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Política

Na TV Brasil, corrupção só é tema por menos de 2 minutos

A maioria do tempo se falou das mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato.

Na TV Brasil, corrupção só é tema por menos de 2 minutos

(Foto: Montagem/Reprodução/TV Brasil/Facebook/Tania Rêgo/Agência Brasil)

São Paulo (SP) – Dez anos após a deflagração da primeira fase da Operação Lava Jato, a TV Brasil – rede vinculada à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) – transmitiu um programa alinhado com o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a investigação. Em cerca de 1h30, minimizou a corrupção confessa instalada na Petrobras e focou na relação entre o ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União-PR) e a força-tarefa do Ministério Público Federal.

A corrupção na estatal ocupou 1 minuto e 53 segundos do programa. A maioria do tempo se falou das mensagens trocadas entre Moro e Dallagnol, no caso que ficou conhecido como Vaza Jato. Temas como a cobertura da Lava Jato pela imprensa, as prisões preventivas feitas pela operação e os prejuízos das empreiteiras investigadas, foram analisadas.

O “Especial 10 anos” da Lava Jato, segundo o apresentador Leandro Demori, pretendia fazer uma “autópsia” da operação, baseada na “República de Curitiba” – alcunha dada por Lula em 2016. Os convidados, em sua maioria, críticos à operação.

O trecho que tratou da corrupção na estatal se restringiu a comentários dos convidados sobre uma declaração do ex-coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e candidato a deputado federal pelo PT do Rio, em 2022, Zé Maria Rangel. Ele afirmou à TV Brasil que “se tem desvio (na estatal), é pontual, não é algo sistêmico”.

Depoimentos

A avaliação de que havia uma corrupção sistêmica na Petrobras foi compartilhada pelo doleiro e delator Alberto Youssef, em depoimento em 2015. O empresário Emilio Odebrecht também declarou que a corrupção no Brasil era institucionalizada.

No início do mês, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em uma rede social, afirmou que a operação “custou ao país a destruição do estratégico setor de exportação de serviços, óleo e gás, a condenação de 4 milhões de pessoas ao desemprego”.

O programa tratou ainda de acordos de leniência firmados pelas empreiteiras com a Lava Jato. Em fevereiro último, o ministro Dias Toffoli suspendeu o pagamento das parcelas do acordo da Odebrecht, atendendo a um pedido da empresa. A deflagração da primeira fase da Lava Jato completou 10 anos no último domingo.

A operação teve 79 fases até janeiro de 2021, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) extinguiu o modelo de força-tarefa que fazia as investigações.

 

(*) Por Julia Affonso (Estadão Conteúdo)

 

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