Manaus, 5 de maio de 2024
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Economia

Para analistas, ano eleitoral testará regra fiscal

Ano político aponta para uma tendência de aumento de gastos, não por uma estratégia de política econômica, mas em busca de maior popularidade.

Para analistas, ano eleitoral testará regra fiscal

(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Brasil – A perspectiva de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 é mais baixa do que o avanço registrado em 2023, mas a composição será mais favorável, com recuperação dos investimentos, avaliaram economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) durante o 1.º Seminário de Análise Conjuntural 2024, realizado em parceria com o Estadão, nesta quinta-feira, 7, no Rio de Janeiro. A preocupação maior, porém, é com o cenário fiscal, sob pressão em ano eleitoral, que colocará à prova o arcabouço fiscal.

“A gente certamente tende a viver em 2024 um ano de mais calmaria. A tendência é a economia crescer”, afirmou Armando Castelar, pesquisador associado do Ibre/FGV. “A gente vê um certo otimismo sobre o crescimento, queda da inflação, queda dos juros. Mas, ao mesmo tempo que a gente tem essa calmaria e um cenário relativamente bom, a gente tem um risco da tempestade que está se formando para o ano que vem, ou um pouquinho mais à frente.”

Segundo o pesquisador, o ambiente de polarização política agrava a questão fiscal no País, por abrir espaço para uma tendência de aumento de gastos, não por uma estratégia de política econômica, mas em busca de maior popularidade.

Assim, o arcabouço fiscal será testado nos próximos meses, em meio a um cenário de expansão dos gastos já em curso, ressaltou Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV. O boletim da FGV prevê avanço de 1,5% no PIB em 2024, após elevação de 2,9% em 2023, com avanço de 3,4% nos investimentos, após retração de 3% em 2023.

Juros

Ao Banco Central, não resta alternativa que não seja manter a taxa de juros em patamar acima do juro neutro, afirmou o economista José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV. “Não consigo pensar em nenhuma outra coisa que não seja o Banco Central manter a política monetária contracionista, acima do juro neutro.”

Segundo Senna, uma taxa de juro terminal (ao fim do ciclo de cortes) de 9% “não dá conta” do desafio. O pesquisador aposta em taxas entre 9,5% e 9,75%. “Não basta levar a inflação para a meta, tem de mantê-la na meta.”

(*) Por Daniela Amorim (Estadão Conteúdo)

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