Itapiranga (AM) – A possível interdição da exploração de petróleo e gás em Silves, no interior do Amazonas, tem gerado grande preocupação entre a população local. O impacto também é sentido em Itapiranga, cidade vizinha localizada a 338 quilômetros de Manaus, onde empresários temem que a paralisação das atividades prejudique o comércio e a economia.
Em ambas as cidades, o receio é de que a suspensão das atividades possa afetar diretamente o desenvolvimento regional e o sustento de muitas famílias.
Assim como acontecia em Silves, a população dependia do poder público para conseguir emprego, e, de acordo o secretário de Administração de Itapiranga, Fábio Viana, hoje, com as exploradoras essas pessoas puderam ter uma opção para melhorar suas vidas, já que as condições melhoraram significativamente.
“Embora a empresa esteja instalada no município de Silves, as pessoas preferem estar em Itapiranga por uma questão logística e isso tem fortalecido o comércio local. Eu fico particularmente feliz, porque eu vejo muitas pessoas empregadas, tendo o seu pão de cada dia, assalariados, que antes se concentrava somente no poder público de oferecer emprego, e hoje está abrindo a possibilidade por meio das empresas de qualificar essas pessoas e oferecer emprego a elas”, afirma.
Mara Núbia é dona de um café regional e relatou ao Portal AM1 que seu empreendimento saiu de uma simples banca a um local que pode atender muitas pessoas simultaneamente todos os dias devido à alta demanda e posterior parceria com uma das empresas instaladas na localidade. Ela teme que a possível interrupção dos trabalhos exploratórios afete o seu negócio.
“A gente depende diretamente deles. Afeta a gente, os nossos colaboradores, que é através dessas empresas que a gente pode dar emprego para outras pessoas. Então, se isso vier a acontecer, vai ser lamentável”, comentou a empresária.
Outro empresário, Vilson Ferreira, dono de uma rede de hotéis, expressou preocupação semelhante.
“Se isso acontecer, vai ser um caos para a cidade, para população, para os trabalhadores. O que que eu vou fazer com todo esse empreendimento. Em uma cidade tão pequena, sem recurso nenhum a não ser as empresas que hoje estão aqui, que são a Eneva e as suas contratadas? Eu não quero nem pensar em uma situação dessas”, explica Ferreira.
Para o empresário, impedir as atividades das exploradas na região pode ser ruim, principalmente para jovens que, hoje, estão sendo qualificados pelas empresas para serem mão de obra eficaz.
“Como pode um jovem aqui do município, sem condições, e ir para Manaus em busca de desenvolver uma qualificação profissional? Ele vai sair e vai residir onde em Manaus? Com que recurso? E esse benefício vindo, ele vai aproveitar a oportunidade que ele tem, se qualificar aqui e aqui ficar, construir a família aqui, claro, com a continuação dos trabalhos [das exploradoras de petróleo e gás]. Porque sem trabalho, a meu ver, não adianta nem ser qualificado”, questiona.
Itapiranga, com cerca de 10 mil habitantes, enfrenta desafios em infraestrutura, apesar da alta taxa de escolarização de 95% entre crianças de 6 a 14 anos. Além disso, a cidade ainda sofre com baixos índices de saneamento e urbanização.
Por isso, moradores temem que a saída dos investidores da região, caso a exploração de petróleo e gás seja interrompida, prejudique não apenas o setor econômico, mas também outras áreas essenciais, como a saúde e educação, afetando diretamente o desenvolvimento local.
A ação
O processo de exploração de petróleo e gás pela Eneva nos municípios de Silves e Itapiranga pode estar no centro de uma polêmica jurídica e política. Informações obtidas pelo portal BNC Amazonas sugerem suspeitas de manipulação e interferência entre órgãos da República, com potenciais paralelos à Operação Lava Jato.
Documentos indicam trocas de correspondências entre o Ministério Público Federal e a Funai que apontariam tentativas de restringir as atividades da empresa, supostamente, para proteger povos indígenas isolados. A situação pode desencadear debates intensos no setor.
O futuro da exploração continua em debate, colocando em xeque a relação entre progresso econômico e preservação ambiental. O que está em jogo vai além das fronteiras desses municípios e representa um desafio crucial para o Amazonas e para o Brasil.
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