Manaus, 2 de maio de 2024
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Manaus, 2 de maio de 2024

Política

‘Nada original’, dizem especialistas sobre entrada do Novo na disputa pela Prefeitura

O presidente nacional da sigla, Eduardo Ribeiro, esteve em Manaus para fazer o lançamento extraoficial da pré-candidatura de Maria do Carmo Seffair à Prefeitura de Manaus em 2024.

‘Nada original’, dizem especialistas sobre entrada do Novo na disputa pela Prefeitura

(Foto: Maria do Carmo Seffair/Facebook)

Manaus (AM) – O partido Novo reapareceu no cenário político amazonense, no último dia 16, quando o presidente nacional da sigla, Eduardo Ribeiro, esteve em Manaus e fez um lançamento extraoficial da pré-candidatura de Maria do Carmo Seffair à Prefeitura de Manaus para as eleições do próximo ano. Seffair é atualmente a presidente estadual do partido.

A presença do também pré-candidato a prefeito, Coronel Alfredo Menezes (PL), chamou atenção por todo o imbróglio envolvendo a sua filiação ao partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Menezes, que se intitula ‘compadre’ do ex-presidente, foi expulso do próprio partido, em agosto deste ano, após uma decisão da Executiva Municipal da sigla por infringir o Estatuto e o Código de Ética do partido.

O problema dentro da sigla iniciou quando, em uma transmissão ao vivo pelas suas redes sociais, Menezes chamou o deputado federal Alberto Neto, que também é presidente do PL Manaus, de “Judas”.

Diante das movimentações no tabuleiro político, o Portal AM1 ouviu cientistas, analistas políticos e pesquisadores sobre o assunto, questionando qual seria a relevância da entrada do Novo na corrida eleitoral de 2024, bem como se a sigla possuía alguma força política que pudesse influenciar nas alianças partidárias e no resultado do pleito.

Falta de originalidade

Para o cientista político, antropólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Ademir Ramos, o Novo não tem originalidade alguma e nasce com “uma força contra os pobres” e um “profundo preconceito contra o Norte e Nordeste”.

“O partido nasceu no berço de Minas Gerais, se situa num contexto do neoliberalismo e está se fortalecendo cada vez mais no contexto de mercado. No Amazonas, na verdade, o que está em discussão é apenas a disputa pela Prefeitura, não vejo especificidade nesse partido. A única coisa que ainda podemos destacar nesse contexto é a participação da mulher, mas com a perspectiva de conservação, conservadora, acumuladora e concentradora de riqueza”, destacou.

Ademir acrescentou que o Novo tem uma marca grande de perseguição à política nordestina, aos nordestinos e, na sua visão, isso afeta diretamente o povo da Amazônia, do Norte e Nordeste brasileiro.

“Existe em nossa realidade a questão social que nos aflige e a distribuição de riqueza que deveria ser feita através de políticas públicas, políticas sociais e o Novo não tem esse objetivo”, pontuou.

Saber fazer política

Na visão de Gilson Gil, sociólogo, cientista político, especialista em eleições e professor da Ufam, se a sigla pretende ser diferente, não pode se assimilar, por exemplo, ao Partido dos Trabalhadores da década de 80 que afirmava ser diferente dos outros, ético, independente e sem vínculos com os políticos antigos, mas não sabia fazer política.

“Ele precisa se mostrar, defender suas ideias publicamente. Assim como o PT, terá de aprender a apanhar, bater, fazer alianças e rejeitar apoios, ou seja, fazer política, mas isso somente praticando e disputando eleições”, enfatizou.

Sobre uma possível candidatura de Menezes pelo partido de Seffair, Gil avalia que ele não é novato no meio político e pode trazer votos para os candidatos do Novo.

“O Menezes já teve cargo, já foi candidato do Bolsonaro, do PL; porém, acho que o dilema do Novo nesse sentido é: vale a pena iniciar a carreira com partido bolsonarista? Não seria mais coerente se isolar da briga Lula X Bolsonaro? Porque fazer isso é entrar na disputa, adotando as brigas dos partidos tradicionais, PT e PL”, afirmou o especialista.

Frustração para Menezes

Já na opinião do professor, pesquisador e analista político Afrânio Soares, a entrada de Maria do Carmo Seffair na disputa eleitoral frustra as possíveis pretensões do Coronel Menezes em ingressar na sigla.

“O Novo é um partido de extrema-direita com um posicionamento distinto. Considero quase impossível Menezes ser vice na chapa de Maria do Carmo. Ela vir a ser vice de Menezes é algo que, a meu ver, poderia acontecer, mas sem nenhuma certeza. Menezes deve procurar outras opções partidárias, mas, convenhamos, estão cada vez mais escassas”, frisou o pesquisador.

Sobre o Novo

O Novo se apresenta com um partido fundado por cidadãos ‘ficha-limpa’, que não tinham envolvimento com política e resolveram fazer “algo” após perceber que a política é o caminho para mudar o Brasil.

A sigla afirma, ainda, em seu site oficial, que “só assim é possível mudar o modelo de Estado e construir um Novo Brasil com mais oportunidades e menos privilégios”.

Por outro lado, especialistas nacionais afirmam que o Novo não tem nada de ‘novo’, uma vez que é de extrema direita e até mais extremista do que o próprio PL.

O fundador da sigla é João Dionísio Amoêdo, que é ex-banqueiro. A estrutura interna do partido é dominada pela chamada “lógica empresarial’, essa lógica é quem dá as cartas.

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