Manaus, 8 de maio de 2024
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Manaus, 8 de maio de 2024

Cenário

‘Mesmo que o Amazonino vencesse a eleição no PSDB, ele não acrescentaria nada no partido’, dispara Plínio Valério

Senador reforça objetivo de ser candidato a governador pelo PSDB e avisa a Arthur que ele não é dono do partido.

‘Mesmo que o Amazonino vencesse a eleição no PSDB, ele não acrescentaria nada no partido’, dispara Plínio Valério

Nome em evidência desde a semana passada, quando disse ao Portal AM1 que será candidato a governador pelo PSDB, o senador Plínio Valério deu uma entrevista exclusiva para nossa equipe de reportagem e voltou a falar sobre os próximos passos na batalha interna do partido presidido no Amazonas por Arthur Neto, que planeja lançar Amazonino Mendes como candidato tucano.

AM1: Como o senhor vê atualmente o cenário político no AM. Como um senador, uma pessoa com história na política?

Senador: A gente corre um sério risco de retroceder ainda mais com a volta de governantes que já passaram pelo poder e não resolveram a questão, o Amazonino Mendes, 16 anos, o Eduardo Braga, oito, e agora o Wilson Lima, quatro anos. Então, se a gente deixar só eles participando, corremos um sério risco de retroceder e fica embolado porque você tendo que decidir entre o ruim, o pior e o menos pior você, acaba decidindo pelo menos pior. Por isso, a gente entrou, não porque é melhor, mas diferente deles, como uma opção diferente.

AM1: O senhor tem afirmado que tem o apoio da executiva nacional do PSDB. Na sua avaliação, isso pode, de repente, mudar?

Senador: As pessoas costumam dizer que, em política e na vida, as coisas são como nuvem, tudo muda. Olha, para eu decidir a sair candidato levei, quatro meses e tenho o apoio dos sete senadores, do partido, inclusive, eu sou um dos setes [..] são seis apoios para que a gente tenha autonomia, a nacional também diz que me dá autonomia. O Arthur está reclamando, ele está há 32 anos no PSDB e se acha com o direito de reclamar, é um direito que ele tem, agora, essa questão é que eu sou do PSDB e o Arthur quer levar alguém para o PSDB. Então, eu tenho dito o seguinte: que o Amazonino não será candidato pelo PSDB, não tem condições; PSDB não comporta o Amazonino político. Eu até, particularmente, gosto dele, então, se houver reviravolta, uma coisa é certa: a corda vai quebrar de um lado.

AM1: Essa negativa seria apenas por ele ser considerado uma figura da velha política no Amazonas?

Senador: Se unindo [sic] com o velho político do estado, que é o Arthur. Então, veja bem, o que o Arthur fala? Ele fala Amazonino, ele e Eduardo, gente! E eu sou do PSDB, quer dizer, o Amazonino não é, o Eduardo não é e ele fala na união dos três. Se você observar, eles sempre brigaram entre eles, aí o Arthur sai para prefeito; o Amazonino para governo; Arthur para prefeito e Eduardo para governo. Eles brigam, mas estão sempre dividindo o bolo do poder e não permitindo que outros entrem, que outros participem.

AM1: Então podemos dizer que é uma união para impedir sua candidatura?

Senador: Sim, é o caso de agora. Eles se juntam para impedir uma candidatura como a minha, que é uma candidatura diferente da deles.

AM1: Já é a segunda vez que ele tenta derrubar uma candidatura sua. Vocês se afastaram em 2018?

Senador: Sim, eu nunca me senti prestigiado, na verdade. Nós nos afastamos, sim, logo após o resultado das eleições. O Arthur foi cuidar da vida, ele largou a prefeitura, foi viajar, descansar merecidamente e eu fui cuidar da vida, do mandato no Senado. Consegui aprovar duas leis, tem 29 projetos tramitando e eu acho que aquele resultado pode ter mexido com ele, de repente, o Arthur se sente ameaçado dentro do PSDB e ficou provado, agora, que ele se sente ameaçado com a minha presença, mas se você observar, eu não sou vaidoso.

AM1: Por que ele é contra sua candidatura. Qual seria o motivo?

Senador: Se você observar, o Eduardo Braga é presidente do MDB no Amazonas; o Omar é presidente do PSD no Amazonas, ou seja, senador tem prestígio, eu que nunca quis porque achei que o Arthur merecia respeito, ele é ex, então o ex precisa de alguma coisa para aparecer, isso explica o porquê de ele estar me atacando e agora, quando quero me lançar pré-candidato ao governo, eu vejo com surpresa o Arthur ser contra, fiquei realmente surpreso.

AM1: O ex-prefeito Arthur Neto se comporta como o dono do partido na sua opinião?

