Foto: Divulgação SECOM
MANAUS – A menos de duas semanas do início das convenções que vão homologar chapas e candidatos para as eleições de outubro, o prefeito de Manaus David Almeida (Avante) ainda não anunciou a “escolha mais difícil da sua vida”: um vice para compor a chapa do governador Wilson Lima (UB).
Na expectativa, estão o vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta, a ex-secretária de Saúde, Shádia Fraxe, o ex-secretário da Casa Civil, Tadeu de Souza, e o ex-deputado Sabá Reis. Todos deixaram seus cargos na prefeitura para se desincompatibilizar e ficar às ordens do prefeito.
A escolha, no entanto, vai muito além da afinidade com o indicado. Conforme cientistas políticos, David Almeida levará em conta a aprovação do partido de Wilson, possível desempenho nas urnas e a consequência dessa escolha para as próximas eleições mas, acima de tudo, ele busca alguém que seja leal.
Agregar votos
Segundo o cientista político Helso Ribeiro, essa escolha de David Almeida (Avante) será feita com uma “visão a longo prazo”, mas a primeira preocupação do prefeito é indicar alguém que agregue votos. Nessa perspectiva, ele afirma que dois nomes saem na frente.
“Tem Sabá Reis, que foi candidato, mas teve poucos votos e não conseguiu se eleger e Marcos Rotta. Eu viria nesse aspecto de trazer votos para a chapa o Marcos Rotta, ele tem mais lastro de votação, isso aí dentro desse primeiro ponto”, afirmou.
Já o cientista político Afrânio Soares, diretor-presidente da Action Pesquisas de Mercado, aponta outro entrave na indicação de Sabá Reis. “Eu acredito que o nome do deputado tenha alguma resistência junto aos apoiadores do próprio partido do governador, então o nome dele já entrou, já saiu, várias vezes de cena e não foi confirmado”, disse.
Contraponto
Na perpectiva de Afrânio, apesar de Shádia Fraxe não agregar votos, ela é um nome forte por ter ocupado uma cargo importante na atual gestão durante a pandemia e ser esposa de uma antigo aliado de Almeida, o deputado estadual Abdala Fraxe (Avante).
Lealdade no jogo político
Os especialistas apontam que outra grande preocupação do prefeito envolve a lealdade e confiança do indicado, uma vez que a aliança Wilson-David pode fortalecer a reeleição do prefeito em 2024 e, em 2026, tornar robusta e viável a sua candidatura ao governo.
“Caso a chapa Wilson Lima, mais um indicado vença, a ideia é David Almeida ser candidato à reeleição com apoio dessa chapa e, posteriormente, David Almeida ser indicado à sucessão de Wilson Lima”, afirmou Ribeiro.
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O analista ainda destaca que, nesse possível cenário, Wilson Lima sairia para se candidatar ao Senado, tendo que deixar o governo 6 meses antes das eleições. “O vice dele governaria durante 8 meses. O problema é: este vice seria um aliado de confiança total de David Almeida para pavimentar também a campanha de David para o governo?”, acrescentou.
Nesse aspecto, um nome em comum é ressaltado pelos especialistas. “Tadeu de Souza goza da confiança de David Almeida, e aí seria um nome a ser considerado, apesar de entender que ele não tem voto”, diz Ribeiro.
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Afrânio concorda e ressalta que o secretário é amigo de infância do prefeito. “O Tadeu é uma epécie de ‘coringa’, mas que, dentre todas as opções, é quem dessa lista é mais próximo ‘umbilicalmente’ do prefeito, então aumenta as chances do Tadeu vir a ser contemplado, talvez até com um pouco mais de chances de vir a acontecer que a Shádia e o Sabá”.
Além dele, os especialistas acreditam também que Marcos Rotta esteja à frente no requisito confiança, tendo em vista que já foi vice-prefeito por duas vezes. “Ele nunca se mostrou, enquanto vice, ser ávido pela vaga do titular, então nesse aspecto eu diria que tem um ponto positivo para ele”, diz Ribeiro.
Sem confiança
Já Sabá Reis fica bem atrás nesse quesito, segundo Ribeiro. “Sabá Reis – ele já esteve colocado com vários políticos. Eu não sei se ele viesse a ser governador, com quase um ano de mandato, ele entregaria isso de bandeja para David Almeida, não se ele goza de confiança”, afirmou.
“Lá no fundo, David Almeida sabe que não pode confiar 100% nele não, no Sabá Reis, que é um político tradicional, que sempre teve pretensões e nem sempre essas pretensões foram atingidas”, concluiu.
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