
(Foto: Celso Maia/Portal AM1)
A ampliação do número de vagas na Câmara dos Deputados, incluindo possíveis novas cadeiras para o Amazonas, tem sido debatida no cenário político nacional. No entanto, a proposta levanta questionamentos sobre a atuação dos atuais parlamentares do estado. Com mais representantes, a população perceberia melhorias concretas em seu cotidiano? Para entender a opinião dos manauaras, o Portal AM1 foi às ruas de Manaus e ouviu a população sobre o tema.
Uma das propostas que devem ser debatidas na Câmara dos Deputados neste semestre prevê a reconfiguração do número de integrantes das bancadas estaduais e do Distrito Federal na Casa. Caso aprovada, a medida poderá garantir ao Amazonas duas novas cadeiras na Câmara dos Deputados.
A mudança, se efetivada, entraria em vigor na legislatura que terá início em 2027, tomando como base os dados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Impacto nos Estados
De acordo com projeções do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a composição das bancadas de 14 estados poderá ser alterada: sete deles ganhariam cadeiras, enquanto outros sete sofreriam redução no número de representantes. O Amazonas está entre os estados que seriam beneficiados pela redistribuição.
Entretanto, a alteração pode impactar diretamente o estado do Rio de Janeiro, que deve registrar a maior perda, com a redução de quatro cadeiras na Câmara dos Deputados. Confira a atual disposição das vagas:
Resistência à Mudança
O crescimento da bancada amazonense esbarra na resistência de estados que teriam suas representações reduzidas. Segundo o analista político Helso Ribeiro, essas unidades da federação não demonstram disposição para ceder espaço no Congresso Nacional.
“No primeiro momento, por número de população, o Amazonas deveria ter dez deputados. Para que ele tenha dez deputados, alguém vai ter que perder uma vaga. E quem seria esse alguém? O Rio Grande do Sul perderia nessa rearrumação, assim como o Rio de Janeiro, o Espírito Santo e a Bahia. Esses estados mais populosos acabam protelando essa decisão para não perder deputados. Essa é a realidade”, explicou Ribeiro.
O Rio Grande do Sul, conforme os dados do Censo de 2022, possui pouco mais de 10 milhões de habitantes e conta com 31 representantes na Câmara dos Deputados. Já o Amazonas, com uma população de 3,9 milhões, tem apenas oito deputados federais. Essa diferença é um dos pontos centrais da discussão, mas a resistência de estados que perderiam vagas dificulta a aprovação da mudança.
O Espírito Santo, localizado na região Sudeste, registrou uma população de 3,8 milhões de habitantes, segundo a última atualização do Censo de 2022. Apesar de ter um número populacional inferior ao do Amazonas, o estado conta com duas cadeiras a mais na Câmara dos Deputados.
Uma alternativa para evitar a redução do número de representantes de alguns estados seria a ampliação do total de cadeiras na Câmara. O analista Helso Ribeiro destaca que essa possibilidade já está sendo discutida nos bastidores políticos.
“Já se fala, inclusive, na possibilidade de aumentar de 513 para 530 ou 520 e poucos deputados, justamente para que nenhum estado sofra qualquer tipo de redução”, afirmou o analista político.
Opinião da População
Diante desse cenário, o Portal AM1 foi às ruas de Manaus para ouvir a população sobre a possível ampliação da bancada amazonense na Câmara. A principal questão levantada foi se a adição de dois novos representantes traria melhorias concretas para o estado e se os atuais parlamentares têm correspondido às expectativas da população.

(Foto: Celso Maia/Portal AM1)
O comerciante João do Nascimento avalia de forma negativa a atuação dos deputados federais pelo Amazonas. “A minoria faz, mas a maioria não”, afirmou. Na opinião dele, falta comprometimento dos parlamentares com a população. “Eles entram na campanha, ganham e já estão pensando na próxima. O que prometem, não cumprem. Eu, como cidadão, pago meus impostos e não vejo retorno”, disse ao Portal AM1.
João também criticou a postura dos políticos após as eleições. “Na campanha, você os vê apertando as mãos das pessoas. Agora eu duvido que algum volte depois para agradecer e perguntar o que está faltando para a população”, afirmou.
Questionado sobre a possibilidade de o Amazonas ganhar novas cadeiras na Câmara dos Deputados, João acredita que a medida poderia piorar ainda mais a situação. “Para fazer o que já estão fazendo? Vai repetir e piorar, porque esse pessoal só pensa no salário. Os impostos e tributos aumentam cada vez mais, e eu não vejo melhorias no país. Pelo contrário, está favorável a eles”, completou.

(Foto: Celso Maia/Portal AM1)
O contador José Gabriel compartilha uma visão semelhante e considera que os deputados federais têm atuação limitada. “Pelo que acompanho nos jornais, poucos deputados se destacam no Amazonas. Os que poderiam trazer emendas para o estado, especialmente nas áreas de saúde, educação e segurança, não fazem o suficiente”, argumentou.
Para ele, a ampliação da bancada amazonense apenas aumentaria os gastos públicos sem gerar mudanças efetivas para a população. “Mais duas cadeiras significam mais despesas, mas não vejo como isso traria benefícios reais para a sociedade amazonense”, avaliou José Gabriel.

(Foto: Celso Maia/Portal AM1)
Já o marceneiro George Rodrigues tem uma visão diferente e acredita que a criação de duas novas vagas na Câmara dos Deputados pode ajudar a resolver as demandas da população. Segundo ele, “duas cabeças pensam mais do que uma”.
Embora veja a possibilidade como um ponto positivo, George também reconhece que os deputados federais precisam melhorar sua atuação. “Eles têm deixado a desejar, principalmente nas áreas de saúde e educação”, concluiu.
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