Senador: Ele está há 32 anos no PSDB, tanto é que ele confunde o CPF dele com o CNPJ do partido. Ele acha que ele é o partido, ele não é! O PSDB é muito grande e outra coisa: é o momento de oxigenar o partido, nós perdemos o Geraldo Alckmin, nós não temos candidato a presidente bom, tem o Doria (João), nós estamos perdendo o Eduardo Leite, então nós não podemos perder mais nada. A gente tem que manter os nossos senadores, prestigiar os senadores, prestigiar deputado estadual e avançar e a gente não avança com o Amazonino, mesmo que o Amazonino vencesse a eleição no PSDB, não estaria acrescentando nada no PSDB.

AM1: O senhor busca, com essa possível candidatura, resgatar um novo PSDB?

Senador: É momento de oxigenar, da gente [sic] realmente prestigiar o partido e o partido crescer, com o Arthur nunca cresceu. Se você fizer o raio-x do PSDB, hoje, ele tem dois vereadores na capital; dois prefeitos no interior; trinta vereadores no interior; uma deputada estadual, que está de saída e só; e eu senador; mas o senador, ele não quer. Diz que não é do PSDB regional, então para você ver o tamanho que é isso, três décadas e dois anos de Arthur no PSDB.

AM1: A presidência dele aqui vai acabar dia 31 de março. O senhor pretende ser o próximo presidente estadual da sigla no AM?

Senador: Porque a gente não confia, passei a não confiar mais no Arthur. No momento em que ele declara que eu não serei candidato, que é o Amazonino, que ele prefere o Eduardo e Amazonino, que ataca a minha família, então, eu só tenho que pleitear [requerer] a saída dele da presidência. Na verdade, ele está desequilibrado, quando você usa blogs pagos por eles para atacar, dizer que a minha filha está num cargo político que eu pedi, a minha filha é concursada desde 2006 e eu tenho provas. Mesmo que ela fosse a maior picareta do mundo, ninguém atinge a família de ninguém. Já pensou eu falando da mulher do Arthur? Seria ruim para mim, eu perderia, eu falando me sentiria menor, me sentiria vulgar, não vou fazer isso de forma alguma, mas é o que a gente tem que enfrentar. Ninguém viu uma pré-candidatura ser tão bombardeada quanto a minha, porque eu ganho deles. Meus olhos brilharam para ser senador, governador é missão, para acabar com esse retrocesso.

AM1: Quais são os seus planos para o Amazonas em relação a sua candidatura?

Senador: Principalmente saúde, acho que a gente tem que dar um basta nessa humilhação, nessa indignidade que é o tratamento da saúde no Amazonas, acabar com isso. O doente tem que ter atendimento, remédio na cabeceira. Essa história de morrer no corredor, de esperar atendimento sentado, nós temos que pôr um fim a isso e é possível pôr um fim a isso. É possível, modernizando a telemedicina, a gente tem que atender os idosos com um hospital de idosos. Então, a saúde será o meu carro-chefe, eu não vou acabar com corrupção que é inerente ao ser humano, eu não vou resolver o problema da educação, que eu não sou mágico. Nós vamos melhorar a educação, nós vamos impedir muito a corrupção, mas saúde nós temos que resolver. Me dói na alma, filas no FCecon, médicos competentíssimos e o equipamento não tão bom, não tão modernos, mas eles fazem o trabalho deles, mas a demanda é grande, todo município tem que ter o seu raio-x funcionando, seu equipamento de endoscopia funcionando e não tem, então, realmente a saúde vai ser o carro-chefe, porque sem saúde não podemos falar mais nada. A gente tem plano para a segurança também, combater o crime, essa questão do narcotráfico, lá na fonte, lá na origem. A gente está fazendo a espinha dorsal do nosso projeto, é que no momento as pessoas não estão querendo saber isso, só querem saber dessa briga, mas a gente tem a espinha dorsal e seria realmente saúde, resolver o problema de saúde, problema de atendimento e aliviar os outros problemas.

Plínio Valério: 'Arthur e eu estamos muito distantes um do outro'
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

AM1: Hoje o senhor se considera o melhor nome para o cargo majoritário no AM? O senhor falou que não brilha os olhos, que é uma missão. Explique um pouco:

Senador: Não, porque eu projetei para a minha vida, eu objetivei na minha vida ser senador da República, enfrentei duas eleições. Não passei pelo governo exatamente porque não me sentia com vontade de ser governador e sim senador, mas a gente observando, estou em Brasília e Amazonas, sou ouvidor-geral do Senado e estou feliz, estou tranquilo, estou bem. Mas e os outros e os amazonenses e esse pessoal que veio de fora do interior para ser atendido, interior do Pará, interior do Amazonas? Esse pessoal precisa de carinho, precisa de cuidado, de dignidade. Então, quando eu falo, é isso! Eu vejo como missão e respondendo a tua pergunta, o melhor não, eu não tenho essa pretensão de ser melhor do que ninguém, agora, eu sou diferente deles, muito diferente deles. Eu não sou dedo da mesma mão, eu não sou farinha do mesmo saco.

Fotos: Erick Bitencourt