Manaus, 8 de maio de 2024
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Manchete

MP-AM investiga tratamentos caros, para poucos, pago pela Susam, no Sírio-Libanês

MP-AM investiga tratamentos caros, para poucos, pago pela Susam, no Sírio-Libanês

LULA/EXAMES NO HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS

Governo do Amazonas paga milhões para tratamento a poucos privilegiado no melhor hospital do Brasil/Divulgação

O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) instaurou inquérito civil público para apurar denúncias de favorecimento, por parte da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) a determinadas pessoas da sociedade local para tratamento no Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, com aplicação de verbas públicas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), destinadas ao Programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), em detrimento de outros usuários”.

O extrato do Inquérito Civil nº 005.2016.000116, de 06/04/2017, foi publicado no Diário Oficial do MP-AM do último dia 7, assinado pela promotora Cláudia Maria Raposo da Câmara, titular da 54ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública (PRODHSP). Entre 2013 e 2015, a Susam pagou cerca de R$ 4 milhões ao Sírio-Libanês, sem São Paulo, para um grupo de cidadão privilegiados, que receberam tratamento especializado que a maioria da população apenas sonha receber.

O Portal da Transparência do governo do Estado, mostra despesas, em 2015, de R$ 1,7 milhão para o tratamento de seis pessoas, entre elas, o desembargador do Tribunal de Justiça do Estado (TJAM), Domingos Jorge Chalub, cujo tratamento custou R$ 63,4 mil. Também em 2015, o ex-prefeito de Manaucapuru (AM) e ex-deputado estadual Washington Régis, morto em julho de 2015, vítima de doença degenerativa, também teve parte do tratamento no Sírio-Libanês, que custou R$ 191,3 mil para a Susam.

Também em 2015, o então colunista social do jornal A Crítica, Aléx Deneriaz, morto em abril, vítima de doença causada por bactéria no coração, nas recebeu tratamento no Sírio-Libanês, que custou R$ 785,3 mil aos cofres públicos. Em 2014, o atual presidente da Comissão Geral de Licitação, Epitácio de Alencar e Silva Neto, também recebeu tratamento no Sírio-Libanês, ao custo de R$ 46,4 mil ao Estado.

O ex-vereador e ex-secretário municipal de esportes de Manaus, Sildomar Abtibol, recebeu tratamento de R$ 250,8 mil, em 2013. No mesmo ano, o ex-prefeito de Santa Isabel do Rio Negro, Mariolino Siqueira de Oliveira, recebeu tratamento em duas parcelas: R$ 283,2 mil e R$ 24,1 mil, entre janeiro e abril. O ex-secretário de Saúde do Estado, Tancredo Castro Soares, teve um tratamento de R$ 200,8 mil. O irmão da ex-primeira-dama de Manaus, Goreth Garcia, Francivaldo Garcia, teve um tratamento de R$ 127,6 mil. Por último, um sobrinho da ex-presidente do TJAM, Maria das Graças Pessoa Figueiredo, Fabianno Pessoa Figueiredo, teve tratamento que custou R$ 271,7 mil.

No ano passado, utilizando a tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE), o deputado estadual Luiz Castro (REDE) falou sobre os privilégios dados pela Susam a pessoas da sociedade local. “Não tenho nada contra as pessoas que foram beneficiadas, ao contrário, entendo que elas necessitavam do tratamento de saúde, mas não compreendemos a ação do governo em escolher pessoas para custear o tratamento”, disse ele. “Não podemos aceitar passivamente que o governo pague tratamento caríssimo para algumas pessoas em detrimento de outras que necessitam de apoio médico”, protestou o deputado assinalando que o governo deve fazer uma revisão imediata de seus procedimentos.

Fiscalização do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), no ano passaso, mostrou a situação no Hospital e Pronto Socorro João Lúcio Pereira Machado, em Manaus/Reprodução