhando inspiração por onde passa.

“Eu continuei minha vida criando meus filhos sozinha, com muita dificuldade. Mas sempre trabalhando, sendo honesta e com dignidade. Tenho muito orgulho em dizer que eu venci, as batalhas não foram fáceis, mas venci”, relata Francisca.

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Hoje “Tia da Trufa” se define como uma mulher forte devido a todas as adiversidades que enfrentou – (Foto: Arquivo Pessoal)

Com sua experiência, hoje, ela aconselha outras mulheres a não aceitarem agressões e ou serem diminuídas dentro de um relacionamento. “No primeiro sinal de agressão, tem sair fora. Nenhuma mulher merece ser desrespeitada e agredida. Precisamos colocar na nossa cabeça que somos fortes e conseguimos vencer todas as adversidades”, ressaltou.

As histórias dessas três mulheres, conforme descritas na reportagem, servem como exemplos poderosos de como a mulher pode se libertar, mesmo diante das maiores adversidades. Cada uma dessas histórias reflete a resiliência, a determinação e a coragem que as mulheres podem demonstrar em face de desafios significativos.

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