Manaus, 5 de maio de 2024
×
Manaus, 5 de maio de 2024

Brasil

Justiça aponta risco de resgate ou linchamento de suspeitos de matar Dom e Bruno

Essa foi uma das justificativas que ocasionou a transferência dos presos da delegacia de Atalaia do Norte para Manaus

Justiça aponta risco de resgate ou linchamento de suspeitos de matar Dom e Bruno

Foto: Reprodução

Manaus – Após investigações, a Justiça do Amazonas apontou uma possível invasão na delegacia que estavam presos os suspeitos pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Essa foi uma das justificativas que ocasionou a transferência dos presos da delegacia de Atalaia do Norte para Manaus.

Além de Atalaia do Norte, os suspeitos também estavam na delegacia da tríplice fronteira do Brasil com Peru e Colômbia. De acordo com a juíza Jacinta Silva dos Santos, “é comum a invasão nas delegacias do interior do estado do Amazonas, seja por revolta da população, seja para resgate de presos”.

A decisão ainda foi corroborada pela Justiça Federal do Amazonas, uma vez que o processo sobre o caso Dom e Bruno foi repassado para a instância federal logo após a constatação de que o crime tem relação com violação aos direitos dos indígenas.

Leia mais: Bolsonaro se retrata com irmão de petista assassinado por declarações

Já a alegação de resgate na fronteira foi apontada pelo juiz federal Fabiano Verli, que também concordou com a transferência dos principais suspeitos do crime para Manaus, e não para Tabatinga, devido ao risco de “resgates”.

O promotor de Atalaia do Norte, Elanderson Lima, afirmou que foi solicitado da Polícia Militar do Amazonas o reforço da segurança noturna da delegacia onde estavam os suspeitos, “para fins de garantir a integridade física dos custodiados e evitar possível resgate de eventual preso”. Segundo ele, um único policial estava de serviço, sendo “insuficiente em caso de resgate”.

Pacheco lamenta mortes de Dom e Bruno e cobra punição
Fotos: Divulgação

Vale ressaltar que, tanto o Ministério Público Federal quanto a Polícia Federal concordam com a transferência dos suspeitos do crime e com os argumentos utilizados. Policiais federais de Tabatinga apontaram “possibilidade de fuga e evasão por qualquer das fronteiras”.

Suspeitos

O pescador Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, foi o primeiro preso durante as investigações. Testemunhas afirmaram que o viram seguindo o barco onde estavam Dom e Bruno. Ele confessou ter assassinado o jornalista e o indigenista por divergências com Bruno sobre a pesca ilegal. Bruno já havia denunciado Pelado e outros pescadores ilegais. Pelado foi transferido para Manaus no último dia 8.

Outro suspeito é Jeferson Lima, que também confessou participação nas mortes. Ele permanece detido em Atalaia do Norte, mas será transferido para Manaus nos próximos dias. Preso na tríplice fronteira, Oseney Oliveira, conhecido como Dos Santos, é irmão de Pelado e nega envolvimento no crime.

Leia mais: Celular do diretor da Caixa encontrado morto na sede do banco passará por perícia

Um homem conhecido como Colômbia é outro preso suspeito na participação do crime. Ele foi detido com documentos falsos e foi transferido a Manaus no mesmo dia da transferência de Pelado. O suspeito tem envolvimento no mercado da pesca ilegal, mas ainda está sendo investigado pela PF sobre a morte de Dom e Bruno.

A defesa dos irmãos Pelado e Dos Santos destacou que a transferência foi necessária por conta da estrutura da delegacia em Atalaia do Norte, com apenas duas celas, e de um “risco de linchamento”. “A polícia não conseguiria resguardar a integridade física dos presos, em razão da repercussão nacional e internacional do caso”, disse a advogada Goreth Rubim.

(*) Com informações de Folha de S. Paulo