Manaus, 2 de maio de 2024
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Cidades

Arthur tenta salvar seu pouco prestígio político agradando servidores

Essa pode ser uma das últimas medidas de Arthur para tentar jogar uma cortina de fumaça nas inúmeras polêmicas que transcorreram ao longo destes últimos oito anos de mandato

Arthur tenta salvar seu pouco prestígio político agradando servidores

Foto: Márcio Silva - Portal Amazonas1

Com uma gestão mal-avaliada, cheia de polêmicas e irregularidades que está chegando ao fim, o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) anunciou investimento de R$ 311 milhões em gastos com servidores públicos. A iniciativa do ainda prefeito é sair agradando os funcionários públicos da Prefeitura de Manaus, a fim de salvar o pouco que restou de seu prestígio político.

Este investimento final, que seria um “bônus de Natal” concedido pela prefeitura, na realidade, tem boa parte dos  recursos  de origem do governo federal, do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Fundeb, os quais o prefeito tem a obrigação de repassar para os servidores dessas áreas.

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Aliás, uma das últimas reivindicações dos professores da rede municipal foi a distribuição correta dos recursos do Fundeb. Os profissionais de educação acusam que poucas escolas foram selecionadas para recebimento do 14º e 15º salários, com critérios usados para beneficiar escolas geridas por pedagogos aliados do prefeito nas eleições municipais.

Essa pode ser uma das últimas medidas de Arthur para tentar jogar uma cortina de fumaça nas inúmeras polêmicas que transcorreram ao longo desses últimos oito anos de mandato: promessas não cumpridas; entrega de boa parte de sua gestão para sua esposa, a primeira-dama Elisabeth Valeiko; o Caso Flávio, com envolvimento direto de seu enteado, Alejandro Valeiko; contratos de concessões públicas renovados para amarrar a gestão do prefeito eleito David Almeida (Avante); entre outras.

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E também, as duas derrotas que o prefeito obteve nas eleições municipais devido a sua perda de força política, não conseguindo transferir votos para Alfredo Nascimento (PL) e nem para Amazonino Mendes (Podemos), que tiveram o seu apoio no 1º e 2º turno, respectivamente.

Cofres vazios

As últimas medidas de Arthur na administração da prefeitura têm como objetivo esvaziar os cofres da prefeitura em todas as áreas possíveis. De acordo com o prefeito, o importante é comprar tudo o que for possível, gastar o que tiver de sobra, para que a futura gestão não assuma com dinheiro nos cofres.

Uma prova dessa intenção de Arthur foi constatada em coletiva de imprensa realizada no início do mês de novembro, quando pediu ao secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi, para que gastasse todos os recursos da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), sem deixar sobras para a próxima gestão.

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“Não vem de deixar dinheiro não”, ordenou o prefeito, para que o secretário realizasse o abastecimento de remédios de todas as unidades de saúde do município, sem deixar recursos para o próximo prefeito. Tal medida pode levar a prefeitura a não ter recursos para fazer uma grande aquisição de medicamentos se houver necessidade, como a futura compra de vacinas contra a covid-19.

Concessões mantidas: amarrações para a próxima gestão

A gestão do prefeito Arthur Neto, que pode deixar a prefeitura sem recursos nos cofres públicos, também renovou contratos para amarrar a futura administração com empresas que prestam serviços problemáticos para a população. Neste ano, Arthur renovou as concessões públicas da iluminação, limpeza pública e do transporte coletivo.

Acordos que foram mantidos por no mínimo 10 anos a até 15 anos, para além da gestão do prefeito eleito David Almeida. Contratos, que segundo vereador Chico Preto (DC), parecem ser de “cruzetas”, de “cartas marcadas”, para que Arthur e sua esposa mantenham uma “mesada” pelos próximos anos em que estarão afastados da vida pública.

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Essas concessões foram renovadas sem uma comprovação da eficácia de seus serviços, sem um relatório que mostrasse a necessidade de manter essas empresas por mais de 10 anos.

Cabide de empregos

A Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman) é quem deveria realizar esse diagnóstico sobre os serviços privatizados pela prefeitura, porém, pouco se viu de resultados ou cobranças por parte do órgão.

A autarquia, que em tese deveria ter uma atuação independente da prefeitura, foi criada por Arthur em 2017, e desde então, focou a sua atuação em fiscalizar apenas a concessionária Águas de Manaus, empresa que parece não ter tanto prestígio da prefeitura.

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A propósito, a Ageman, que tem Fábio Alho como diretor-presidente, por ter poucos resultados na fiscalização dos serviços públicos concedidos pela Prefeitura de Manaus, parece mais ter se tornando um local para cabide de empregos, com gasto que já ultrapassa os R$ 8,1 milhões, desde que foi criada.

O órgão possui apenas 35 servidores e uma folha de pagamento que neste ano será superior a R$ 2,5 milhões.

Sobre essa baixa produtividade da Ageman, o prefeito Arthur Neto se calou. A reportagem do Portal AM1, na última segunda-feira (7), pediu esclarecimentos dele, porém, o prefeito disse que a questão era uma tentativa de fazer uma injustiça contra ele.

“Se vocês querem falar coisa injusta falem à vontade. Me perdoe, me perdoe, mas eu prefiro não responder”, disse o prefeito se vitimizando perante as suspeitas de irregularidades em sua gestão.

O prefeito eleito David Almeida (Avante), por sua vez, afirmou que neste quinta-feira terá em mãos o relatório administrativo e financerio da Ageman para determinar o que fazer.

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