Manaus, 21 de março de 2025
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Manaus, 21 de março de 2025

Cenário

Mulheres sentem falta de representatividade feminina na política amazonense

O Portal AM1 conversou com mulheres que afirmaram sentir falta de representatividade feminina no parlamento.

Mulheres sentem falta de representatividade feminina na política amazonense

Foto: Reprodução / arquivo pessoal

Manaus (AM) – Neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, o Portal AM1 traz o tema da representatividade feminina na política amazonense.

Nossa equipe de reportagem conversou com algumas mulheres que, em entrevista, relataram sentir falta da presença de mais mulheres no parlamento.

Políticas Estratégicas

Fernanda Patrícia fala que se vê representada pelos homens que são parlamentares, porém, seria mais benéfico ter mulheres no poder.

“Eu me vejo representada como cidadã pelos políticos atuais, mas no quesito mulher, acredito que outras mulheres no parlamento nos representando é diferente e eu super confio nisso, pois sei que muitas estratégias e melhorias iriam ser elaboradas para nos beneficiar (e me refiro a classe feminina, reconhecido por seu gênero feminino)”, declarou Fernanda Patrícia.

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Fernanda Patrícia (Foto: arquivo pessoal)

Garantia de políticas públicas

Para a fotógrafa Camila Batista, ter mulheres no parlamento é uma forma de garantir políticas públicas que atendam às necessidades específicas das mulheres.

“Eu acho que ter representantes mulheres é muito melhor pra gente, porque querendo ou não, elas entendem o que precisa ser feito pra mudar a realidade que vivemos todos os dias! Questão da segurança, questão de direitos nossos que, muitas vezes, não são respeitados; direitos básicos mesmo, como absorventes pra mulheres em situação de rua ou de baixa renda, coisas desse tipo, sabe. Coisas assim, acredito que só mulheres pra lembrarem ou brigarem mesmo, os homens não têm a sensibilidade que as mulheres têm e nem a mesma empatia”, enfatizou Batista.

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Camila Batista (Foto: arquivo pessoal)

Representantes que nasceram na internet

Em tom de insatisfação, a jornalista Juliana Maquiné relata que sente falta das mulheres no poder, representando a classe feminina.

“Sinto falta de mulheres que realmente representem os anseios das mulheres… O que vemos, hoje, é o nascimento de ‘representantes’ de uma massa que cresceu na internet e acham que representam um todo. Mulheres, digo que estudem, conheçam e lutem pelos direitos do povo: seja das mulheres, crianças, animais, LGBTQIA +, PCDs, negros… e todos que precisam de vozes nesse espaço, mas que essa mulher seja de fato representante e brigue pelo povo!

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Juliana Maquiné (Foto: arquivo pessoal)

Mulheres validam seus direitos constantemente

Valesca de Oliveira é professora de Língua Portuguesa, especialista em Redação. Segundo ela, um dos temas que mais gosta de trabalhar em sala de aula com seus alunos é sobre os direitos que as mulheres já conquistaram.

“Todos os dias, acordo cedo e preparo meu material para ministrar as melhores aulas possíveis, e dentro dos gêneros que eu mais gosto de trabalhar é sobre o gênero feminino, e principalmente como nós conquistamos já muitos direitos, porém, mesmo aqueles já conquistados, já efetivados, eles precisam estar sendo validados por nós constantemente”, afirmou a professora Oliveira.

Valesca acrescentou ainda que as mulheres precisam, na maioria das vezes, validar as conquistas devido ao baixo número de mulheres que hoje ocupam algum espaço na política.

“Dada a falta de representatividade feminina, principalmente em cargos importantes como no Senado, Câmara dos Deputados, até mesmo na presidência, isso faz com que nós tenhamos que estar constantemente validando direitos que já foram efetivados. Então, com certeza, seria muito mais fácil se nós tivéssemos um quantitativo de mulheres na Câmara para justamente representar inúmeras outras como eu. Não estou afirmando que os nossos políticos nos deixam de lado, mas posso afirmar que nós precisamos constantemente de direitos que já são lá, no papel, efetivados”, salientou.

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Valesca de Oliveira (Foto: arquivo pessoal)

Mulheres na política: um olhar especialista

A advogada Denise Coêlho, especialista em Direito Eleitoral e Tributário, faz uma análise do atual cenário político no Estado, que para ela, apenas reflete o que acontece no Brasil.

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Denise Coêlho (Foto: arquivo pessoal)

Sub-representação

“O cenário político do Amazonas reflete uma realidade ainda predominante em todo o Brasil: a sub-representação feminina nos espaços de poder. Atualmente, a composição das casas legislativas estaduais e municipais demonstra um descompasso significativo entre o número de mulheres na população e sua participação efetiva nos mandatos eletivos. No âmbito federal, essa desigualdade se torna ainda mais evidente, uma vez que, atualmente, o Amazonas não possui nenhuma deputada federal ou senadora em exercício, o que reforça a necessidade de medidas concretas para ampliar a participação feminina na política”, enfatiza Coêlho.

Múltiplos Fatores

A especialista atribui a falta de mulheres na política a vários fatores; um deles, por exemplo, são as barreiras institucionais e estruturais.

“Esse fenômeno decorre de múltiplos fatores, entre eles, a perpetuação de barreiras institucionais e estruturais que dificultam a inserção e a permanência das mulheres na política. Apesar da previsão constitucional da igualdade de direitos entre homens e mulheres (art. 5º, I, da Constituição Federal), as estatísticas eleitorais demonstram um ambiente contrário”, declarou.

Reforma político-eleitoral

Uma possível solução apontada por Denise Coêlho é uma reforma político-eleitoral que vá além das cotas formais e assegure medidas efetivas de incentivo à participação feminina.

“Para que tenhamos mais mulheres à frente do parlamento, é essencial que haja uma reforma político-eleitoral que vá além das cotas formais e assegure medidas efetivas de incentivo à participação feminina. Isso inclui políticas públicas de capacitação e formação política para mulheres, garantia de distribuição equitativa dos recursos de campanha e fiscalização rigorosa para evitar candidaturas fictícias”, afirmou.

Fortalecimento da democracia

“A representatividade política feminina não é apenas uma questão de equidade, mas de fortalecimento da democracia. A pluralidade de perspectivas nas decisões políticas contribui para um debate mais amplo e para a formulação de políticas públicas mais inclusivas e eficazes”, declarou Coêlho categoricamente sobre o crescimento da presença de mulheres na política.

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