Manaus, 10 de maio de 2024
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Manaus, 10 de maio de 2024

Política

Omar diz que propostas de Bolsonaro para reduzir impostos ‘na maioria das vezes só beneficia empresários’

Omar disse que não basta reduzir o imposto, mas "é preciso verificar se os empresário donos dos postos de combustíveis irão repassara diferença na bomba para os consumidores"

Omar diz que propostas de Bolsonaro para reduzir impostos ‘na maioria das vezes só beneficia empresários’

Foto: Divulgação

O senador Omar Aziz (PSD-AM) disse, nesta terça-feira (7) ao AM1, que é favorável a toda e qualquer ação que venha diminuir os tributos no Brasil, porém, Omar disse que não basta reduzir o imposto, mas “é preciso verificar se os empresários donos dos postos de combustíveis irão repassar a diferença na bomba para os consumidores”.

O presidente Bolsonaro pretende zerar o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre diesel e gás de cozinha; reduzir o ICMS e zerar tributos federais sobre gasolina e etanol e compensar, ao menos em parte, os Estados pela perda de arrecadação.

“Na maioria das vezes só quem é beneficiado com esse tipo de redução são os empresários e não a população. Tem postos de combustíveis no interior do Amazonas que o óleo diesel está mais caro que a gasolina”, pontuou o senador, que afirmou ter a necessidade de fazer um planejamento mais eficaz e assegurar que o consumidor seja contemplado.

O senador Omar disse, ainda, que o presidente da República e o ministro da Economia, Paulo Guedes, são muito mais a favor dos empresários que do cidadão comum. Omar lembrou, novamente, o “golpe” que foi dado no Amazonas, quando Bolsonaro assinou o decreto que reduz o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), retirando com isso a competitividade da Zona Franca de Manaus com os demais polos industriais do país.

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Assim como Omar Aziz, o senador Humberto Costa (PT-PE) também tem suas desconfianças se o benefício chegará à população e lembrou que, quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, a gasolina custava R$ 4 e agora está mais de R$ 8 em algumas cidades brasileiras. 

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Porém, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pontuou que, como Casa da Federação, o Senado terá papel decisivo na discussão das propostas. Por meio das redes sociais, logo após o governo anunciar suas intenções, ele afirmou que está disposto ao diálogo e que o  Senado “está comprometido com a redução dos preços”. Também  defendeu a busca de um consenso para que tal objetivo seja alcançado. 

Os governistas Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Vanderlan Cardoso (PSD-GO) retuitaram mensagens do presidente da República, Jair Bolsonaro, em defesa de um possível acordo, que, segundo o governo, vai garantir o alívio no bolso da população.

“O presidente passou mais de três anos sem se incomodar com a alta do combustível. Agora, resolveu fazer um jogo de cena e prometeu baixar os preços, mas só por seis meses, no período eleitoral”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE).

O senador Jean Paul Prates (PT-RN), por sua vez, apresentou números. Segundo ele, se for zerado o ICMS sobre o diesel, o preço na bomba vai cair R$ 1 por litro. Já se forem zerados o PIS, a Cofins e a Cide na gasolina, a redução na bomba deve ser de R$ 0,69 por litro. 

Para ele, no entanto, a proposta é insuficiente, o  governo “está perdido” e não tem plano estratégico ou estruturante real para o setor. 

“Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes são teimosos pois não querem de fato mexer no preço dos combustíveis, mas somente disfarçar com desoneração de cunho eleitoreiro. Reduzir impostos indiretos é positivo mas insuficiente. Solucionar estruturalmente exige trabalho e inteligência”.

Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES) mostrou-se preocupado com a perda de arrecadação dos estados. “A reforma da cobrança de ICMS não pode prejudicar os entes federativos. Estou em constante diálogo com o governo capixaba e lideranças do Espírito Santo para evitarmos retrocessos. É pauta de interesse público que não pode admitir distorções de arrecadação”, avaliou no Twitter.

PROPOSTA

  • Gasolina e etanol: a intenção é que estados e DF apoiem o Projeto de Lei Complementar (PLP) 18/2022, que propõe um teto de 17% para o ICMS. O governo federal fará a parte dele derrubando a zero PIS/Cofins e Cide-Combustíveis. 
  • Diesel e gás de cozinha: os tributos federais já estão zerados, e o governo quer que os estados façam o mesmo em relação ao ICMS. Caso os governadores concordem, o valor que seria arrecadado em ICMS com as alíquotas a 17% será repassado aos governos locais pela União. 

A ideia inicial dos técnicos da área econômica do governo é manter as regras em vigor até 31 de dezembro deste ano, e limitar o ressarcimento aos estados em um valor entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões. Para ressarcir os entes federados, no entanto, será necessária a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição.

PLP 18/2022 – Define que combustíveis, assim como energia, transportes coletivos, gás natural e comunicações são bens essenciais e indispensáveis. Com isso, estados não podem  cobrar alíquotas de ICMS acima 17%. 

O relator no senado é Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que tem negociado mas enfrentado resistência dos governadores. A intenção do presidente Rodrigo Pacheco é levar a proposição diretamente ao Plenário sem passar pelas comissões.