Manaus, 28 de março de 2024
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Cenário

Parte da CMM resiste em acabar com as sessões híbridas: ‘neste ano não adianta’

Na ocasião, os parlamentares deram opiniões diferentes e um deles defendeu a normalização das atividades somente em 2022

Parte da CMM resiste em acabar com as sessões híbridas: ‘neste ano não adianta’

Foto: reprodução

Manaus, AM – Trabalhando em sistema híbrido desde março de 2020, os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) disseram ao Portal Amazonas1, nesta segunda-feira (29), se são a favor ou contra o fim das participações virtuais nas sessões plenárias. Na ocasião, os parlamentares ouvidos pela reportagem deram opiniões diferentes e um deles defendeu a normalização das atividades somente em 2022.

O vereador Amom Mandel (Podemos), que muitas vezes participa das sessões de forma virtual, se posicionou a favor do retorno presencial, mas, para ele, deve ser exigido dos parlamentares o cartão de vacinação.

“Desde que seja cobrada a carteira de vacinação de todos os vereadores. E isso não tem sido cobrado atualmente, sou a favor de voltar às sessões totalmente presenciais. No entanto, é preciso cobrar a carteira de vacinação, álcool em gel e temperatura, e não tem nada disso aqui na Câmara”, disse Amom.

Já o professor Samuel (PL) se posicionou a favor da extinção das sessões híbridas; porém, somente para 2022, visto que 2021 já está no final. Segundo ele, faltam poucos dias para os trabalhos na CMM chegarem ao fim e agora não adianta mais.

“Eu acredito que isso aí é uma questão que é necessário [sic] ser decidido para o ano que vem, 2022, ano que vem começar sem sessões híbridas, num processo normal de presença em 2022. Neste ano, não adianta, agora eu querer, faltando pouquíssimas sessões, que as pessoas venham apresentar, mesmo porque estamos no final, findando este ano, e os projetos estão sendo todos já sendo votados. E não seria interessante apresentar projeto agora, acredito que pode apresentar, mas o interessante é você se preparar para 2022, fazendo tudo aquilo que você se planeja para o ano que vem, e este ano a gente terminar como está”, afirmou.

Leia mais: Com Manaus de volta ‘ao normal’, vereadores ainda trabalham em sistema híbrido

“Eu sempre estive presente, assim que foi possível estar presente. Sou favorável que o vereador esteja presente no seu horário de trabalho. Mas ‘bater’ agora que não pode (sessão) híbrida no último mês, então eu acredito que, meu voto com relação a isso é para que 2022 todos sejam obrigados a estar presentes. Agora, este ano, não! Deixa como está”, continuou.

Para o vereador Marcel Alexandre, o ideal é a CMM obedecer e seguir as ordens dos órgãos de saúde, como a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). O parlamentar levou em consideração a nova variante Ômicron, identificada no continente africano, nos últimos dias.

“A Câmara deve seguir o ordenamento que as instituições têm. Se a gente ainda está com recomendações e vedações para preservação do cidadão, isso deve ser mantido, a Câmara não pode se sobrepor a isso. Vai que essa variante Ômicron dá destaque de novo, e aí suspende tudo de novo, e aí, como que fica? Acho que deve tomar cuidado”, disse.

SEM QUÓRUM

Desde que a série de sessões híbridas iniciou, a CMM teve problemas com falta quórum para as reuniões. Hoje, inclusive, alguns parlamentares não estavam presentes no momento em que deveria ocorrer votação de projetos de lei. A situação gerou debate entre os vereadores. Mas, segundo Marcel Alexandre, o sistema híbrido não está gerando nenhum problema.

“Os vereadores têm participado ativamente, não estamos tendo problema nenhum. O número de vereadores que participam via internet é muito pequeno.  E a maioria está no plenário, então, deve seguir o ordenamento da Fundação de Saúde do Amazonas, com o Governo do Estado […] Se tirar do sistema híbrido, significa que vamos estabelecer a ordem normal na Câmara Municipal. Então, as pessoas vão ter pleno acesso, podem vir as frentes fazer as manifestações aqui. Se é para liberar, libera tudo. Se é para ter cuidados, é para ter o todo de cuidado”, disse.

Na tribuna nesta segunda, o vereador Sassá da Construção Civil (PT) pediu, mais uma vez, o fim do sistema remoto e solicitou a votação de um projeto para extinguir totalmente a opção de participação virtual. Para o parlamentar, todos são iguais e não é justo com a população.

“Eu quero que bote a votação aqui hoje. Nós todos temos direitos, todos somos trabalhadores. Mas não é justo nós estarmos gastando gasolina todo dia para ir a canteiro de obras, ir em fábricas, ruas, fiscalizar, cobrar, e alguns vereadores ficarem em casa só on-line, bota a foto deles lá e fica olhando. Ninguém nem sabe se ele está lá […] Os comércios já abriram totalmente, a Justiça já abriu, muitos cantos já abriram, por que que aqui não pode ter 100% também? Então vamos votar hoje. Quem não puder vir, faça um documento pedindo afastamento da Câmara, pedindo atestado médico […] Mas chega de uns achar [sic] que é melhor, somos todos iguais”, disse Sassá, em tom de revolta.

Contrário ao sistema desde o início, o vereador Rodrigo Guedes (PSC) classificou como ‘vergonhoso’ a CMM ainda continuar com a ‘regalia’ do sistema híbrido, enquanto o resto da população trabalha normalmente.

“Todo mundo trabalhando, a população trabalhando, tendo que ir para o seu trabalho, e aqui, vereadores que não têm nenhum risco de saúde pública [..] terem essa mordomia, essa regalia e esse privilégio que o resto da população não tem. Já falei várias vezes aqui no plenário, tinha que acabar inclusive no primeiro semestre, meados de maio. É vergonhoso, sinto vergonha em estar num ambiente que só tem dez ou doze vereadores, e todo mundo registrando presença virtual. É vergonhoso para a Câmara!”, disse.

À reportagem, o vereador Diego Afonso (PSL) se posicionou a favor do fim das sessões virtuais, mas se mostrou preocupado com a nova variante Ômicron. Segundo ele, é necessária uma análise e que o melhor seria manter o sistema remoto.

“Eu sou a favor de voltar ao normal. Eu já atendo, inclusive, na medida do possível, com essa portaria da administração dessa atual Mesa Diretora. Mas, nós estamos diante de uma variante, quarta variante poderosíssima. Nós vamos discutir, amanhã, o orçamento para o Réveillon, para o Carnaval do ano que vem, os impactos financeiros serão terríveis. Se nós vamos discutir isso, não cabe agora voltar ao normal. Nós já aprendemos a trabalhar remotamente”, disse.

“Acho que não é o momento para agora, se ainda não temos estudos e eficácia, a gente tem que lutar para que a população realmente se vacine, para que de fato a gente não tenha que voltar a ficar na forma híbrida ou ter que cancelar todos os grandes eventos, que serão prejudicados, com toda certeza, a cadeira econômica na cidade”, continuou.

O mesmo assunto foi debatido pelos parlamentares na semana passada e, na ocasião, o vice-presidente da CMM, o vereador Wallace Oliveira, destacou que o presidente da Casa, David Reis, já está tratando e iria “no momento exato” estabelecer o fim das sessões híbridas.

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