Manaus (AM) – Três dias após a morte do líder indígena Paulo Marubo, ocorrida no sábado (3), o procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliésio Marubo, cobrou do governo federal no enfrentamento dos problemas ocasionados pela falta de ação dos governos estadual e federal na região do Vale do Javari.
A localidade ficou mundialmente conhecida após o desaparecimento e morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, em 2022, quando viajavam para entrevistar líderes indígenas e ribeirinhos em comunidades próximas ao Vale do Javari.
Paulo morreu de hepatite crônica, uma das doenças que mais atinge a população na terra indígena, segundo artigo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2023.
Conforme Eliesio, Paulo protegeu outras pessoas, mas não foi protegido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Apesar de ter sido feito muito pouco por parte das autoridades amazonenses, o resultado não poderia ser outro, segundo médicos com quem me aconselhei, dado acometimento da hepatite”, disse.
Paulo era um dos 11 indígenas ameaçados de morte que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) recomendou às autoridades brasileiras protegessem, mas segundo Eliesio, nada foi feito até o momento.
“A morte de Paulo retira um número entre os números que nos preocupam: a ameaça de morte que nossas lideranças enfrentam, são 10 ao todo e nenhuma efetividade das promessas do governo federal. Aliás, o Javari é a região que mais tem pessoas ameaçadas com real possibilidade de novas mortes, sem que exista compromisso estatal para garantir o mínimo para estas pessoas”, afirmou.
Conflito no Vale do Javari
A terra indígena Vale do Javari, que faz fronteira com o Peru e Colômbia, tem sido constantemente invadida por criminosos ligados ao tráfico de drogas e crimes ambientais de pesca e caça ilegal na região que concentra a maior população de indígenas isolados do mundo.
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