Manaus, 6 de maio de 2024
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Manaus, 6 de maio de 2024

Cidades

OAB-AM promete medidas contra promotor após advogada ser comparada à ‘cadela’

O episódio aconteceu na manhã desta quarta (13). O promotor nega as acusações e ganha apoio da Associação Amazonense do Ministério Público.

OAB-AM promete medidas contra promotor após advogada ser comparada à ‘cadela’

(Fotos: Reprodução/Instagram/Walber Nascimento/ Portal AM1)

Manaus (AM) – A advogada Catharina Estrela acusou o promotor de Justiça, Walber do Nascimento, de ofendê-la durante julgamento realizado na 3ª Vara do Tribunal do Júri do Amazonas nesta quarta-feira (13).
Segundo a advogada, “em mais de uma vez”, o magistrado a ofendeu, referindo-se a ela como uma “cadela”.
Ainda conforme a advogada, na primeira vez que o promotor a comparou ao animal, ela pediu ao juiz para constar a fala em ata. No entanto, a ofensa teve continuidade.
“A primeira vez que aconteceu e me resignei, eu fui ao juiz, constei em ata, pedi providências e foi devolvida a palavra ao Ministério Público, que continuou com as ofensas”, relata.
Ao Portal AM1, Catharina diz que o promotor quis manter as ofensas, pois acredita que, se ele tivesse pensado no calor da emoção [do julgamento], teria repensado em suas atitudes e pedido desculpas posteriormente, o que não aconteceu.
Estrela afirmou também que tomará providências para que o episódio não volte a se repetir. “As medidas que eu vou tomar são nas três frentes, administrativa, criminal e cível. Ele exerce um cargo público e deve responder por isso. Eu não gostaria que nenhuma mulher pudesse passar por isso. Nós somos cidadãos e me envergonha ter um promotor de Justiça que faça isso no plenário do júri“, enfatiza a advogada.
Na noite desta quarta, a Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas no Amazonas (ABRACRIM-AM) convocou a imprensa para anunciar as medidas que serão tomadas em favor da advogada.
“Vamos buscar responsabilidade da autoridade, será submetido, hoje, no conselho seccional, desagravo público que, se aprovado, será feita a leitura amanhã, na sede do Ministério Público. Soube que há outros episódios e vamos atrás de todos esses episódios que não foram comunicados à OAB [anteriormente]”, disse o presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB-AM, Alan Jhonny Fonseca.

Apoio

Em nota publicada nas redes sociais, a Associação Amazonense do Ministério Público (AAMP) apoiou o promotor Walber do Nascimento e afirmou que houve distorções por parte da advogada durante o julgamento, e que “em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele“.
Leia a nota na íntegra:
“A Associação Amazonense do Ministério Público – AAMP, entidade representativa de classe, que congrega Promotores e Procuradores de Justiça, por meio de sua Diretoria, vem a público apresentar seu total e irrestrito apoio ao associado e promotor de Justiça, Dr. Walber Luís Silva do Nascimento, ao tempo em que destaca a importância de sua atuação firme, urbana e técnica no plenário do Tribunal do Júri, especialmente na defesa dos direitos das vítimas de crimes em razão de gênero, e o desagrava pelas distorções produzidas pela defesa dos réus durante o julgamento, pois, em momento algum, houve, por parte do representante ministerial, a prática das condutas injustamente imputadas a ele”.
Nas redes sociais, Walber publicou a nota com um texto no qual afirma que possui 32 anos de carreira e “nunca foi demandado por ter ofendido ou destratado qualquer colega advogado”. Ele escreveu também: “não vou me curvar a tentativas, seja de quem for, de denegrir a minha conduta profissional“.
Mas, ao publicar a nota, outras advogadas saíram em defesa da colega e disseram que ele deveria, sim, pedir desculpas à Catharina, pois há provas registradas em vídeos gravados pela própria advogada. Outra profissional também afirmou que o promotor humilhou a colega e desdenhou da instituição quando disse: “pode chamar as prerrogativas”.

(Foto: Reprodução/Instagram/Walber Nascimento)

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