Manaus, 21 de maio de 2024
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Cidades

Mais de 1300 profissionais da saúde indígena diagnosticados com covid-19

83% dos funcionários afastados por covid-19 trabalhavam nos polos-base de atenção básica de saúde

Mais de 1300 profissionais da saúde indígena diagnosticados com covid-19

Foto: Marcio Silva

Com mais de 18 mil indígenas infectados, a pandemia do novo coronavírus avança em ritmo acelerado entre as populações indígenas no Brasil. A covid-19 tem afetado, também, os profissionais responsáveis pelas ações de saúde entre as populações indígenas.

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Até 16 de julho, ao menos 1.337 funcionários que trabalham no subsistema de saúde indígena haviam sido afastados por conta da doença, outros 971 por relação a Síndromes Respiratórias Agudas diversas.

As informações foram obtidas, por meio de um pedido de acesso à informação feito ao Ministério da Saúde, no final de junho e são relativas aos afastamento dos profissionais acometidos pela covid-19 e os descartados, tratados como Síndrome Gripal.

Ao menos 83% desses profissionais trabalhavam nos polos-base dos Distritos Sanitários Indígenas (Dsei), unidades que respondem pelo suporte para as Equipes Multidisciplinares que atuam na atenção básica da saúde indígena. O afastamento de funcionários relacionados à atenção básica afeta, diretamente, a capacidade do subsistema de saúde indígena para lidar com a pandemia, afetando uma força de trabalho já insuficiente.

Profissionais do subsistema

Embora a epidemia do novo coronavírus tenha jogado luz na falta de UTI e respiradores em muitas partes do Brasil, a ausência de ações suficientes de atenção básica à saúde tem levado a uma taxa de mortalidade mais alta entre indígenas do que em relação à população geral. Um estudo realizado pela Coiab e o Ipam mostrou que número de casos e óbitos entre os índios é três vezes maior do que entre as populações não indígenas.

A grande quantidade de profissionais do subsistema de saúde indígena infectados pelo novo coronavírus lança uma preocupação sobre os protocolos de biossegurança adotados pela Secretaria Especial de Saúde Indígena, essa encarregada de coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas. Vale lembrar que o primeiro indígena com coronavírus foi infectado por um médico da Sesai que voltava de férias.

O Informe técnico 4/2020 da secretaria orientava profissionais de saúde a tratar as síndromes respiratórias sem fazer testes para comprovar o coronavírus. Tal documento ignorava, também, que comunidades indígenas  estão em contextos de transmissão comunitária do novo coronavírus.

Indígenas também se infectaram nas Casas de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Manaus, no Amazonas, e na Casai Leste, em Boa vista, Roraima.

(*) Informações Instituo Socioambiental