Manaus (AM) – Durante a reunião do 5º Ofício do Ministério Público Federal (MPF) na última quinta-feira (25), o órgão questionou a Secretaria Municipal de Educação de Manaus (Semed) sobre a realização de concurso público especializado para contratação de professores indígenas.
Além desse questionamento, o MPF também mencionou sobre o funcionamento dos espaços de estudos da língua materna e conhecimentos tradicionais indígenas. O encontro foi realizado na sede do MPF no Amazonas.
Embora o concurso esteja previsto em lei municipal, ainda não foi realizado. No documento, o MPF pede que a secretaria se manifeste no prazo de dez dias.
Representantes da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (Copime) e professores indígenas que atuam nos espaços participaram da reunião.
De acordo com o documento enviado pelo MPF, o Conselho Municipal de Educação deverá apresentar relatório das inspeções realizadas nos espaços de estudos entre julho e agosto de 2022. Além disso, deverá oferecer uma vaga no conselho para representante indígena.
Nova reunião e audiência pública
O MPF também convidou representantes da Semed, dos professores indígenas e de órgãos estaduais e municipais para reunião a fim de discutir o funcionamento dos espaços de estudos da língua materna e conhecimentos tradicionais de Manaus e entorno.
A reunião será realizada em 13 de junho, às 9h, na sede do MPF, em Manaus. Além disso, o órgão ministerial deve promover audiência pública, na região do Rio Cuieiras (AM), até julho.
Reivindicações
Os professores reivindicaram a regularização do funcionamento dos espaços de estudos e conhecimentos tradicionais indígenas de Manaus e entorno, nos moldes da Lei Municipal 2.781/2021.
Eles pediram soluções para outras demandas sobre o funcionamento dos espaços culturais localizados nas comunidades que representam. Os professores também registraram no MPF denúncias sobre pressões e assédios sofridos em que não tiveram qualquer retorno ainda sobre as medidas adotadas pela Semed.
Na reunião, os representantes afirmaram não possuir estrutura física e pedagógica e nem instrumentos tecnológicos necessários para produzir as documentações exigidas pela Secretaria de Educação, como relatórios, manuais, planos, frequências e matrículas.
Para os professores, as cobranças são inadequadas ao contexto dos centros culturais. Além disso, informaram que emenda parlamentar federal, no valor de R$ 300 mil, destinada à compra de insumos e materiais aos centros culturais ainda não foi utilizada.
A Copime declarou apoio às comunidades que foram ameaçadas de fechamento dos espaços caso não cumpram exigências que violam a Constituição Federal, como a criação de associações com CNPJ.
As determinações foram feitas pela Secretaria de Educação, sem que os povos indígenas fossem consultados, nos moldes do que prega a lei municipal e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Segundo a Copime, apenas quatro dos 23 centros culturais estariam aptos a cumprir as exigências, e os demais seriam fechados.
Espaços de estudos indígenas
Os espaços de estudos da língua materna e conhecimentos tradicionais indígenas são definidos, pela Lei Municipal 2.781/2021, como espaços de aprendizagem bilíngue, destinados à transmissão de conhecimento tradicional.
Eles são pautados na afirmação, valorização e fortalecimento das línguas maternas e identidades culturais dos povos indígenas de Manaus, e funcionam em salas anexas às escolas indígenas municipais.
A legislação garante aos espaços autonomia pedagógica, projeto político-pedagógico próprio e gestão democrática comunitária ao espaço bilíngue, a partir de planejamento específico, em afirmação à diversidade de grupos étnicos e culturas de Manaus.
(*) Com informações da assessoria
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