Manaus, 6 de maio de 2024
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Manaus, 6 de maio de 2024

Política

Alberto Neto vai aos EUA ‘alertar’ sobre ataques à democracia

O deputado está na comitiva de bolsonaristas que viajou aos Estados Unidos para se encontrar com lideranças ligadas ao ex-presidente Trump.

Alberto Neto vai aos EUA ‘alertar’ sobre ataques à democracia

(Foto: Facebook/Capitão Alberto Neto)

Manaus (AM) – O deputado Alberto Neto (PL) está na comitiva de bolsonaristas que viajou aos Estados Unidos para se encontrar com lideranças ligadas ao ex-presidente Trump, que responde 91 acusações de crimes, nos quatro processos nos quais é réu, entre eles, o processo criminal, aberto no âmbito da investigação da invasão do Capitólio, em janeiro de 2021.

Liderada pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro, a comitiva teria aproveitado o feriado da Proclamação da República no Brasil, nessa quarta-feira (15).

“Juntamente com outros parlamentares brasileiros, o objetivo da comitiva é alertar pares no exterior sobre as ameaças internas à democracia liberal brasileira, que não podem ser minimizadas, entre elas as censura, prisões e processos arbitrários promovidos pelo STF, relacionamento com ditaduras como venezuelana, nicaraguense, cubana, chinesa e russa”, afirmou Alberto Neto em uma rede social.

O parlamentar George Santos, integrante do Partido Republicano, acusado pela Justiça dos EUA de ter cometido quatro crimes, também esteve na reunião, mas o filho do ex-presidente ignorou o fato de Santos responder a acusações de corrupção, bem diferente de quando é com algum parlamentar de oposição.

“A gente vai ter algumas reuniões com autoridades americanas aqui e expor um pouquinho do que está acontecendo no Brasil. Conseguimos dezenas de assinaturas de senadores e deputados de uma carta que fala da liberdade de expressão, determinadas situações que estão acontecendo no Brasil que não combinam com Estado democrático de direito”, disse Eduardo em um vídeo nas redes sociais.

Questionado pelo Portal AM1 sobre o encontro com um parlamentar americano acusado de corrupção e a contradição em retóricas a favor da liberdade, da democracia, mas atacando o Supremo — guardião da Constituição e defendendo os acusados dos ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro, o deputado Alberto Neto se limitou a dizer que:

“Ele [George Santos] foi acusado e não condenado. Aqui nos EUA estão respeitando o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, diferente de muitos casos no Brasil recentes, mas não falamos apenas com ele, falamos com outros congressistas. Agenda na OEA [Organização dos Estados Americanos]”, disse.

Poder soberano

Para o professor e cientista político Ademir Ramos, a defesa da democracia se pauta no poder soberano, ou seja, quem tem. “Se o Brasil tiver algum problema democrático, como houve na tentativa do golpe de Bolsonaro no dia 8 de janeiro, somos nós que temos que resolver isso aqui, é o Congresso Nacional, é o Poder Executivo, é o STF. São as instituições democráticas republicanas que devem resolver, com aval do poder soberano popular”, afirmou.

Conforme Ademir, os parlamentares bolsonaristas agem contra a democracia brasileira e afrontam o Supremo Tribunal Federal.

“Isso, na verdade, representa uma tentativa de golpe, porque se qualquer nação do mundo, Israel, por exemplo, nesse momento, qualquer nação no mundo que tenha problema interno, Israel está com um problema interno e está atacando o Hamas. A Palestina tem um problema interno, tá buscando apoio externo para solucionar os seus problemas. Aqui, em vez de nós buscarmos apoio interno para solucionar nossos problemas, fortalecendo as instituições democráticas, ao contrário, o próprio bolsonarismo, através do Congresso Nacional, faz de tudo para afrontar o STF”, afirmou.

O professor avalia que os bolsonaristas fazem de tudo para confrontar o STF, de maneira que possa extinguir, aos poucos, a força do Poder Judiciário.

“O país tem problema em termos de democracia? Tem, mas conseguimos resolver o problema da tentativa do golpe bolsonarista. Isso mostra que as instituições democráticas brasileiras republicanas estão fortalecidas. O STF conseguiu debelar e combater a tentativa de golpe bolsonarista do 8 de janeiro, com todo processo de articulação com as instituições democráticas”, disse.

Em nome do pai

Para Ademir, o filho do ex-presidente Bolsonaro está agindo em nome de Bolsonaro, na tentativa de buscar um apoio de fora para dentro.

“Uma tentativa de golpe como agia anteriormente. Dessa vez, não é mais buscando apoio no Poder Executivo americano, como foi com o Donald Trump; dessa vez, é buscando apoio junto aos republicanos do parlamento americano. Isso é uma forma golpista de resolver o problema no Brasil — é o chamado ‘golpe branco’ – ao mesmo tempo, com aquela visão da década de 60, agachada ao imperialismo americano, naquela visão bem retrógrada, ao contrário, deveria se mobilizar cada vez mais para fortalecer o Congresso e, ao mesmo tempo, fortalecer o STF e as demais instituições democráticas desse país, numa perspectiva de democracia participativa, com poder soberano, com a sociedade civil organizada, com a transparência dos Poderes e, sobretudo, da questão do processo eleitoral brasileiro”, concluiu.

Além de Eduardo e Alberto Neto, os senadores Magno Malta (PL-ES) e Jorge Seif (PL-SC) e os deputados Altineu Côrtes (PL-RJ), Delegado Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO) estão na comitiva. Também esteve presente na viagem o comentarista Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo.

Garoto-propaganda

O filho do presidente aproveitou a viagem em pleno período tradicional de grandes promoções nos EUA para divulgar a marca de vinhos “Bolsonaro”. A empresa é brasileira, mas a maioria do produto é importado do Chile.

(Foto: Facebook/Eduardo Bolsonaro)

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